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Sagres: Descobrimentos Portugueses com bússola oriental

Sagres
Sagres

De velas içadas, o Central Comics lançou-se à descoberta em Sagres e descobriu uma divertida aventura com grande precisão histórica.

Sinopse de Sagres

Em 1480, vestes a pele de Frenando, um marujo acabadinho de sair da escola de navegação de Sagres e a tua tarefa é desvendar o misterioso desaparecimento do pai da tua melhor amiga, enquanto exploras o mundo e vives muitas aventuras.

Desenvolvido por Ooze e distribuído pela Kakehashi Games, Sagres foi lançado a 19 de setembro de 2023.

Exploração.

Análise de Sagres

Andava de olho em Sagres desde 2022, acima de tudo, pela curiosidade que este jogo com temática portuguesa me despertou. Para minha surpresa, descobri que a misteriosa equipa de desenvolvimento (Ooze — desenvolvedor individual?) e a editora são, afinal, japoneses, de modo que o meu entusiasmo acabou por esmorecer um pouco ao começar a imaginar: «Pronto, lá vão meter o CR7 a descobrir o Brasil a nados…». Estava redondamente enganado em todos os aspetos. Sagres tem uma componente histórica que, não sendo profunda, é fiel à realidade e vem servida num divertido jogo RPG de exploração.

Não estou seguro de que o loop de Sagres consiga convencer a se repetir o jogo, ou até prender a maioria durante centenas de horas, mas tenho a certeza de que tive uma experiência agradável e escrevo este artigo com um sorriso no rosto. Digo isto porque, embora considere que tenha a capacidade para o apreciar, não integrarei o público-alvo ideal deste jogo, que me parece mais dirigido a um público juvenil/jovem adulto, um pouco na linha dos clássicos Carmen Sandiego.

Competências e idiomas.

História de Sagres

Em Sagres, vivemos as aventuras de Fernando, um jovem português acabado de sair da escola de navegantes de Sagres e pronto para se aventurar pelo mundo fora. Entretanto, reencontra Lucia, a sua melhor amiga de infância e herdeira do navio do pai que, tal como muitos pais do século passado que saíam para ir comprar tabaco, sumiu sem deixar rasto. Lucia convence-nos a controlar o navio e a ajudá-la a desvendar o misterioso desaparecimento. Porém, tanto Fernando como Lucia são apenas marinheiros de água doce e precisam da ajuda de Nicolau, um velho camarada ao serviço da Ordem dos Navegantes que se junta à nossa tripulação.

A partir daqui, cabe-nos decidir, mais ou menos, as aventuras que queremos viver. Mais ou menos, porque o jogo não é sandbox e tem narrativas pré-definidas, sendo a principal a investigação do desaparecimento de D. António, pai de Lucia.

Não querendo aprofundar mais a narrativa central nem as missões secundárias para evitar spoilers, acrescento apenas que todas estas são acompanhadas por uma precisão histórica muito bem-vinda e educativa, não só pelo que toca a Portugal e aos Descobrimentos, como ao resto do mundo, já que o jogo nos propõe isso mesmo: explorar o mundo e aprender sobre todos os locais que visitamos.

História e Geografia.

Jogabilidade de Sagres

Em Sagres, a principal missão consiste em investigar o desaparecimento de D. António através de pistas e conversas com outros personagens e instituições espalhados pelo mundo inteiro, que nos cabe visitar. Para tal, precisamos de ferramentas capazes de fazer frente aos perigos que o vasto mundo encerra, como piratas, monstros marinhos e muito mais. Temos de ir melhorando e trocando de navios, modificar as características destes, contratar tripulação e navegadores para podermos lidar com as ameaças com que nos vamos deparando.

O design de jogo de Sagres, ao verdadeiro estilo do género RPG, coloca-nos a cumprir missões secundárias que nos permitem melhorar o equipamento e evoluir as nossas competências de forma a podermos perseguir o objetivo central. Estas missões, obtidas tanto através da Ordem dos Navegantes como da Coroa, consistem maioritariamente em explorar locais desconhecidos e são uma forma muito lúdica de aprender um pouco mais sobre geografia. Para concluirmos as missões, temos de ultrapassar vários minijogos que acrescentam sabor à experiência global de Sagres. O combate é muito básico e consiste num jogo de pedra, papel, tesoura. Contudo, a mecânica que mais me inclino a elogiar, é a de apenas falarmos um número limitado de idiomas e de termos de contratar membros específicos para a tripulação que falem os idiomas dos locais que queremos visitar. Caso contrário, os textos de cada zona são-nos vedados e é-nos impossível saber o que fazer.

Ainda assim, jogabilidade de Sagres, a meu ver, é uma espécie de pau de dois bicos: se, por um lado, o loop e as mecânicas são divertidos, por outro, tornam-se repetitivos e, no meu caso pessoal, acabam por matar o interesse em regressar ao jogo. Por exemplo, a forma de navegar começa por ser divertida, mas, ao fim de algum tempo, torna-se aborrecida e deixa de ser agradável navegar durante longas viagens, em que temos de parar em vários portos para entrar nos mesmos menus e repetir as mesmas escolhas vezes sem conta.

Minijogos.

Gráficos e som de Sagres

Os gráficos são bons, seguindo um estilo de animação animé minimalista, com uma palete de cores acertada. Em termos visuais, diria que esta foi a escolha correta para a forma como Sagres está desenhado.

A música é bastante agradável e também é indubitavelmente um ponto positivo no jogo.

Combate.

Postas de pescada e um par de botas

Apesar de não me ter conseguido agarrar mais do que cerca de 5 horas, penso que Sagres é um bom jogo e o meu desinteresse acaba por resultar mais do meu gosto pessoal do que do jogo em si. Posto isto, tenho alguma curiosidade me acabar a história e não o vou desinstalar para ir voltando ao leme esporadicamente e ver se chego ao final da rota.

É curioso que, há relativamente pouco tempo, experimentei um jogo que me parece perfeito para quando o meu filho se começar a aventurar nos videojogos. Nesse caso, a temática era Programação, aqui, é para brilhar nas aulas de História e Geografia.

+++

Precisão histórica, cultural e geográfica e algumas mecânicas originais.

Falta de valor de repetibilidade e, paradoxalmente, algumas mecânicas repetitivas.

Descobertas.

Classificação: 7/10

O primeiro valor que escrevi acima foi de 7,5. Após confirmar o preço de 19,50 € a que Sagres está disponível no Steam, alterei-o para 7. Mais que 15,00 €, no máximo, por este título, parece-me demasiado.

Para terminar, fica a dica indispensável: não, este jogo não se bebe nem vem com uma «litrosa» incluída.

Plataforma testada: PC

Trailer de Sagres:

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