JLA Ano Um
Em 1998 a DC lançou numa maxi-série de 12 edições, mais tarde reunidas num TPB, um novo olhar sobre as origens da sua maior equipa, a Liga da Justiça da América.
Os criadores escolhidos foram o escritor Mark Waid e o artista Brian Augustyn, equipa já habituada a trabalhar junta em Flash (se bem que nessa altura Augustyn fosse primeiro o Editor e depois o co-escritor da mesma) e que era conhecida pela sua paixão e conhecimento da história da DC. A série era de algum modo esperada já que a origem da equipa sofreu sempre bastantes alterações à mesma após as diferentes maxi sagas que abalaram o Universo da DC e neste caso mais do que a origem, focou-se na camaradagem e como se uniu e criou-se uma equipa coesa com 5 indivíduos muito diferentes uns do outro.
Lanterna Verde (Hal Jordan) era um herói novo, arrogante e com vontade de estar sempre no centro da ribalta.
Flash (Barry Allen) era mais calmo, tímido mas de uma certa forma alguém que transmitia mais confiança e estabilidade.
Canário Negro (Dinah Lance) era uma heroína de segunda geração e por estar habituada a conviver com os outros heróis não se inibe de estar sempre a fazer comparações entre ambos.
Aquaman era alguém a habituar-se à vida na superfície já que viva debaixo de água e para ele nem via porque devia ser considerado um super-herói.
Caçador de Marte era um alien que não sabia se podia confiar nos seus parceiros.
A série focava nas diferenças entre eles, em especial a dificuldade de Aquaman em falar com todos (som viaja de forma diferente debaixo de água) e o facto de Canário ser a única heroína e sofrer algumas atitudes machistas dos restantes membros da equipa. A falta de medo de Hal, a calma de Barry e a versatilidade de J’onn são outras das coisas abordadas ao longo da série e como isso faz com que eles se tornem a equipa mais respeitada do Universo DC e que todos os restantes heróis e heroínas os respeitem e sigam a sua liderança na batalha final da saga contra uma invasão alien.
A equipa criativa faz um excelente trabalho a mostrar a diferença deles todos quer enquanto equipa quer quando estão sozinhos na sua vida pessoal já que é mostrada essa vida também em conjunto com as aventuras enquanto super heróis. A série tem momentos cómicos que nos fazem identificar-nos ainda mais com estes heróis, situações como as que Dinah pede ao flash apoio para ajeitar as botas enquanto este diz “devias repensar usar saltos altos já que não são nada práticos numa batalha” e ela agarra nas “asas” laterais da sua máscara para tapar os seus olhos ou o Aquaman a tentar aprender inglês lendo um livro infantil que ensina essa língua são situações que os tornam mais “humanos” aos nossos olhos.
Para além dessa interacção entre membros da equipa, o plot recorrente é o de um adversário que ataca a equipa desde a formação da mesma e que no final vem-se a descobrir que se trata de uma tentativa de invasão alienígena do planeta natal dos extraterrestres que os nossos heróis derrotaram ainda antes de se unirem como uma equipa. Pelo meio eles utilizam vilões como Vandal Savage e outros para irem distraindo os heróis enquanto preparam a melhor forma de os derrotar, uma dessas distracções ia sendo fatal para todos eles quando o vilão Brain utilizando tecnologia dos aliens consegue tirar aquilo que dá poder aos nossos heróis. Vira mais ou menos um monstro Frankestein com o braço que tem o anel do Lanterna Verde, os olhos do Caçador de Marte, a caixa vocal da Canário e as pernas do Flash.
Os heróis precisam de ajuda da Doom Patrol (Patrulha do Destino) e Aquaman que estava com essa equipa para ultrapassar essas adversidades e isso faz os ver que afinal são bastantes fortes como equipa e não precisam somente dos seus poderes para conquistar uma vitória e passar por cima dos obstáculos e que nasceram mesmo para ser heróis, é algo já inerente na sua personalidade e parte da sua vida.
Existem cameos de personalidades várias do universo DC que irão ser conhecidas no futuro como Ted Kord e Maxwell Lord, algo que dá outro elan à coisa toda e mais um motivo para achar piada a toda esta viagem ao passado. A batalha final é bem elaborada, os desenhos são sempre fluidos e com um ar nostálgico suficiente para percebermos que não era algo actual e que todos aqueles heróis estavam ou no seu começo ou no seu auge, e é muito bem elaborado a forma como a Liga toma as rédeas da situação e dá “ordens” a todos os heróis sejam eles novatos, veteranos de primeira ou segunda linha e todos eles as seguem e sentem-se honrados por isso.
Uma leitura obrigatória quer a fãs da equipa quer a quem queira passar um bom bocado.
Nota 10 em 10.
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.