Jogos: Freedom Wars Remastered – Análise
Mais de uma década após o seu lançamento original na PS Vita, Freedom Wars regressa, renovado e aprimorado com um toque de alta definição.
Jogo: Freedom Wars Remastered
Disponível para: PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch
Versão testada: PlayStation 5
Editora: Bandai Namco
Em tempos, a Dimps desenvolveu Freedom Wars para a PS Vita e a Sony publicou. Desta vez, a Bandai Namco assumiu as rédeas para dar a este RPG de ação de culto uma nova oportunidade de brilhar com Freedom Wars Remastered, trazendo-o para plataformas modernas com visuais melhorados e um desempenho mais fluido.
No seu cerne, Freedom Wars é um jogo sobre controlo, opressão e a luta desesperada pela liberdade. O cenário é brutal: a humanidade é forçada a viver em mega-prisões subterrâneas chamadas Panopticons, onde os recursos são escassos e simplesmente existir resulta numa pena de um milhão de anos. Para reduzir a sua pena, os jogadores devem enfrentar missões de combate de alto risco, lutando contra monstros gigantes chamados Abductors e contra outras Panopticons para obter recursos preciosos.
A sensação de opressão é magistralmente transmitida. A cada momento, o jogo relembra que és um prisioneiro. Queres correr por mais de alguns segundos? A tua pena aumenta. Interagir com outros prisioneiros? Mais tempo adicionado. Até mesmo pequenas liberdades, como mudar de roupa, estão bloqueadas até conquistares o direito a elas. É um conceito fascinante e imersivo que faz com que Freedom Wars se destaque entre outros RPGs de ação.
Se Freedom Wars tem um grande trunfo, é o seu sistema de combate. Não se trata de um simples hack-and-slash ou shooter. Em vez disso, combina combate corpo a corpo e à distância com um sistema único chamado Thorn. Estes ganchos permitem aos jogadores movimentar-se rapidamente pelo campo de batalha, agarrar-se aos inimigos e até arrancar-lhes partes da armadura. A verticalidade adiciona uma dimensão extra às batalhas, permitindo abordar os inimigos de ângulos diferentes, em vez de simplesmente os atacar de frente.
Com um arsenal que inclui espadas, martelos, lança-foguetes e metralhadoras, além da possibilidade de personalizar armas e companheiros de IA, o jogo oferece profundidade estratégica. O sistema Module reformulado no remaster torna a melhoria do equipamento mais intuitiva, permitindo maior personalização e variedade de jogabilidade. Quer prefiras força bruta ou táticas de precisão, Freedom Wars dá-te as ferramentas para jogar ao teu estilo.
Embora Freedom Wars Remastered traga melhorias bem-vindas—resolução mais alta, 60fps (exceto na Switch) e um esquema de controlos refinado—não consegue escapar completamente às limitações da sua origem portátil. As missões, apesar de emocionantes no início, tornam-se repetitivas, baseando-se em variações de “resgatar civis” ou “derrotar Abductors”. Os ambientes também parecem vazios e sem inspiração, com muitas áreas a parecerem genéricas e desprovidas de vida.
O áudio, contudo, é onde o jogo realmente desilude. A mistura de som é um desastre, com a música de fundo muitas vezes a sobrepor-se aos diálogos. Ainda pior, as personagens secundárias são dobradas por um sistema de texto-para-fala horrível, que pronuncia algumas palavras corretamente e outras de forma completamente errada, tornando as interações estranhamente robóticas. É tão mau que parece uma escolha intencional—seja como uma decisão de design questionável ou por pura preguiça.
Além disso, há a ausência de comodidades modernas. Não há registo de diálogos, nem botão para avançar automaticamente nas conversas, nem múltiplos espaços de gravação, e o sistema de bloqueio de alvo é desajeitado, exigindo que mantenhas pressionado um botão para travar a mira—e mesmo assim, só em partes específicas do inimigo. Estes detalhes podem parecer pequenos, mas juntos tornam a experiência um pouco mais frustrante do que deveria ser.
Apesar das suas falhas, Freedom Wars Remastered continua a ser um RPG distópico envolvente e único. O combate emocionante, a personalização profunda e a construção de mundo intrigante fazem dele uma experiência que vale a pena—especialmente para fãs do original ou para aqueles que procuram algo diferente dos habituais Monster Hunter. No entanto, a estrutura repetitiva das missões, as escolhas de design ultrapassadas e os problemas de áudio impedem-no de ser um verdadeiro remaster de excelência.
Nota:7/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.