Jogos: Indiana Jones and the Great Circle – Análise
Indiana Jones and the Great Circle apresenta uma das melhores oportunidades para entrarmos no papel do famoso explorador.
Jogo: Indiana Jones and the Great Circle
Disponível para: PC, Xbox Series, PlayStation 5 (em breve)
Versão testada: PC
Desenvolvedora: MachineGames
Editora: Bethesda Softworks
A MachineGames é conhecida pelo seu trabalho na série moderna Wolfenstein, e há certamente ecos dessa herança em Indiana Jones and the Great Circle. Tal como The New Order e os seus excelentes sucessores, The Great Circle é um jogo na primeira pessoa, altamente focado na narrativa. Ao contrário de Wolfenstein, The Great Circle aposta numa abordagem mais pausada e paciente, com exploração e furtividade a serem os elementos principais – onde as armas raramente (e apenas em situações muito específicas) são uma opção viável.
Devo dizer que, antes de mais, muitos esperariam que um jogo de Indiana Jones lançado em 2024 seguisse a fórmula dos sucessos de Uncharted. Não seria surpreendente, especialmente considerando que títulos como Indiana Jones and the Infernal Machine e Indiana Jones and the Emperor’s Tomb já tinham adotado um estilo semelhante ao de Tomb Raider. Contudo, The Great Circle não é uma cópia de Uncharted – e isso é uma enorme vantagem. É um jogo de Indiana Jones que eu não sabia que queria, e às vezes, essas são as melhores surpresas.
A perspetiva em primeira pessoa oferece a The Great Circle uma sensação fantástica de escala. Observar a Grande Pirâmide do Egito ou um gigantesco navio de guerra nazi no topo de uma montanha nos Himalaias, ao nível dos olhos, tem um impacto muito mais pronunciado. Também acrescenta uma maior imersão aos puzzles: ler documentos, manipular objetos diretamente e assistir aos resultados dá a impressão de estarmos num conjunto de escape rooms altamente detalhadas e realistas.
Os puzzles aparecem frequentemente, mas são, na maioria, bastante acessíveis. No entanto, alguns são suficientemente desafiantes para proporcionar aquela satisfação única de resolver algo complicado. Se ficarem bloqueados, existe um sistema de dicas inteligente e discreto: basta tirar uma foto do puzzle com a câmara do jogo para obter ajuda. Além disso, o nível de detalhe visual é impressionante. Desde os vestígios deixados num vidro recém-limpo até ao lento escorrer de cera de uma vela numa escadaria antiga, os ambientes são ricos e cheios de pequenos pormenores que reforçam a autenticidade do mundo.
Depois de um curto prólogo nostálgico que revisita uma cena de Raiders of the Lost Ark, o jogo transporta-nos para Marshall College, o famoso campus associado a Indy. Este nível é uma homenagem magnífica ao universo da série, com camadas de detalhes que vão desde bustos de figuras históricas até vitrinas cheias de artefactos exóticos.
As viagens continuam por locais deslumbrantes como a arquitetura detalhada do Vaticano, as escavações nos desertos egípcios e os templos submersos de Sukhothai. Cada nível é cuidadosamente desenhado, oferecendo variedade visual e exploratória, enquanto o conceito arqueológico de “o grande círculo” funciona como uma excelente desculpa para justificar a constante mudança de localizações.
A narrativa é um dos pontos mais fortes do jogo. Troy Baker entrega uma performance surpreendente como Indiana Jones, aproximando-se da voz icónica de Harrison Ford, enquanto David Shaughnessy presta um tributo respeitoso ao falecido Denholm Elliot como Marcus Brody. Marios Gavrilis também se destaca como o vilão nazi Emmerich Voss, adicionando um toque de ameaça com a sua interpretação venenosa.
O combate em The Great Circle é satisfatoriamente brutal, mas mantém-se fiel às raízes familiares da série. O sistema de luta corpo a corpo, que envolve bloquear e desferir golpes em tempo certo, é visceral e empolgante, especialmente em perspetiva de primeira pessoa. A utilização do icónico chicote de Indy para desarmar inimigos ou atordoá-los antes de os atacar acrescenta uma camada extra de estratégia.
No entanto, o sistema de resistência, que se esgota enquanto Indy corre, escala ou luta, pode ser frustrante, interrompendo a fluidez da ação sem adicionar muito valor. Também há problemas ocasionais de inteligência artificial, como inimigos que falham em usar armas quando seria lógico, ou mecânicas de disfarce que, em alguns casos, desafiam a lógica narrativa.
Enquanto a narrativa principal é envolvente e rica, The Great Circle também sofre com algumas escolhas questionáveis na estrutura do mundo aberto. Embora os ambientes sejam impressionantes, o jogo apresenta missões secundárias e colecionáveis – como lutas clandestinas ou a busca por gatos desaparecidos – que pouco acrescentam à experiência. Este tipo de conteúdo dilui a identidade de um jogo que deveria ser focado na narrativa e aventura épica de Indiana Jones.
Indiana Jones and the Great Circle capta a essência da série com uma história empolgante, cenários deslumbrantes e mecânicas envolventes de exploração e combate. Apesar de alguns elementos menos inspirados no mundo aberto, a narrativa principal brilha como uma das melhores aventuras de Indiana Jones já realizadas.
Nota: 8,5/10
https://www.youtube.com/watch?v=sq97d1RkdRM
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.