Propaganda, de Joana Estrela, regressa em nova edição e em português

A obra Propaganda, de Joana Estrela, está de volta com uma nova edição integrada na coleção Mercantologia, dedicada à reedição de materiais raros do universo dos fanzines.

Este é o 21º volume da coleção, editado por Marcos Farrajota e publicado pela Associação Chili Com Carne, assinalando o regresso de um livro inicialmente lançado em 2014 pela Plana Press.

PVP: 12€

Um regresso às origens dos zines

Propaganda é uma obra que reflete a estética e a liberdade criativa dos fanzines, um meio de expressão artística que tem desempenhado um papel fundamental na cena independente. A primeira edição, publicada há mais de uma década, foi inteiramente redigida em inglês e contou com uma reedição feita pela própria autora. Agora, esta nova publicação mantém o espírito da versão original, permitindo a um novo público redescobrir a obra.

Design e novos conteúdos

O design do livro foi cuidadosamente replicado da edição original, concebida por Luís Camanho e Ana Isabel Carvalho, mantendo a sua identidade visual distinta. Além disso, a obra inclui um excerto traduzido do prefácio da primeira edição, escrito por Anna Shepperd, e um novo prefácio assinado por Paulo, da Livraria Aberta.

A nova edição de Propaganda reafirma o compromisso da Associação Chili Com Carne com a preservação e divulgação de publicações alternativas, trazendo de volta um trabalho que continua a ser relevante no panorama artístico contemporâneo.

Prefácio:

A melhor sinopse foi feita por ti, perto do fim do livro: a pessoa que não sabe o que dizer tem uma t-shirt que diz por ela «I Survived Baltic Pride 2013». Melhor para mim, então, que já não tenho de o resumir, até

porque um livro de 2014 reeditado em 2025 traz com ele mais história do que apenas a do ano letivo de voluntariado na Lithuanian Gay League.

Do ativismo, como não raro de eventos culturais, só tende a ficar uma vaga memória coletiva ou, pior, uma frase numa cronologia. Lembramo-nos dos anos, das causas e das grandes conquistas, quando as há, mas não do cartaz que desenhaste ou das reuniões noite dentro. A não ser, claro, na história oral das pessoas envolvidas. Quantas feiras de livros e exposições e ciclos de cinema e conversas e grupos mais ou menos

informais se vão fazendo e desfazendo ao longo dos anos, como uma linha descontínua da energia que cada pessoa a cada momento conseguiu dar? É que, como sublinhas aqui, a história do movimento é a história de quem faz o movimento. E a história é lenta.

Quando voltas a Vilnius para apresentar o Propaganda, na sua versão original em inglês pela Plana Press, fazem-te uma entrevista para o site da LGL. Perguntam-te sobre literatura portuguesa e ativismo LGBTQ. Entre outras coisas, respondes que «this is the first comic book that is more specific on the subject to be published in Portugal». Uma década depois, isto ainda é verdade.

Paulo