Ronda de análises para PC: Yomi 2, Hope’s End, Troublemaker e City of Beats
Testámos 4 novos jogos disponíveis para PC. Vejam o que achámos de: Yomi 2, Hopes’s End, Troublemaker e City of Beats.
Yomi 2 (PC)
O primeiro jogo desta ronda de análises para PC transmitiu-me uma sensação semelhante a quando vou a uma discoteca hoje em dia e me apercebo imediatamente de que a minha faixa etária não se encaixa ali — Yomi 2, distribuído pela Hawthorn Games, pareceu-me muito mais adequado para jogo móvel do que para PC.
Não conheço o primeiro capítulo desta série, lançado há cerca de uma década, de modo que tive a oportunidade de experimentar Yomi 2 como uma novidade. Yomi 2 é um jogo de lutas com cartas, ou seja, uma espécie de Mortal Combat misturado com Uno, não sendo a vertente de deck building propriamente central. Cada personagem tem as suas próprias cartas e combinações únicas, que podem anular ou ser anuladas pelas cartas do adversário, consoante a estratégia usada. Além disso, complementamos os nossos poderes com boosts gerais, divididos por cores. Porém, a diversidade pareceu-me muito limitada, com alguns dos poucos personagens a assumirem especificamente a tendência para uma estratégia, enquanto outros se apresentam como mais imprevisíveis, mas não tão especializados. Quanto a isto, há que destacar que, apesar de a equipa de desenvolvimento parecer estar bem ativa no desenvolvimento do jogo, este foi lançado em acesso antecipado, o que pode ajudar a explicar ter-me parecido demasiado despido.
Tenho também de revelar que todas as mecânicas me pareceram confusas — não por serem complexas e profundas, mas sim extensas. Resumindo num ditado muito português: a m**** é a mesma, só muda o cheiro (neste caso, a cor). Este não é um jogo ao estilo dos grandes clássicos, como Magic: The Gathering, em que temos de construir o nosso baralho consoante uma estratégia global. Em Yomi 2, a mecânica resume-se mais a tentar antecipar o que o adversário vai fazer para conseguirmos anulá-lo, numa base jogo a jogo. Pela sua natureza, Yomi 2 parece-me um jogo ideal para PvP em telemóvel, embora exista a possibilidade de jogar a solo no modo carreira, o que deixa muito a desejar pela pouca imersão que proporciona…
No campo dos gráficos e do som, o jogo destaca-se pela bonita arte e forte palete de cores, com animações muito bem conseguidas — fossem estas acompanhadas por uma jogabilidade mais apelativa, teríamos aqui uma pérola. O som e a música estão uns furos abaixo do nível dos gráficos, mas também acrescentam pontos à classificação do jogo.
No geral, Yomi 2 é um jogo simpático, mas, na minha humilde opinião, está muito longe dos 24,50 € pedidos no Steam. É verdade que os combates são divertidos, mas depressa se tornam repetitivos, criando um conflito com a própria forma como o jogo está montado, que exige que joguemos algum tempo até aprender os personagens. Talvez com o muito conteúdo que o jogo vai receber da Sirlin Games, as coisas melhorem — o potencial está lá.
Classificação: 6/10
Hope’s End (PC)
O género de tower defense para PC é como a minha namorada — conheço por dentro e por fora, e já experimentámos quase tudo, mas quando veste uma nova lingerie, consegue dar um lamiré de inovação. Neste caso, a renda de Hope’s End assume a forma de um toque de arcade e a promessa que há mais por vir. Ao assumirmos o controlo de uma base espacial, cabe-nos defender o nosso território de hordas infinitas de inimigos alienígenas. Na versão gratuita, temos duas fações ao nosso dispor, cada uma com as suas próprias características, com outras disponibilizadas através de DLC.
A jogabilidade é relativamente simples, sendo que o twist do jogo para o género de tower defense é que… não há torres! Em vez disso, temos uma série de poderes que temos de utilizar ao clicar, com a limitada energia que possuímos, nos percursos existentes para afastar as hordas o mais tempo possível e matar o maior número de inimigos que conseguirmos. A sugestão de repetibilidade assenta na vertente roguelike/score attack, em que o nosso objetivo é melhorar de ronda para ronda. Confesso que não me cativou o suficiente para jogar mais que cerca de 10 jogos.
Os gráficos e o som são simples, mas bem conseguidos no objetivo de emular um clássico visual arcade futurista dos anos 80.
O facto de se tratar de um título gratuito (com DLC pagos) não impede Hope’s End, da Explorer’s Guild Games, de ser um jogo divertido, além de acrescentar necessariamente pontos à classificação. Talvez mais adequado para os fãs do género que queiram aumentar a sua biblioteca e não tanto como jogo de entrada no género.
Classificação: 6,5/10
Troublemaker (PC)
Prosseguimos para a escola secundária, mais precisamente, para Troublemaker. Desenvolvido pela Gamecom Team e distribuído pela Freedom Games, Troublemaker é um RPG de ação e lutas com muito humor e em que podemos criar o nosso gangue do liceu. O jogo mete-nos no papel de Budi, um jovem problemático que, para tentar melhorar o comportamento, é transferido para uma escola onde há de tudo, desde torneios de luta até tarefas que dão dinheiro por fora, exceto aulas.
O primeiro aspeto que me ocorre mencionar é que, embora o tenha testado em PC, este é um jogo praticamente pensado apenas para controlador, e não para teclado e rato. Apesar de também se conseguir jogar sem controlador, é mais ou menos como comer sopa com um garfo — até dá, mas sentimos que se perde alguma coisa. De resto, a jogabilidade está satisfatória, com um sistema de combate divertido e, à primeira vista, diversificado, mas que acaba por se tornar repetitivo pelo baixo nível de dificuldade e pela previsibilidade da IA.
Os gráficos são bons e bem trabalhados, embora não me pareça que vençam algum prémio. Apesar do animé, o mundo podia transmitir uma sensação de estar mais vivo e os recursos poderiam ser mais detalhados. Quanto ao som, o jogo destaca-se pela positiva, com uma banda sonora poderosa e sons a acompanhar a ação quase na perfeição.
Os 19,99 € parecem-me adequados para aquilo que o jogo oferece, apesar de pensar que o jogo me parece meio despido. Troublemaker parece-me um jogo ideal em promoção para fãs de RPG de ação, apresentando-se como leve e bem-disposto.
Classificação: 7/10
City of Beats (PC)
Encerro esta ronda de análises para PC ao ritmo dos roguelikes/roguelites de ação. Em City of Beats, desenvolvido pela Torched Hill e também distribuído pela Freedom Games, enfrentamos uma série de níveis com obstáculos cada vez mais difíceis e armadilhas que podem acabar connosco num ápice. Até aqui, tudo normal, mas o que destaca este jogo da concorrência é a forma como integra a música e o ritmo na jogabilidade.
Jogado com vista em terceira pessoa, City of Beats é relativamente fácil de aprender e muito divertido de jogar, não só com o som, mas com a música e o ritmo também. Armas, movimentos, ações, inimigos e bosses contribuem todos para uma jogabilidade que parece sempre frenética em níveis bem desenhados. Contudo, não posso deixar de mencionar o defeito que, quase invariavelmente, acompanha os roguelikes/roguelites: o rogo torna-se algo repetitivo após algum tempo.
Os gráficos cumprem muito bem o proposto pelo conceito cyberpunk futurista do universo de City of Beats, a remeter muito para Blade Runner, através de uma palete de cores com uma saturação excelente nos néons e no mundo em geral, compensando amplamente a simplicidade dos modelos. Quanto ao som, na minha opinião, 10 em 10. Não posso dizer que seja propriamente fã de música eletrónica, mas esta banda sonora está espetacular, especialmente tendo em conta que o jogo nos dá a sensação de estarmos ativamente a participar nela.
É verdade que é um bom jogo, mas a 19,99 € no Steam, City of Beats está, na minha opinião, acima daquilo que devia (e com menos meio ponto na classificação), de modo que talvez o ideal seja esperar por uma promoção.
Classificação: 7/10
Para terminar, fica a dica indispensável: não se preocupem, a minha namorada não lê estas coisas!
Plataforma testada: PC
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!