Jogos: Monster Hunter Wilds – Análise
Monster Hunter Wilds proporciona momentos de caça empolgantes, mas torna-se mais simples do que o esperado.
Jogo: Monster Hunter Wilds
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedor: Capcom
Editora: Capcom
A verdade é que a nova entrada de Monster Hunter captura a essência do que torna esta longa série tão grandiosa—batalhas épicas contra criaturas colossais—e a refina para criar uma das entradas mais acessíveis até hoje. No entanto, ao fazer isso, pode ter sacrificado parte do desafio e da complexidade que os fãs de longa data esperam.
Ao analisarmos de perto, Wilds entrega aquilo pelo qual Monster Hunter é conhecido: encontros intensos e cinematográficos com monstros impressionantes que exigem estratégia, paciência e habilidade. Cada luta parece um confronto contra um chefe, onde os jogadores devem esquivar-se cuidadosamente, contra-atacar e explorar fraquezas para se sagrarem vencedores. O combate continua profundamente satisfatório, com um arsenal diversificado de armas que permite inúmeros estilos de jogo, seja esmagando crânios com um martelo ou lançando flechas certeiras com um arco.
No entanto, a estrutura da campanha deixa a desejar. A história é, na melhor das hipóteses, aceitável, com longos e, muitas vezes, monótonos segmentos de caminhada e conversa que pouco acrescentam à experiência. Mais frustrante ainda, o início do jogo parece um tutorial prolongado, e quando finalmente parece que a aventura está a ganhar ritmo, surge um reinício forçado, obrigando os jogadores a voltar a farmar equipamento antes de chegarem ao verdadeiro endgame. Embora os combates contra monstros sejam emocionantes, a progressão pode parecer desnecessariamente lenta, o que pode desencorajar novos jogadores antes de alcançarem o conteúdo mais recompensador.
Uma das grandes novidades de Wilds é o seu sistema de mapas inspirado num mundo aberto. Em vez de zonas de caça separadas, o jogo introduz biomas interligados que mudam dinamicamente com as estações do ano. A Floresta Carmesim, por exemplo, transforma-se de uma paisagem árida e seca num pântano vibrante e cheio de vida, alterando o comportamento dos monstros e as estratégias de caça no processo. Este ambiente em constante evolução mantém o mundo vivo e incentiva os jogadores a abordarem as caçadas de forma mais dinâmica.
Outra grande adição é o Seikret, o pássaro companheiro sempre presente que serve tanto como montaria quanto como posto de suprimentos móvel. Ele muda fundamentalmente o ritmo das caçadas, permitindo trocas de equipamento em tempo real, curas durante o combate e até reabastecimento sem precisar de voltar ao acampamento. Esta conveniência é revolucionária, mas também elimina parte da tensão que caracterizava os jogos anteriores de Monster Hunter. Já não é necessário planear meticulosamente cada caçada—se te esqueceres de um item, o Seikret tem tudo sob controlo.
A minha maior crítica a Wilds recai sobre a sua dificuldade, ou melhor, a falta dela. Embora as primeiras caçadas a solo possam ser desafiantes, a fase final rapidamente se transforma numa fantasia de poder, onde caçadores bem equipados podem dizimar até os monstros mais fortes com facilidade. Jogar em multijogador torna os encontros ainda mais triviais, pois equipas de jogadores experientes podem eliminar alvos de alto nível com pouco risco.
Dito isto, para novos jogadores, esta acessibilidade não é necessariamente algo negativo. A remoção de algumas das mecânicas mais complicadas de Monster Hunter, juntamente com melhorias na qualidade de vida, faz de Wilds a entrada mais amigável para novatos. No entanto, os veteranos podem sentir falta da preparação meticulosa e da dificuldade punitiva que tornavam os títulos anteriores tão gratificantes.
Resta concluir que Monster Hunter Wilds é uma experiência deslumbrante, empolgante e polida, que refina os elementos centrais da franquia enquanto a torna mais acessível do que nunca. No entanto, ao fazê-lo, perde parte do desafio e da profundidade que tornavam os jogos anteriores tão satisfatórios.
Nota: 8,5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.