Moonring é um retro RPG com um preço escandaloso: é grátis!

Moonring foi lançado em 2023, mas transportou o Central Comics até aos anos 80 para jogar um RPG clássico.

Sinopse de Moonring

Explora um mundo aberto de fantasia negra e vive aventuras inesquecíveis em Moonring, um retro RPG com estilo néon clássico e uma profundidade surpreendente.

Moonring foi lançado a 28 de setembro de 2023, desenvolvido e distribuído pela Fluttermind, LLC.

Análise de Moonring

Todos sabemos que, na vida, não há almoços grátis. Talvez seja por isso que Moonring faça parte do universo dos videojogos, já que é um autêntico banquete de diversão que não nos cobra um único cêntimo. Dene Carter, um veterano com mais de 25 anos na indústria dos videojogos que participou no desenvolvimento de Fable, decidiu criar sozinho um RPG ao estilo dos clássicos que pisca o olho à saga Ultima e partilhá-lo com o mundo inteiro.

Mas não se deixem enganar pelo preço (ou pela ausência dele), já que estamos perante um excelente título capaz de ombrear, e até superar, os melhores do seu género, como as sagas Ultima, Zelda e outros jogos do género.

História de Moonring

Num mundo aberto de fantasia negra, acordamos na quinta do nosso pai e percebemos que somos um jovem especial, possivelmente destinado a grandes feitos. Adoradores dos «Angels» uma das 5 divindades existentes, somos incapazes de sonhar, sugerindo que a nossa divindade pode estar a reservar-no um lugar especial na sua fação.

A partir daqui, cabe-nos explorar um mundo a transbordar de vida e de lore para descobrir todos os mistérios que encerra, enquanto vivemos aventuras que ficam connosco até bem depois de acabarmos de jogar.

Os diálogos também foram criados com mestria, a remeter para os clássicos antigos com uma escrita limpa, mas com um nível de sofisticação e humor difícil de encontrar em qualquer videojogo, seja de que era for, assim como em qualquer convenção de um partido político.

Jogabilidade de Moonring

Tal como uma acompanhante de luxo, a jogabilidade de Moonring é simples de dominar, mas surpreendentemente profunda. Temos as mecânicas clássicas de RPG, em que temos de ir desenvolvendo o nosso personagem com stats e equipamento para conseguirmos enfrentar inimigos cada vez mais poderosos, mas o jogo também conta com elementos de survival e até de comércio.

O mundo está muito bem desenhado e convida-nos a mergulhar nele até estarmos completamente imersos. O mesmo acontece com as masmorras espalhadas pelo mapa, que embora sejam simples, são desafiantes e bem complementadas. Já os NPC, os inimigos e até os elementos que compõem o mundo de Moonring demonstram uma personalidade única e evidenciam o carinho com que o jogo foi desenvolvido. De facto, praticamente tudo no mapa é interativo, ao contrário dos elementos estáticos dos RPG clássicos dos anos 80, que quebravam um pouco a imersão. Aqui, podemos atear fogos que se propagam, a comida estraga-se com o tempo e consoante as condições atmosféricas, que também afetam o nosso personagem e até as lápides dos cemitérios contêm textos únicos recheados de humor.

Regressando um pouco aos diálogos, a forma como se procedem também emula os clássicos, em que temos de escrever palavras específicas que desbloqueiam a parte seguinte da conversa e nos permitem descobrir pistas, revelar locais no mapa e progredir na narrativa.

Gráficos e som de Moonring

A tentar escrever esta secção, notei que é um pouco difícil descrever os gráficos e o som de Moonring, já que, à primeira vista, parecem completamente hediondos, mas bastam 3 ou 4 segundos a olhar para o jogo para perceber que, afinal, são geniais e, diria até, lindos. É estranho e paradoxal, eu sei. Contudo, é assim mesmo. Os gráficos néon parecem básicos e a compor uma verdadeira salganhada, mas assim que os olhos se ajustam a este estilo ímpar, é como se nos fosse aberta uma janela para um mundo novo. Se experimentarem o jogo, por favor, não desviem os olhos imediatamente e observem realmente o que estão a ver — não se vão arrepender.

Quanto ao som e à música, não têm o efeito de surpresa que os gráficos têm, mas são bem superiores aos clássicos e estão ao nível de qualquer título atual.

Postas de pescada e um par de botas

De certa forma, é ingrato insistir que Moonring é um jogo gratuito, já que este não é, nem de perto, a sua melhor característica. Por mérito próprio, valeria, facilmente, acima de 10,00 €. Não o posso fazer pessoalmente, mas gostaria de dar um aperto de mão a Dene Carter, que neste mundo cão, decidiu mimar-nos com Moonring, e, um pouco ao estilo do Milhazes, exclamar a plenos pulmões: «o dinheiro que vá para o *******!»

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Polimento e profundidade do jogo.

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O jogo não tem muito potencial de repetibilidade.

Classificação: 9/10

Moonring é um jogo muito bem-feito e proporciona horas e horas de entretenimento (o jogo pode demorar cerca de 50 horas a bater). Ainda estou aqui a pensar porque é que não atribuo 10 em 10 e chego à conclusão de que o problema está em mim, já que isso dificilmente acontecerá com um RPG.

Moonring está disponível GRATUITAMENTE no Steam.

Para terminar, fica a dica indispensável: não se sintam mal, porque também eu, só quando ganhar a lotaria é que me junto a Dene Carter no seu «Grito do Ipiranga». Por agora, reduzo-me à minha inferioridade moral porque nem casa própria tenho.

Plataforma testada: PC

Trailer de Moonring: