Mafia II e Saints Row: The Third: As suas versões definitivas e remasterizadas
2020 tem sido um ano, no mínimo, muito diferente do que alguma vez poderíamos esperar, inclusive no mundo dos vídeojogos, onde diversos lançamentos foram populados por remakes ou versões remasterizadas de jogos clássicos. Hoje venho falar de dois que foram lançados na mesma semana: Mafia II: Definitive Edition e Saints Row: The Third Remastered.
Começado pelo mais antigo dos dois, Mafia II, originalmente lançado em Agosto de 2010, é a sequela do jogo de acção de gangsters que decorre entre os anos ’40 e anos ’50 em Empire Bay, uma cidade que mistura o melhor e o pior de diversas cidades nortes-americanas daquela altura. A narrativa segue Vito Scaletta, que regressa a Empire Bay após combater na Segunda Guerra Mundial e está pronto para recomeçar a sua vida, seja ela por caminho for.
Na altura do seu lançamento, Mafia II foi, com mérito, aclamado pela crítica e o público. A recriação do período histórico, a jogabilidade e os gráficos demonstravam o poder da PlayStation 3 e da Xbox 360, ainda a meio da sua geração, com o adicional de ser um jogo altamente antecipado, já que a última vez que se tinha ouvido em Mafia foi em 2002, que também terá direito a um remake altamente aguardado, com lançamento previsto para Agosto deste ano.
Com isto, a actualização de Mafia II, recriada pela Hanger 13, os mesmos responsáveis pelo incrível grafismo de Mafia III, seria de esperar que fosse uma simples troca de novas texturas, sem grandes percalços. Mas nem tudo correu bem, a começar com as versão PS4 repleta de bugs muito bizarros para um jogo considerado novo na consola, enquanto que na Xbox One, a diferença entre jogar a versão retro-compatível do jogo e esta versão definitiva, são duas experiências muito diferentes.
Ainda que a 2K Games e a Hanger13 estão a trabalhar em resolver os diversos problemas das novas edições de Mafia II e Mafia III, este último inclusive troca uma patch com melhoramentos mais estáveis para a PS4 Pro e Xbox One X, por uma versão repleta de problemas, agravando o estado dos jogadores e um passo problemático quando o objectivo é reviver e introduzir a um novo público uma das séries mais interessantes nos vídeojogos.
No PC, o jogo parece ter sofrido em grande peso com a adição de muitos do detalhes, com uma má optimização dos recursos gráficos onde é visível a inconsistência de framerate. É uma grande pena, tendo em conta que o jogo em si tem tudo o que poderíamos desejar dentro do género, com uma cidade aberta, mas com um foco na narrativa que os jogos de hoje já nos desabituaram, juntamente com uma das melhores compilações de música periódica ouvidas num jogo. Para quem nunca jogou, é de recear ficarem uma má impressão dos factores técnicos. Até lá, ficamos na ânsia que o remake completo de Mafia, previsto para Agosto, não seja um tiro na culatra, considerando que está prestes a celebrar o seu 18º aniversário.
Por outro lado, Saints Row: The Third Remastered traz de volta à ribalta um jogo que nesta entrada encontrou a sua própria identidade, após ser apelidado como uma cópia de Grand Theft Auto durante muitos anos. Na altura do seu lançamento, todo o seu contexto nonsense foi apreciado, enquanto exploramos a grande cidade de Stilwater numa enorme variedade de veículos e dezenas de missões, repletas de acção e comédia, parodiando muitos dos aspectos da cultura-pop.
Com esta remasterização, foram introduzidas melhorias, mas muitas diferenças, sobretudo a nível dos modelos utilizados que foram actualizados, algumas delas trocando as suas versões mais cartoonescas por modelos mais realistas, retirando em algumas das cenas do jogo, a piada que o jogo inicialmente teve. Adicionalmente, a nova forma que a luz reflecte tem uma tendência de escurecer demasiado os ambientes, forçando o jogador a personalizar estas definições. No entanto, é importante notar que muitas das outras animações estão, de facto, melhores que nunca.
Quando o novo lançamento foi anunciado, ouviram-se muitos rumores relativamente à sua versão nas consolas, que estaria limitada a 30FPS invés do dobro, uma expectativa natural do paradigma nos dias de hoje. Felizmente, ele foi lançado com uma opção de FPS Unlock que permite que o jogo chegue aos 60FPS na Xbox One X, em toda a sua glória.
Saints Row: The Third Remastered, é uma mostra definitiva à criatividade de outrora, onde o divertimento de disparar armas e explodir tudo o que nos apetecer, sem grandes consequências, é algo que merece ser apreciado na nova geração de consolas e os computadores mais poderosos.
Concluindo, vemos-nos novamente receber convites nostálgicos para explorar o que são, de facto, clássicos modernos e intemporais, convencendo-nos a velhos fãs que existe uma nova razão para visitar velhos amigos, ou introduzir a novos jogadores aos mundos que tanto gostámos na altura, ainda que exista muito espaço para melhorar a experiência geral de ambos lançamentos e que deverão receber patches de correcção o quanto antes.
Poderá existir uma discussão sobre a exploração comercial destes títulos, que são sempre bem-vindas quando tratadas devidamente, como foi o caso de Final Fantasy VII e tantos outros antes dele. A preocupação de lançar um remake ou remaster deverá passar sempre pela consideração em como poderá oferecer algo de novo, para além de novos visuais que poderão não contribuir para o todo, apelando que haja alguma consistência na qualidade dos lançamentos.
Revelação Nomeados XVII Troféus Central Comics
(versão editada)
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.