Os 8 melhores filmes de 2024 até agora, de acordo com a BBC
Para mantê-los atualizados e oferecer boas sugestões, partilhamos hoje uma lista dos oito melhores filmes de 2024 até à data, de acordo com os críticos da BBC.
O artigo especial dos críticos de cinema da BBC Culture, Nicholas Barber e Caryn James, destaca uma variedade interessante de títulos, desde a odisseia de um quarteto de jornalistas num país poderoso assolado por uma guerra civil ditatorial, até a um terror de Michael Mohan envolvendo freiras num convento isolado em uma região rural da Itália, passando por uma crónica contemplativa do realizador alemão Wim Wenders ambientada no Japão e um thriller policial eletrizante de Rose Glass, protagonizado por Kristen Stewart e Katy O’Brian.
Os oitos filmes
Os oito filmes selecionados pela dupla inglesa mostram que, mesmo num cenário cada vez mais saturado por sequelas, spin-offs, reboots e filmes de super-heróis que desapontam, a indústria cinematográfica segue fermente.
Naturalmente, mesmo perante todas as adversidades, o cinema perdura, impulsionado por realizadores dedicados e resilientes, que constantemente o recriam e desafiam as normas estabelecidas. Enfrentando com coragem um público cada vez mais exigente, que se deleita com uma ampla variedade de opções de streaming e entretenimento, frequentemente superficiais e puramente comerciais, o cinema mantém-se fiel à sua essência, resistindo com valentia aos novos tempos.
Com isto dito, convidamo-vos a descobrir os oito melhores filmes até ao momento, segundo a avaliação de Nicholas Barber e Caryn James.
1) “A Besta”, de Bertrand Bonello
“A Besta“, de Bertrand Bonello, transporta-nos para um futuro próximo, onde a inteligência artificial reina supremamente e as emoções humanas representam uma ameaça. Para se libertar delas, Gabrielle precisa purificar o seu ADN, regressando às suas vidas passadas. É assim que ela reencontra Louis, o seu grande amor. Contudo, Gabrielle é consumida pela premonição de que uma catástrofe se avizinha.
2) “Imaculada”, de Michael Mohan
O terror de Michael Mohan concentra-se numa jovem que, desejando tornar-se freira, muda-se para um convento isolado numa cidade do interior de Itália. Poucos dias após chegar, descobre que está grávida, embora não tenha tido qualquer relação sexual. Agora, ela tem que desvendar os motivos por trás da sua gestação enquanto enfrenta os segredos sombrios do convento.
3) “Guerra Civil”, de Alex Garland
Com Kirsten Dunst, Wagner Moura, Cailee Spaeny, Stephen McKinley Henderson, Nick Offerman e Jesse Plemons no elenco, o filme explora um futuro distópico onde os Estados Unidos se tornam o cenário de uma guerra civil. Uma equipa de jornalistas, liderada pela fotojornalista Lee (Dunst), percorre o país para documentar a intensidade e a violência desse conflito.
Independentemente dos seus méritos, o filme de Garland ganhou destaque devido ao clima eleitoral e à divisão entre republicanos e democratas. Além disso, proporciona uma reflexão profunda sobre os conflitos que ocorrem globalmente, incluindo aqueles no Médio Oriente, América Central e África.
4) “Love Lies Bleeding”, de Rose Glass
Situado no interior poeirento do Novo México, “Love Lies Bleeding” traça as suas raízes na cultura americana e nos thrillers de vingança sanguinários. Kristen Stewart protagoniza como Lou, uma gerente solitária de um ginásio que se apaixona por Jackie (Katy O’ Brian), uma fisiculturista determinada que segue o seu caminho em direção aos seus sonhos musculosos em Las Vegas. Rapidamente, as duas unem-se, desfrutando de omeletes de claras de ovos e de uma intensa e suada relação sexual.
No entanto, o seu paraíso não é duradouro, pois a família criminosa de Lou arrasta o casal para um submundo sinistro de violência, drogas, traição e assassinato.
5) “A Quimera”, de Alice Rohrwacher
Em “A Quimera“, seguimos Arthur (Josh O’Connor), um inglês que percorre uma região italiana não especificada, numa época igualmente incerta, em busca de tesouros antigos enterrados. Alega pressentir a sua localização graças a um sentido especial que possui. Mas não é apenas por artefactos que ele está atrás. Arthur utiliza esse suposto dom para desvendar um mítico caminho para a vida após a morte, na esperança de reencontrar a sua amada perdida, tal como fez Orfeu na mitologia.
Ao longo dessa jornada, Arthur depara-se com vivos e mortos, explora florestas e cidades, encontra camponeses e músicos ambulantes, enfrenta mulheres temíveis e encantadoras, além de cruzar o caminho de comerciantes de arte e saqueadores de sepulturas.
Cada um desses encontros revela um pouco mais sobre o próprio Arthur e a sua busca incessante pela quimera pessoal de cada um.
6) “Robot Dreams”, de Pablo Berger
Numa Nova Iorque dos anos 1980, um cão urbano solitário decide construir um companheiro robótico, dando origem a uma amizade singular e encantadora. Este é o cerne de “Robot Dreams“, o primeiro filme de animação do realizador espanhol Pablo Berger, inspirado na adorada novela gráfica da escritora americana Sara Varon.
7) “Eu Capitão”, de Matteo Garrone
“Eu Capitão“ de Matteo Garrone narra a arriscada jornada de um jovem de 16 anos que parte do Senegal em busca de uma vida melhor. O filme garantiu a Garrone o prémio de melhor realizador no Festival de Cinema de Veneza, em Itália, no ano de 2023, e a Seydou Sarr, o protagonista amador, o prémio de melhor jovem ator.
Sarr dá vida ao personagem fictício Seydou, um jovem amável determinado a alcançar a Itália ao lado do seu primo, Moussa. Cada etapa da jornada apresenta um perigo distinto. Juntos, atravessam o Saara com um grupo de outros migrantes, testemunhando tragédias ao longo do caminho, como a morte de uma mulher que parece desafiar a própria realidade.
Na Líbia, Seydou é detido e submetido a tortura. Finalmente, na última etapa da viagem, ele se encontra a pilotar um barco cheio de migrantes em direção à Itália, o que justifica o título “Eu Capitão“. Com uma economia de palavras impressionante, Garrone e Sarr criam um filme autêntico, penetrante e eloquente, que retrata a situação de milhões de pessoas ao redor do mundo.
8) “Dias Perfeitos”, de Wim Wenders
Talvez surpreenda pensar que alguém que trabalhou na limpeza de casas de banho públicas tenha descoberto o segredo da felicidade. Mas “Dias Perfeitos“, do alemão Wim Wenders, abraça completamente essa ideia.
O filme, falado em japonês, oferece um estudo do seu protagonista. Acompanhamos Hirayama (Kōji Yakusho) pelas ruas de Tóquio, enquanto ele executa as suas tarefas de limpeza, cuida das plantas, lê romances, ouve rock americano e tira fotografias de árvores – tudo isso em silêncio, com orgulho e dedicação inabaláveis.
O filme centra-se na meditação, numa abordagem documental, sobre a serenidade de uma vida focada no essencial.
Brasileiro, Tenório é jornalista, assessor de imprensa, correspondente freelancer, professor, poeta e ativista político. Nomeado seis vezes ao prémio Ibest e ao prémio Gandhi de Comunicação, iniciou sua carreira no jornalismo ainda durante a graduação em Geografia na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), escrevendo colunas sobre cinema para sites, jornais, revistas e portais do Nordeste e Sudeste do Brasil.