Jogos: Spirit Mancer – Análise
Spirit Mancer oferece momentos brilhantes, mas luta para manter o ritmo.
Jogo: Spirit Mancer
Disponível para: PC, PlayStation 5, Nintendo Switch
Versão testada: PlayStation 5
Editora: Dear Villagers
Ambientado na misteriosa dimensão de Inferno, Spirit Mancer segue o caçador de demónios Sebastian e a sua aliada Mary numa luta desesperada contra o caos interdimensional. O design do mundo de Inferno é um dos elementos mais fortes do jogo, apresentando biomas coloridos que variam entre exuberantes ilhas tropicais e cavernas sombrias, evocando um sonho inspirado nas Caraíbas.
As cenas animadas, embora algo rudimentares, têm um toque que lembra JoJo’s Bizarre Adventure, enquanto a jogabilidade assenta fortemente nas mecânicas de correr e disparar de Mega Man, combinadas com a profundidade colecionista de Pokémon. A mecânica de captura de espíritos adiciona uma dose de estratégia e emoção: é necessário destruir os inimigos com armas específicas para depois capturá-los como cartas e usar os seus poderes contra adversários futuros. A variedade — com mais de 100 espíritos para colecionar — mantém este aspeto interessante ao longo do jogo.
Embora a apresentação visual e sonora do jogo seja impressionante, com arte em pixel detalhada e trilhas sonoras cativantes, o núcleo da jogabilidade apresenta falhas. As mecânicas de espíritos, embora inicialmente cativantes, carecem de profundidade para além do seu uso no combate. Faltam oportunidades para resolver quebra-cabeças ou interagir com o ambiente — áreas onde este sistema poderia brilhar verdadeiramente. Esta lacuna limita o potencial do jogo, tornando o foco pesado no combate repetitivo.
De forma semelhante, as secções de plataformas falham em alguns momentos. A necessidade de “destruir” os inimigos antes de os capturar interrompe frequentemente o fluxo, criando pausas frustrantes na ação. Este problema é agravado por um esquema de controlos pouco intuitivo, que exige tempo para ser dominado.
O combate, no entanto, tem os seus momentos brilhantes, especialmente ao libertar os espíritos em batalha. Ver os demónios capturados a causar o caos enquanto Sebastian e Mary adotam uma abordagem estratégica é satisfatório. O modo cooperativo acrescenta diversão, permitindo que um segundo jogador controle Mary, algo raro e bem-vindo neste género. Infelizmente, as lutas contra bosses podem ser cansativas, prolongando-se mais do que o necessário.
A cidade-base adiciona uma camada de gestão, permitindo aos jogadores melhorar habilidades, recolher recursos e acompanhar a evolução do assentamento à medida que a história avança. Atividades paralelas, como pesca e agricultura, oferecem algum descanso, mas estas mecânicas parecem superficiais, sem profundidade suficiente para serem mais do que meras distrações. Ainda assim, conferem charme e personalidade ao mundo.
Spirit Mancer é um jogo de contradições: visualmente deslumbrante, mas mecanicamente inconsistente; inovador no conceito, mas repetitivo na execução. O seu estilo artístico vibrante, unicidade cultural e mecânicas de captura de espíritos destacam-no de outros platformers, mas problemas de ritmo e sistemas subaproveitados impedem-no de alcançar todo o seu potencial.
Nota: 5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.