Oscars 2024 com novas regras e títulos previsíveis
Em setembro de 2020 a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou as novas regras para um título ser nomeado ao Oscar para melhor filme. Ora as novas regras aplicam-se na próxima edição dos prémios mais importantes da indústria da 7ª Arte.
Assim sendo, vamos esmiuçar os novos critérios e antecipar alguns dos títulos que poderão ser dos mais mencionados na próxima cerimónia dos Oscars.
Depois de críticas ao longo de anos devido à falta de diversidade entre os nomeados, e que deram origem a movimentos como #MeeToo ou #OscarsSoWhite, a Academia inspirou-se nos padrões de diversidade usados pelo British Film Institute para ajudar a decidir quais os projetos que recebem financiamento e determinar a elegibilidade para certas categorias nos prémios BAFTA.
As reformas de elegibilidade para a categoria de melhor filme têm como objetivo incentivar a diversidade e a representação equitativa no ecrã e fora dele, abordando género, orientação sexual, raça, etnia e deficiência.
Existem quatro amplas categorias de representação: no ecrã; a equipa; no estúdio; e em oportunidades de ensino e avanço em outros aspectos do desenvolvimento e estreia do filme.
Para serem considerados para o Oscar de melhor filme, os filmes terão que responder a dois dos quatro novos padrões.
É exigido que os filmes:
– incluam membros de minorias, como negros ou latinos, em papéis de protagonistas ou secundários, ou 30% do elenco composto por grupos pouco representados;
– que as produções incluam membros de grupos pouco representados, como mulheres ou pessoas com deficiência, em cargos de liderança ou 30% da equipa geral seja formada por membros destes grupos;
– proporcionem cargos de estágio remunerado ou de ensino para membros de grupos pouco representados nos estúdios, distribuidoras e produtoras, para além de oportunidades de desenvolvimento de habilidades e de ensino para membros destes grupos em cargos menores na equipa de produção;
– incluam cargos de liderança nos estúdios e/ou produtoras preenchidos por membros de minorias ou grupos pouco representados nas equipas de marketing, distribuição e/ou publicidade.
Nas últimas duas edições dos Oscars, para colocar as novas medidas em prática, a Academia obrigou os estúdios a preencher um formulário e incluí-lo com a outra documentação de candidatura ao prémio de melhor filme.
Agora, as regras serão decisivas para que o filme seja nomeado.
Na prática, com as novas regras, um filme sobre dois soldados britânicos no norte da França durante a Primeira Guerra Mundial, 1917, podia ser enviado à Academia em todas as categorias, excepto para melhor filme.
1917 é um exemplo de como os novos padrões se aplicariam: apesar de não se qualificar para a categoria pela falta de diversidade em papéis principais, poderia facilmente qualificar-se em dois dos quatro critérios exigidos: ou seja, seria elegível na exigência de liderança criativa e chefes de departamento e de outras funções importantes.
Dado as origens de Sam Mendes, do argumento ter sido co-escrito por Krysty Wilson-Cairns; bem como de Naomi Donne ser a chefe do departamento de maquilhagem, Rachael Tate como editora de som e Pippa Harris e Jayne-Ann Tenggren como produtoras. 1917 venceu 3 Oscars em 2020, e esteve nomeado a melhor filme.
A Academia não diz como os filmes devem ser feitos, apenas pede que, seja reunida uma equipa de confiança e seja oferecido conhecimento à próxima geração e aos grupos sub-representados. E que o mesmo aconteça na hora de distribuir o filme.
A corrida para a 96ª edição dos Oscars já arrancou.
E os primeiros títulos já se alinham na maratona de prémios cinematográficos que culmina na noite mais longa de Hollywood, em data a definir em 2024.
A estreia mundial de Air, no passado fim-de-semana, trouxe uma confirmação: o novo filme sobre a história da Nike e da parceria de sucesso com Michael Jordan é um dos nomes mais promissores para os próximos prémios do cinema. Ben Affleck regressa atrás e na frente das câmeras.
Killers of the Flower Moon é das apostas maiores para a próxima edição dos prémios de Hollywood.
Realizado por Martin Scorsese, o filme conta com Leonardo DiCaprio, Robert De Niro e Jesse Plemons nos principais papéis.
O início de uma grande investigação do FBI, que envolve J. Edgar Hoover., é dos nomes maiores do ano e é uma produção da Apple TV.
Sofia Coppola estreia Priscilla, a história de Priscilla Presley, esposa de Elvis. Priscilla é interpretada por Cailee Spaeny e Jacob Elordi interpreta Elvis. Estão reunidos muitos elementos que a Academia costuma apreciar!
Asteroid City é o novo filme de Wes Anderson. O elenco inclui Margot Robie, Tom Hanks, Hong Chau, Scarlett Johansson, Bryan Cranston, Willem Dafoe, Steve Carell, Edward Norton, Maya Hawke e Adrien Brody. A história acontece na década de 1950, numa cidade do deserto americano enquanto “eventos que mudam o mundo” interrompem uma convenção.
Mas existe dose dupla de Wes Anderson nos ecrãs!
The Wonderful Story of Henry Sugar, para a Netflix, narra uma variedade de histórias, mas a principal segue Henry Sugar, que é capaz de ver através de objetos e prever o futuro com a ajuda de um livro que roubou. O filme junta nomes como Benedict Cumberbatch, Ben Kingsley, Dev Patel ou Ralph Fiennes.
Saoirse Ronan poderá ser nomeada a melhor actriz por Blitz, o novo filme de Steve McQueen. A história acontece durante a segunda guerra, quando o Reino Unido foi alvo de sucessivos bombardeios estratégicos.
A actriz está também em destaque em Foe, de Garth Davis.
Saoirse Ronan e Paul Mescal interpretam um casal, cuja vida muda quando um estranho convoca a personagem de Mescal para trabalhar numa estação espacial durante dois anos, ficando um idêntico clone a fazer companhia à esposa.
Gael García Bernal é nome forte a melhor actor com Cassandro. A estreia em Sundance evidenciou a interpretação da personagem ”exótica” criado por Saúl Armendáriz, lutador gay amador de El Paso que alcançou o estrelato internacional.
Adam Driver é Ferrari, num filme realizado por Michael Mann.
Os desempenhos dos filmes de Michael Mann têm resultado em nomeações aos Oscars, veja-se os casos de Jamie Foxx (Colateral), Russell Crowe (O Informador) ou Will Smith (Ali)
O segundo capítulo de Dune é esperado como título presente nas as categorias técnicas,… e que desta vez não seja esquecida a realização.
Here é uma história passada numa única divisão, acompanhando as diversas pessoas que a habitam ao longo dos anos, do passado ao futuro distante. A realização é de Robert Zemeckis, o elenco inclui Tom Hanks e Robin Wright e o argumento foi escrito por Eric Roth. A última vez que os quatro nomes trabalharam juntos resultou em Forrest Gump.
Bradley Cooper assina Maestro, outro filme para os Oscars. O músico e pianista Leonard Bernstein é interpretado por Bradley Cooper, que assume novamente a realização depois do sucesso de Assim Nasce Uma Estrela.
A história da fotógrafa Elizabeth ‘Lee’ Miller, uma modelo que se tornou uma aclamada correspondente de guerra da revista Vogue durante a Segunda Guerra Mundial, chega ao grande ecrã em Lee. A nomeada documentarista Ellen Kuras estreia-se na realização de uma longa-metragem, com Kate Winslet, Marion Cotillard, Andrea Riseborough e Alexander Skarsgard.
Ridley Scott revela em Napoleão as origens de Bonaparte e a sua rápida e implacável ascensão a imperador, numa visão através do relacionamento viciante e muitas vezes volátil com a sua esposa. É muito forte a possibilidade de Joaquin Phoenix ser nomeado para melhor actor, num elenco que conta ainda com uma impressionante interpretação de Vanessa Kirby. Será agora que a Academia premeia Ridley Scott?
E por falar em Joaquin Phoenix, dentro de poucas semanas estreia Beau Tem Medo, o novo filme de Ari Aster (Midsommar – O Ritual). Conta a história de homem paranóico que embarca numa odisseia épica para visitar a casa da sua mãe controladora. Convém estar a atento para os prémios em diversas categorias…
David Fincher regressa ao cinema com o thriller policial The Killer. E vem acompanhado no elenco com Michael Fassbender e Tilda Swinton e por Trent Reznor e Atticus Ross na banda sonora. A Netflix aposta na estreia do filme sobre um assassino que começa a colapsar psicologicamente enquanto começa a desenvolver uma consciência, mesmo com os clientes a solicitarem os seus serviços.
A dupla de documentaristas premiados por Free Solo apresenta agora Nyad, a história da nadadora maratonista de 64 anos, que tentou ser a primeira pessoa a nadar de Cuba à Flórida. O elenco reúne Annette Bening e Jodie Foster.
Depois de ambos serem nomeados ao Oscar por Dois Papas, Anthony Hopkins e Jonathan Pryce reúnem-se novamente no ecrã em One Life, um drama sobre o humanitário britânico Nicholas Winton, que ajudou a salvar centenas de crianças nas vésperas da Segunda Guerra Mundial.
Christopher Nolan poderá ser um dos nomes mais mencionados nos próximos Oscars devido a Oppenheimer! A história do desenvolvimento da bomba atómica reúne no ecrã nomes como Cillian Murphy, Matt Damon, Rami Malek Robert Downey Jr. ou Florence Pugh.
A versão em musical de A Cor Púrpura chega aos cinemas ainda este ano. Steven Spielberg, que realizou a primeira versão do filme em 1995, é produtor deste filme. É uma das estreias do final do ano, para estar “fresquinha” na temporada de prémios.
Wonka é um musical e antecipa-se como um grande sucesso de bilheteria no próximo Natal. Timothée Chalamet é Willy Wonka, nesta história em que se conta como conheceu os Oompa-Loompas e começou a Fantástica Fábrica de Chocolate. A realização é de Paul King (Paddington).
Na categoria de melhor filme de animação poderemos encontrar títulos como Super Mario Bros – O Filme, de Aaron Horvath e Michael Jelenic, How Do You Live, de Hayao Miyazaki, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, de Joaquim Dos Santos e Kemp Powers, Elemental, de Peter Sohn, Suzume, de Makoto Shinkai, ou as Tartarugas Ninja: Caos Mutante, de Jeff Rowe e Kyler Spears.
Dos filmes populares não será de estranhar nos Oscars a presença de Barbie, de Greta Gerwig, ou Indiana Jones e o Marcador do Destino, de James Mangold, ou A Pequena Sereia de Rob Marshall.
Na próxima cerimónia temporada de prémios poderão surgir títulos como a co-produção entre Singapura, Taiwan e Filipas In My Mother’s Skin; o surpreendente filme de acção finlandês Sisu; Monster do cineasta japonês Hirokazu Kore-eda; Inshallah A Boy do realizador jordano Amjad Al Rasheed; a curta-metragem Strange Way of Life do espanhol Pedro Almodóvar com Ethan Hawke, Pedro Pascal, Jason Fernández, José Condessa e George Steane;
Eureka do realizador argentino Lisandro Alonso; Touch de Baltasar Kormákur; o épico histórico de Nikolaj Arcel The Bastard com Mads Mikkelsen; Northern Comfort, o primeiro filme em inglês de Hafsteinn Gunnar Sigurdsson; o novo filme de Yorgos Lanthimos, Poor Things com Emma Stone, Margaret Qualley, Willem Dafoe e Mark Ruffalo; Promised Land, um thriller político de Michael Winterbottom; DogMan o regresso do cineasta francês Luc Besso; a comédia negra búlgara The Triumph com Maria Bakalova; o cineasta chileno Pablo Larraín apresenta El Conde, sobre o ditador Augusto Pinochet; o novo filme de Michel Gondry The Book Of Solutions; The Conversion do octogenário realizador Marco Bellocchio;
Jeanne du Barry, o novo drama histórico realizado por Maïwenn e protagonizado por Johnny Depp; Il Sol Dell’Avvenire de Nanni Moretti; The Palace a nova comédia negra de Roman Polanski; Next Goal Wins, a comédia futebolística de Taika Waititi; Charlie Chaplin, A Man Of The World uma longa metragem documental espanhola crealizada por Carmen Chaplin.
É uma enorme incógnita antecipar a produção portuguesa proposta para os Oscars, eventualmente poderão ser consideradas duas produções de Paulo Branco: O Pior Homem de Londres, realizado por Rodrigo Areias e com Albano Jerónimo e Victoria Guerra; ou A Sibila, a adaptação realizada por Eduardo Brito do romance que consagrou a escritora Agustina Bessa-Luís.
Subsiste a dúvida se Megalopolis, o ambicioso novo filme de Francis Ford Coppolla será concluído e estreado a tempo da próxima temporada de prémios.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.