Torneio dos Campeões
Contest of Champions, ou Torneio dos Campeões no Brasil na saudosa revista Heróis da TV (nº108), foi uma mini série em 3 edições da editora Marvel Comics que pode se considerar como a pioneira dos grandes eventos no aspecto de reunir todos os heróis da editora (abrindo caminho para, entre outros, edições como Guerras Secretas). Para além disso, ainda ostenta o título de ter sido a primeira Limited Series da Marvel, mas esse título podia nem ter sido alcançado já que esta história não foi pensada para ser publicada numa mini-série. Por Hugo Silva
A História:
Segundo Tom DeFalco, na introdução do TPB que compila a mini-série e os anuais dos West Coast Avengers (Vingadores da Costa Oeste) que anos mais tarde “arrumaram” as pontas soltas deixadas no final da mini, esta história destinava-se somente a ser publicada numa única edição como um Tie-in com os Jogos Olímpicos de 1980 numa edição da Marvel Treasure Collection (uns livros gigantes que a Marvel por vezes publicava em ocasiões especiais).
Mark Gruenwald, Bill Mantlo e Steven Grant foram os responsáveis pelo plot da história que teve a arte entregue a um jovem de seu nome John Romita Jr com a arte final ao cargo de Pablo Marcos. Isto em 1979, o problema foi que no ano seguinte os Estados Unidos da América boicotaram as Olimpíadas e por isso deixou de fazer sentido uma edição do género e a revista foi cancelada.
Mas o arte-finalista completou o seu trabalho e em 1981 chegou ao escritório do editor Tom DeFalco e o seu assistente Gruenwald e perguntou quando é que receberia o resto das páginas para colorir. O anterior argumentista da história em questão viu logo as potencialidades da mesma e foi pedir autorização ao Editor Chefe de então, Jim Shooter, para realizar a mesma mas agora numa série limitada em 3 partes. Mark chamou então o seu antigo parceiro Bill e o desenhista John Romita Jr. que também subiu a bordo e começaram a fazer os ajustes para transformar aquilo que iria ser uma única história numa mini série de três edições.
Foi então que detectaram um grande problema, muita coisa tinha mudado no Universo Marvel entre aqueles 2 anos, novas personagens haviam sido criadas, havia uniformes que tinham sido mudados e havia equipas com membros diferentes e para ajudar nessas mudanças todas chamaram o competente Bob Layton que entretanto acabou por também entrar nos créditos da revista. Mesmo depois de tudo realizado e a revista publicada os problemas ainda não tinham terminado, apesar de na história se escrever que um dos participantes tinha ganho, O Grandmaster, a verdade é que o torneio terminou empatado.. mas nada disso impediu que fosse uma história bem divertida e um marco para tudo e todos.
A Revista:
A revista começa mostrando os Vingadores exercitando-se numa sala de treinamento especial com um convidado especial, o ex-Vingador Fera. Depois de um diálogo entre todos e um desafio lançado pelo mutante, em como conseguia evitar ser apanhado pela equipa durante um minuto, a mesma desaparece sem razão aparente. É então lançado o mote para as próximas páginas que mostra os diversos heróis a desaparecerem em pleno ar indo desde os Super Soldados Soviéticos à Tropa Alfa, do Homem-Aranha ao Punho de Ferro ou mesmo desconhecidos de diversas nacionalidades (de relembrar que isto era suposto ser ligado aos Jogos Olímpicos) como heróis Chineses, Irlandeses, Árabes, etc.
A arte de Romita JR deixou a história ainda mais empolgante, a sua arte ainda não tinha o seu traço particular e apresentava um ar + clássico, facto esse acentuado de certeza pelos seus arte finalistas mas que deixou um ar bastante heróico e imponente em todos os desenhos que ajudou a dar importância à saga. A imagem de todos os heróis reunidos num único espaço era mesmo algo imponente, e raro naquele tempo, e por isso a imagem tinha que ser numa página dupla tentando mostrar o máximo possível de personagens nessa mesma página.
Seguem-se mais umas de modo a apresentar alguns dos heróis e heroínas individualmente e o mote está dado para que apareçam os responsáveis desta situação toda. Afinal tratava-se de 2 seres cósmicos com poderes enormes à sua disposição, o Grande Mestre e o Desconhecido.
É dada então a explicação para o jogo em questão, o Mestre quer ressuscitar o seu irmão falecido, o Coleccionador, e para isso precisa ganhar um jogo que consiste em duas equipas de 12 super-heróis cada que partem em busca de quatro partes de um globo que quando reunidas dão ao Desconhecido a possibilidade de trazer o outro ser cósmico dos braços da Morte. Quanto ao Desconhecido oferece à sua equipa a promessa que prolongará a vida do Sol, a nossa estrela principal, e assim prolongando também a vida do nosso planeta.
As equipas são divididas em grupos de 3 de modo que cada grupo procurasse uma parte do globo que se encontrava em partes tão diversas do Planeta como o Pólo Norte ou uma selva na América do Sul. Os combates não eram muito longos, e em alguns grupos era criado alguma rivalidade entre os membros da mesma equipa como por exemplo no grupo que incluía o Árabe e a Israelita. Existiram alguns confrontos interessantes como o do Pantera Negra com o Wolverine em que o segundo estava mais empolgado durante o combate que o primeiro.
Mais uma vez a arte de Romita ajudava muito nestes combates, e os diálogos eram bem característicos das personagens envolvidas por isso essa parte estava bem feita. No final de tudo mostra-se como afinal o Desconhecido era na verdade a Morte e que a mesma para ressuscitar o outro ser precisava de uma energia vital de um ser semelhante ou seja do Grande Mestre. Bela forma de vencer..
Mas a verdade é quer nos EUA quer no Brasil a história foi bem recebida e foi se calhar por isso mesmo que mais tarde começaram a surgir outras mini-séries que entretanto abriram espaço às maxi-séries e eis que agora temos uma grande saga por ano quando não duas ou três. O impacto no entanto já não é o mesmo e tornou-se algo banal ver tanto herói junto unido em torno de um inimigo comum. Esta história apesar de básica na premissa é uma excelente diversão, uma pedrada no charco e que a excelente arte e os bons diálogos ajudam a ser bastante agradável na leitura.
Nota 9 em 10.
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.