Hell of an Office: Vida de escritório

Hell of an Office luta por um lugar no pódio do speedrun, enquanto atravessa uma vida de escritório infernal.

    

Jogo: Hell of an Office
Disponível para/Plataforma testada: PC
Estúdio: 43 Studios
Editora: Joystick Ventures

Para situar o leitor, Hell of an Office é um jogo de plataformas focado em speedrunning que pega num cenário mundano – o típico ambiente de escritório corporativo – e transforma-o num verdadeiro Inferno, misturando jogabilidade caótica com humor e ação de alta adrenalina. Se há algo que impressiona é o facto de o jogo dar uma reviravolta única no tema comum da monotonia corporativa, transformando-o numa corrida febril contra o tempo, cheia de lava, demónios e cubículos, muitos cubículos.

A jogabilidade é simples, mas brutal, concentrando-se em navegar por ambientes de escritório infernais com uma complexidade crescente. O jogador controla um trabalhador de escritório descontente, armado com um agrafador-foguete que serve tanto como arma quanto como ferramenta essencial para a movimentação. O objetivo principal de cada nível é chegar à saída o mais rapidamente possível, e fica claro desde o início que o jogo gira em torno da mobilidade.

A mecânica do agrafador-foguete é o que faz Hell of an Office funcionar. Ao agrafar o chão, paredes e tetos, o jogador pode propulsionar-se em qualquer direção, aumentando a velocidade ou evitando obstáculos mortais. Quanto mais proficiente se torna no uso desta mecânica, mais rápido e fluido é o movimento através dos níveis, transformando o que inicialmente parece caos numa sinfonia de velocidade e precisão.

Assim como títulos clássicos de speedrunning como Super Meat Boy ou Celeste, Hell of an Office oferece um elevado nível de dificuldade. Os erros são frequentes, mas o jogo incentiva a tentativa e erro, com recomeços rápidos que nunca se sentem como punição.

O design dos níveis é onde Hell of an Office realmente brilha. Embora o jogo decorra num cenário repetitivo (um escritório no Inferno), encontra formas de variar os visuais e o layout para manter o jogador envolvido. As fases iniciais são relativamente simples, com cubículos e armários de arquivo, mas à medida que se avança, o escritório começa a distorcer-se em paisagens infernais surreais—pensa em escadas em chamas, balcões de receção em brasa e filas de fotocopiadoras demoníacas.

Cada fase oferece múltiplos caminhos e atalhos, tornando o jogo um sonho para os speedrunners. Há uma satisfação inegável em descobrir uma rota que reduz preciosos segundos do teu tempo, e o sistema de tabelas de classificação encoraja-te a repetir os níveis para melhores tempos. A dificuldade dos níveis aumenta à medida que sobes na “escada corporativa” do Inferno, o que significa que serás constantemente desafiado a melhorar as tuas habilidades à medida que novos mecânicas e perigos são introduzidos.

Visualmente, o jogo adota uma abordagem minimalista, mas eficaz. Os espaços de escritório são angulares e exagerados, com contrastes fortes entre os cubículos frios e estéreis e os tons vermelhos e laranjas do Inferno. Há um humor negro e satírico no design – muitas piadas visuais, como memorandos flutuantes do departamento de recursos humanos do Inferno ou máquinas de venda automáticas infernais. Embora o jogo esteja longe de ser graficamente intenso, o estilo artístico cumpre o seu propósito: enfatizar a velocidade e precisão. A estética foca-se mais na criação de ambiente do que no detalhe gráfico puro, e neste caso, funciona. 

O design sonoro é uma mistura de batidas eletrónicas de alta energia que combinam com o ritmo frenético da jogabilidade. É alto, intenso e implacável, ajudando a aumentar a adrenalina nos momentos de alta pressão. Ocasionalmente, ouvem-se risadas demoníacas ou sons industriais de escritório, como teclados a bater ou telefones a tocar, acrescentando ao caos infernal do ambiente de trabalho.

Além disso, o verdadeiro sumo do jogo está no facto de podermos repetir cada nível quantas vezes quisermos. Cada nível classifica-te com base no tempo, incentivando-te a melhorar a cada tentativa. A sensação de dominar um salto difícil ou encontrar um novo caminho é incrivelmente satisfatória, e com mais de 100 níveis, o jogo oferece bastante conteúdo para quem gosta de desafios. Para os jogadores competitivos, as tabelas de classificação online adicionam uma camada extra de incentivo, permitindo-te competir com jogadores de todo o mundo pelos melhores tempos.

Para quem não está tão interessado em speedrunning, no entanto, Hell of an Office pode parecer um pouco nicho. A falta de profundidade narrativa ou modos adicionais pode afastar os jogadores que procuram mais do que apenas um desafio de alta adrenalina. Embora o jogo consiga manter-te envolvido no momento, há pouco incentivo para continuar a jogar além de melhorar os tempos ou completar os níveis mais difíceis.

Resta concluir que, Hell of an Office é uma plataforma de alta velocidade que se destaca no que faz melhor: oferecer uma experiência apertada e frenética para aqueles que adoram precisão e rapidez. O seu humor, estética sombria e design criativo dos níveis acrescentam sabor a um jogo que, essencialmente, é uma experiência de speedrunning direta.

Nota: 8/10