Cinema: Análise – Mães À Solta 2 (2017)
Menos de um ano após o lançamento do primeiro filme, surge-nos a sequela de Mães à Solta (2016), com Mila Kunis, Kristen Bell e Kathryn HallJon. O filme é de Lucas e Scott Moore (os responsáveis pelos vários filmes de A Ressaca). Para Mães à Solta 2, juntam-se os enormes e conhecidos talentos de Susan Sarandon, Cheryl Hines e Christine Baranski.
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O que esperar de Mães à Solta 2? Bem, digamos que não tem um mercado fácil. É uma comédia familiar para a época festiva, mas não se esforça para agradar a todo o seu público. Tem uma linguagem demasiado grosseira para puxar crianças e permitir que os pais levem os filhos ao cinema; e tem imagens e/ou situações demasiado sexuais que tornam toda a experiência constrangedora (podemos argumentar que o efeito cómico está na demora de uma situação de embaraço alheio ou próprio, mas isso é algo que tem ser muito bem conseguido, o que não é o caso).
No fundo, é um filme onde as três protagonistas têm agora de lidar com o fardo de terem de ser mães perfeitas, sob a pressão da época natalícia, capaz de deixar qualquer um fora de si. Porém, graças à magia do momento efémero de Hollywood, tudo o que fazem num centro comercial local parece escapar incólume, após cometerem o que seria considerado crime no “nosso” mundo real. Qual a importância disto? É difícil criarmos ligações emocionais a personagens que julgamos moralmente, visto que não são anti-heróis nem motivadas por forças maiores, são apenas atos moralmente (e legalmente) condenáveis.
Como seria de esperar, após quase 1h30 de filme, com o enredo esperado de relações atribuladas entre mães e filhas, tudo termina num final feliz… Como se nos quisessem convencer de que 30 e poucos anos de relações disfuncionais fossem resolvidos em poucos minutos mágicos de Natal, como se fosse o Conto de Natal de Charles Dickens, onde três fantasmas convencem o protagonista a arrepiar caminho e ser uma pessoa melhor (num resumo quase bárbaro para a qualidade da obra).
Quanto à representação, podemos dizer que o guião não vai ganhar prémios, e as piadas podem sempre alcançar públicos diferentes, dependendo da perspetiva (chegaram-se a ouvir gargalhadas valentes na sala), mas as estrelas de Hollywood não nos convencem de que sabem o que é ter dificuldades maternais. Fica também a ressalva de que os realizadores parecem ter um fascínio pelas sequências em câmara lenta, com uma música de fundo mexida, algo que era bastante comum nas comédias de outros tempos (anos 90 e década seguinte).
Concluindo, é mais um filme para a época natalícia que estreou em novembro…
E não se prevê que vá tirar o lugar a Sozinho em Casa como filme clássico de Natal.
Classificação: 5/10
Bernardo Rodrigues