Jogos: Análise – Need for Speed Unbound
A saga Need for Speed está de regresso, continuando a sua iteração pelas consolas da nova geração. Reinventado em 2015, com o título homónimo, o jogo prosseguiu pela acção no deserto em Payback e trouxe as cores neon em Heat. Need for Speed Unbound muda o jogo ao introduzir novos elementos visuais, com uma nova cidade e o regresso da Criterion no desenvolvimento, desde Need for Speed Rivals, este em colaboração com a Ghost Games.
Bem-vindos a Lakeshore City, onde a nossa personagem, masculina ou feminina, está no meio de uma história de traição e muita velocidade. Com a sua reputação em linha, vamos conhecendo o submundo das corridas ilegais, fazendo o nosso nome nas ruas, seja de dia ou de noite.
Isto é, muito resumidamente, o modo história de Need for Speed Unbound, onde temos oportunidade de também conhecer esta cidade nova, desbloquear carros e participar noutras actividades antes de darmos o grande salto para o modo multijogador, que desta vez está separada, em partes, do modo história. Mas já lá chegamos a isso.
Talvez a grande novidade da série, é a introdução de animações cel-shading, ao bom estilo japonês, o mesmo visto no clássico Auto Modelista, da era da PlayStation 2 e desenvolvido, estranhamente, pela Capcom. Para melhor ou pior, estas animações estão limitadas às personagens e pequenos detalhes nos carros, como as asas que aparecem quando acelerarmos num salto, ou a substituir o fumo dos pneus por gráficos coloridos. São detalhes opcionais, é certo, mas que oferecem um factor diferenciador e pessoal ao título, pelo que deverá com certeza ser aquilo que as pessoas irão mais associar Unbound na história dos vídeojogos.
O submundo está mais presente que nunca, com diversas colaborações com marcas de roupa, como a Alpha Industries, Versace e Palace – esta última com um destaque especial – onde podemos vestir a nossa personagem como mais queremos. Também presente está o amor pela arte de graffiti, espalhados pela cidade e coleccionáveis, com versões personalizadas para o nosso carro.
Imprescindível, como seria de esperar, é a incrível banda sonora de culto, com uma variedade impressionante de artistas que nos irão acompanhar enquanto exploramos e corremos as ruas, onde A$AP Rocky tem uma presença especial, não só como personagem, mas o seu icónico Mercedes-Benz em duas cores está disponível para conduzir.
São vários os elementos de jogabilidade que regressam em Unbound. Os diversos carros disponíveis têm todos eles o seu próprio estilo de condução, que poderá ser alterado com peças específicas e torná-lo mais ao nosso gosto, ou o que fizer mais sentido para o tipo de corrida. Estes podem ser corridas de rua normais, ou eventos de drifting, todos eles divertidos e desafiantes q.b., à medida que vamos melhorando os nossos veículos, e tendo acesso a outros mais poderosos.
Aliás, é essa colecção de carros disponíveis para o nosso bel-prazer que são, naturalmente, a maior atracção do jogo. Desde clássicos americanos, a super-carros europeus, nunca esquecendo os jipes todo-o-terreno, há um pouco de tudo. Notável é novamente a ausência da Toyota na série Need for Speed, novamente devido ao conteúdo de corridas ilegais, uma decisão ainda mais estranha quando a marca Japonesa de automóveis lançou um anúncio promocional nesse mesmo contexto.
Mais importante que os carros são as centenas de opções de personalização, com rodas e body-kits capazes de tornar qualquer veículo básico e aborrecido, num estiloso automóvel com tanta personalidade quanto a pessoa que está a conduzir, incluindo várias peças de diversas marcas respeitadas na área.
Por outro lado, o sistema dia e noite vindo de Heat está diferente neste jogo, podendo concluir actividades diurnas, que vão aumentando a notoriedade que a polícia irá dar, com esse número a manter-se à noite, tornando as corridas nocturnas em potenciais riscos máximos. No entanto, a polícia neste jogo parece dar algumas tréguas em comparação com o jogo anterior, retirando muita da frustração agressiva que tínhamos durante as nossas fugas, aqui menos frustrantes.
Uma vez concluído o modo história, com todas as suas peripécias, o salto para o modo multijogador faz-se de forma natural, onde jogadores podem competir com outros jogadores e explorar a cidade em busca de coleccionáveis a troco de dinheiro. Aqui as corridas tendem ser mais desafiantes, já que estamos a competir com outros jogadores, mas há muito espaço para desfrutar de bons serões online para ganhar dinheiro e investir na nossa colecção de carros.
À data de publicação desta análise, as notícias relativamente a novos conteúdos a serem lançados no futuro são escassas, com a promessa destas actualizações serem gratuitas, e que irão incluir novas experiências para os jogadores. Em que forma irão chegar, o tempo irá ditar.
Assim, Need for Speed Unbound é mais um título da aclamada série de corridas, com muito para explorar e muito para correr. Ainda que os novos elementos não mudem de forma drástica a abordagem da sua fórmula vencedora, existe aqui um jogo muito sólido para jogar e passar muitas horas, com inúmeras opções disponíveis para satisfazer não só o nosso capricho por alta velocidade, mas também a nossa visão criativa. Por vezes, mais vale melhorar o producto existente para algo que funcione bem, invés de inovar totalmente de forma constante, e Unbound é um desses casos, oferecendo um jogo que irá com certeza agradar a fãs e ser um bom jogo introdutório a novos jogadores.
Nota Final: 8/10
Need for Speed Unbound está disponível para Xbox Series X|S (versão testada), PlayStation 5 e PC.
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.