Jogos: Liberated – Análise
Liberated é um jogo que teve uma data de lançamento peculiar. De certa maneira, parecia que os desenvolvedores já estavam a prever os acontecimentos que pautam os noticiários dos últimos dias. Mas, se esquecermos esse pormenor, continua a ser um jogo no mínimo intrigante.
A história do jogo, que nos é contada através de páginas de banda desenhada e, de uma forma bastante explicita, de forma a não deixar nenhum pormenor de fora, é sobre uma sociedade distópica em que o governo controla a vida de todos os cidadãos. Qualquer motivo que fuja da norma é algo que faz com que sejamos automaticamente abordados ou investigados pelo dito governo e, sejamos nós extrovertidos ou introvertidos, podemos a qualquer momento estar a ser vigiados. Existem câmaras por todos os lados e polícia ainda mais. Além disso, a história é contada como se fosse vários números de livros de banda-desenhada com uma temática mais noir e onde a qualquer momento as personagens que controlamos podem mudar, mesmo que a história de uma personagem vá complementando a história de outra.
Na verdade, podemos até dizer que Liberated é uma história interativa que se disfarça de jogo, já que grande parte do tempo passamos a ver os quadrados da banda desenhada a serem “desenhados”, com um ocasional Quick Time Event (que são imensos e possivelmente, uma das coisas mais irritantes do jogo) e depois, a certa altura passamos para ação. Ação essa que se baseia em quatro pilares: esconder, correr, disparar e completar puzzles. Não posso negar que são mecânicas bastante simples, especialmente a de correr e disparar, mas tornam-se cativantes e divertidas a certo momento. Especialmente, se tivermos em conta que continuamos dentro da banda desenhada e que, a qualquer momento podemos passar de um quadro para o outro (por exemplo, quando estamos a descer uma pequena entrada entre duas plataformas).
E se correr e disparar é algo simples e divertido, o modo de completar puzzles poderá deixar o jogador um pouco cansado. São imensos puzzles espalhados pelos níveis de jogo. Para terem noção, ao fim de dois capítulos (o que equivale a duas edições da banda desenhada) já tinha resolvido cerca de meia dúzia de puzzles e, por norma, são desafios frustrantes e que podem facilmente tirar a diversão ao jogo. Num jogo destes, o que procuramos é divertimo-nos enquanto encontramos a melhor forma para lutar contra um governo que controla toda a gente, não queremos estar durante meia hora ou quarenta e cinco minutos a organizar um monte de fitas para fornecer energia a uma porta.
Existe, na minha opinião, outro erro gravíssimo neste jogo, nomeadamente o tempo de carregamento. Por norma, ficamos especados a olhar para o ecrã à espera de que uma página se vire para continuarmos a ver um “vídeo”, ou até mesmo para iniciar o nível em si. Os desenvolvedores da Atomic Wolf já anunciaram uma atualização para melhorar os tempos de carregamento. No entanto, deliciei-me com a banda sonora coberta de suspense. É fantástico estar numa situação de aperto e ter uma música que nos faz ficar ainda mais nervosos. Além de que os efeitos dos disparos melhoram a temática de ser uma banda desenhada, estando os níveis recheados de “BANG” e “HEADSHOT”.
Resta concluir que, Liberated é uma proposta interessante e que qualquer fã de banda desenhada noir vai adorar, especialmente aqueles que são fãs de Frank Miller ou Alan Moore já que se nota que inspiraram bastante os desenvolvedores. Porém, mesmo aqueles que estão apenas à procura de um jogo de ação, têm aqui uma proposta que vos vai deixar com água na boca e com desejo de jogar ainda mais.
Nota Final: 8/10
Liberated encontra-se já disponível para Nintendo Switch (versão testada). Versões para PC, PlayStation 4 e Xbox One serão ainda lançadas em 2020
Os Desaparecidos em Combate da BD portuguesa
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.