Jogos: Shadows of the Damned: Hella Remastered – Análise
Shadows of the Damned: Hella Remastered abraça um espírito irreverente, proporcionando uma experiência repleta de humor adolescente, absurdos juvenis e referências descaradas.
Jogo: Shadows of the Damned: Hella Remastered
Disponível para: PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox One e Xbox Series
Versão testada: PlayStation 5
Editora: Grasshopper Manufacture
Os videojogos já percorreram um longo caminho desde os seus primórdios. Hoje, são uma forma de arte madura, capaz de abordar temas adultos e questões profundas da vida. No entanto, há algo especial em revisitar as raízes do meio e lembrar as perguntas que costumávamos fazer, como: “Quantas piadas sobre pénis podem caber num jogo de 10 horas?”. A resposta é…demasiadas!
A remasterização não esconde as suas origens. É uma viagem nostálgica até à era da Xbox 360, um regresso à época em que jogos de ação de média duração eram perfeitos no seu equilíbrio entre mecânicas sólidas e enredos diretos. Shadows of the Damned mantém-se fiel a essa filosofia. O jogo dura menos de 12 horas, mas oferece um ritmo bem ajustado, armas bem diferenciadas e desafios suficientemente variados para evitar monotonia.
Não há necessidade de colecionar itens brilhantes ou de desenvolver árvores de habilidades complexas. Tudo o que importa é salvar Paula, a namorada de Garcia Hotspur, e sair do Inferno o mais rápido possível. É um estilo de design que evoca memórias de tardes a jogar em consolas antigas, quando a simplicidade era o cerne da diversão.
Visualmente, Hella Remastered é competente, embora não reinvente a roda. As paisagens infernais continuam a ser sangrentas e grotescamente deslumbrantes, enquanto os inimigos são criaturas horripilantes e criativas. Garcia, o protagonista, ostenta um estilo exagerado (quem usa um casaco roxo de couro sem camisa?), mas as animações das cutscenes deixam algo a desejar. Paula, a namorada em apuros, serve apenas como um dispositivo narrativo, com pouca profundidade emocional.
Ainda assim, o verdadeiro foco está no combate. Garcia utiliza três armas principais: a Dentista, uma metralhadora; a Tritura-Caveiras, uma espingarda que também dispara bombas; e, claro, a Boner — uma pistola cujas munições são ossos (sim, a piada fálica é deliberada). Cada arma tem o seu momento de destaque, e a escassez de munições força os jogadores a usarem estrategicamente todo o arsenal.
A narrativa de Shadows of the Damned é deliberadamente exagerada e simples. Garcia, um caçador de demónios de personalidade arrogante, entra no Inferno para resgatar Paula, que foi raptada pelo Senhor dos Demónios, Fleming. Johnson, o seu ajudante demónio que se transforma em armas e ocasionalmente numa moto, é a fonte constante de piadas de gosto duvidoso. As conversas entre os dois são divertidas e servem para quebrar a monotonia das secções intermédias do jogo.
O design das fases reflete as limitações da sua época, com uma estrutura linear que ocasionalmente exige a resolução de puzzles simples para desbloquear áreas. No entanto, o jogo compensa com momentos criativos, como secções de plataformas 3D e minijogos surpreendentemente envolventes. Os bosses, inicialmente frustrantes devido à dificuldade, tornam-se momentos de pura adrenalina com o progresso das armas e habilidades.
Apesar do subtítulo “Hella Remastered”, as melhorias são mínimas. As texturas e modelos são praticamente idênticos às versões originais para PS3 e Xbox 360. Por outro lado, a inclusão de resolução 4K, uma taxa de 60 fps e um modo New Game+ tornam esta a melhor forma de revisitar o jogo. O preço acessível (cerca de 25 euros) também é um ponto positivo, especialmente considerando que as versões originais são difíceis de encontrar.
Para concluir,Shadows of the Damned: Hella Remastered é uma remasterização que não reinventa o clássico, mas preserva a essência de um jogo que foi sempre um produto do seu tempo. É um testemunho da colaboração excêntrica entre Suda51 e Shinji Mikami, carregado de humor ousado e ação desenfreada. Pode não ser para todos, mas para aqueles que procuram uma experiência curta e única, este jogo é um regresso ao passado que vale a pena.
Nota: 7/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.