Jogos: Until Dawn (2024) – Análise
Until Dawn regressa numa versão remasterizada, mas com alguns problemas técnicos que poderão assustar os jogadores do original.
Jogo: Until Dawn (2024)
Disponível para: PC, PlayStation 5
Plataforma testada: PlayStation 5
Estúdio: Ballistic Moon
Editora: Sony Interactive Entertainment
Until Dawn conquistou um lugar especial no coração dos fãs de jogos de terror desde o seu lançamento original em 2015. Foi uma surpresa agradável, combinando clichés de filmes de terror, escolhas com efeito borboleta e uma narrativa cinematográfica bastante envolvente. Passado quase 10 anos estamos de volta, mas será que de uma forma que se justifica?
A mudança mais significativa no remaster é a atualização gráfica, e é impressionante. Quando Until Dawn foi lançado na PS4, já puxava ao máximo as capacidades da consola com os seus modelos de personagens detalhados, iluminação atmosférica e ambientes ricos. Agora, nas consolas de nova geração, o remaster brilha em resolução nativa 4K com texturas melhoradas e efeitos de iluminação mais realistas.
A natureza coberta de neve de Blackwood Pines, onde o jogo se desenrola, nunca pareceu tão ameaçadora. A iluminação dinâmica dá profundidade a cada sombra, criando uma sensação de claustrofobia nos trilhos escuros da floresta e nos edifícios abandonados. Os modelos das personagens, que antes caíam no “vale da estranheza” devido às animações faciais rígidas, foram muito melhorados, enquanto parecem um pouco diferentes daquilo que eram originalmente.
No entanto, alguns dos elementos mais antigos do jogo destacam-se, parecendo menos polidos. Enquanto as personagens e os principais cenários estão incrivelmente detalhados, pequenos pormenores ambientais ocasionalmente revelam-se como relíquias da geração anterior. Embora não seja algo que estrague a experiência, pode quebrar a imersão numa apresentação que, por outro lado, é soberba.
O jogo não se limita apenas a melhorias gráficas; também inclui várias atualizações na jogabilidade que suavizam alguns dos aspetos mais irritantes do jogo original. O sistema de movimento, que era algo rígido e lento, foi ligeiramente refinado para ser mais responsivo. Navegar por corredores estreitos e ambientes ao ar livre já não parece tão desajeitado. No entanto, Until Dawn ainda mantém uma certa rigidez na exploração — provavelmente devido às suas raízes cinematográficas — que alguns jogadores podem achar ultrapassada em 2024.
Os eventos de reação rápida (QTEs), que são o coração das sequências de tensão do jogo, também foram ajustados para serem mais indulgentes, o que pode ter vantagens e desvantagens. Embora os QTEs do jogo original pudessem ser frustrantemente exigentes, também aumentavam a tensão nos momentos mais críticos. O timing ligeiramente mais permissivo desta versão torna o jogo mais acessível, mas pode diminuir o suspense em cenas importantes.
Para os novos jogadores, a história de Until Dawn continua a ser tão cativante como sempre. O jogo segue oito amigos que se reúnem para um fim de semana num chalé remoto, um ano após um trágico incidente que envolveu dois dos seus amigos. Rapidamente, as coisas descambam numa noite de terror, e os jogadores devem guiar as personagens através de uma série de escolhas que podem determinar quem sobrevive até ao amanhecer.
A força de Until Dawn reside na sua narrativa ramificada, onde cada decisão — seja escolher entre correr ou esconder-se, ou até algo tão simples como apanhar uma pista — pode ter consequências significativas. O sistema de “efeito borboleta” dá peso a cada escolha, e os jogadores estão constantemente conscientes de que as suas ações podem levar a resultados devastadores. Algumas escolhas parecem pequenas ao início, mas voltam para te assombrar de maneiras inesperadas, conduzindo a múltiplos finais e incentivando a rejogabilidade.
A história do jogo mistura habilmente elementos de filmes de terror e horror psicológico, com algumas sequências verdadeiramente aterradoras. Embora o enredo percorra caminhos familiares para os fãs do género, a sua autoconsciência e escrita inteligente fazem-no sentir-se refrescante. As personagens, que inicialmente parecem estereótipos de filmes de terror (o desportista, o nerd, a “final girl”), são desenvolvidas à medida que a história avança, fazendo com que te importes com os seus destinos — mesmo que algumas ainda sejam fáceis de detestar.
Contudo, os veteranos do jogo original poderão achar os momentos da história previsíveis, especialmente porque os novos conteúdos são demasiado escassos.
Outro ponto alto do Until Dawn é o seu design sonoro reestruturado. O áudio do jogo foi remasterizado para tirar total partido das tecnologias de som 3D, imergindo os jogadores numa experiência envolvente de som surround. Cada tábua a ranger, rajada de vento e grito distante pode agora ser ouvido com uma clareza assustadora, amplificando a tensão.
A banda sonora arrepiante de Jason Graves continua a ser um destaque, acrescentando ao suspense e ao medo. Quer estejas a caminhar pela floresta coberta de neve ou a fugir de uma criatura misteriosa, a música mantém-te constantemente em alerta. As atuações vocais também foram melhoradas, com diálogos a soarem mais claros do que antes.
Embora Until Dawn tenha tido umas escolhas, no mínimo, interessantes ao trazer o jogo original para a era moderna, não oferece muito em termos de conteúdo novo. Para quem já jogou o original várias vezes, esta versão acaba por fazer com que a sua justificação seja um pouco difícil de existir, principalmente, porque é apenas por pequenos momentos que o tentam fazer.
Da mesma forma, embora as melhorias na jogabilidade e nos visuais sejam apreciadas, ainda há elementos que parecem desatualizados. O movimento rígido, embora melhorado, ainda pode parecer limitado em comparação com jogos narrativos mais modernos.
Resta concluir que, Until Dawn é uma nova forma de ver o jogo original, oferecendo uma impressionante atualização gráfica e melhorias na qualidade de vida. Para novos jogadores, é completamente justificada a compra. No entanto, para fãs e jogadores do original, pouco ou nada justifica a compra por um preço bastante proibitivo.
Nota: 6/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.