Frostpunk 2: prosperar ou congelar
O Central Comics experimentou a sequela de um jogo que marcou o seu género, mas será Frostpunk 2 uma evolução ou um retrocesso?
Jogo: Frostpunk 2
Disponível para: PC (Steam), PS5, XboxSX/S,S
Plataforma testada: PC
Estúdio: 11 bit studios
Editora: 11 bit studios
Sinopse de Frostpunk 2
Passados 30 anos desde um apocalipse gelado ter devastado a Terra, além dos implacáveis elementos, temos também de enfrentar as poderosas fações em assembleia para não só sobreviver, mas prosperar nesta sequela de Frostpunk, um título que ajudou a definir o género de colony survival.
Frostpunk 2 está a ser desenvolvido e distribuído pela 11 bit studios.
Análise TLDR de Frostpunk 2
Em resposta ao parágrafo de entrada deste artigo, tenho a dizer que, para mim, esta sequela não é uma evolução nem um retrocesso em relação ao título original. Diria que é mais uma espécie de desvio, já que foram deixados de fora elementos que definiam e valorizavam Frostpunk, mas, por outro lado, foram também acrescentados outros elementos que conferem a Frostpunk 2 a sua própria identidade.
Em suma, este é um colony survival muito bom por direito próprio, mas não posso deixar de lamentar que se tenha perdido um pouco da aura deste universo.
História de Frostpunk 2
A ação de Frostpunk 2 decorre numa realidade distópica, por volta do final da Era Vitoriana, 30 anos depois de um cataclismo gelar a Terra e dizimar a humanidade. Após estabelecer as bases para uma colónia estável, chegou o momento de prosperar, expandir e reconquistar a Terra.
Jogabilidade de Frostpunk 2
Uma das maiores diferenças entre este e o primeiro jogo é precisamente a jogabilidade. Se bem que mantém o conceito de gerador central a distribuir calor para impedir que as pessoas congelem e adoeçam, este não segue a lógica de dissipação térmica do primeiro jogo, sendo agora distribuído em geral, com bónus adicionais de terreno e proximidade de outros distritos.
Frostpunk 2 coloca alguma distância adicional entre nós, os jogadores, e as pessoas que compõem a nossa cidade, perdendo alguma da imersão e da empatia imbutidas na experiência do jogo original. Por outro lado, passamos a gerir a um macronível, isto é, não estamos a tentar estabelecer uma pequena colónia, mas sim a explorar o mundo para projetos de expansão.
Outra diferença é que deixamos de tentar controlar o povo em geral e passamos a tentar equilibrar em assembleia, ao estilo dos pratos chineses, as várias fações adversárias entre si e com interesses próprios. Para evoluir, a sociedade precisa de leis e, para aprovar leis, é necessário obter votos. Estes votos não são fáceis de obter, especialmente nos casos em que nenhuma das fações é a favor de uma medida que nos interessa ou é mesmo crucial. Para o conseguirmos, temos de recorrer a diplomacia, promessas, favores e aprovar agendas que interessem a cada parte em específico, enquanto evitamos, o melhor que podemos, aprovar agendas às quais se oponham.
Para não variar, o sistema de construção de edifícios mudou e faz-se agora por distritos, não só por edifícios. Foi também acrescentada a mecânica em que é necessário limpar o gelo do terreno antes de construir, a troco de mão de obra.
Por falar em mão de obra, os recursos funcionam agora numa espécie de base de oferta e procura, em que se a produção exceder a necessidade, vamos acumulando recursos consoante a nossa capacidade de produção e armazenamento, que podemos usar em crises de procura ou durante quebras de produção.
Por fim, há o sistema de exploração, em que partimos à descoberta de novas áreas e de pontos de interesse, onde podemos estabelecer postos avançados, novas colónias, obter recursos, etc. Em Frostpunk 2, este conceito está explorado mais a fundo e a jogabilidade central depende muito dele.
No geral, a jogabilidade é bastante satisfatória e confere a este título um estatuto sólido entre o género de colony survival.
Gráficos e som de Frostpunk 2
Finalmente, posso falar em algumas semelhanças entre Frostpunk e Frostpunk 2.
A atmosfera é idêntica ao primeiro, com o espesso fumo do vapor de carvão e petróleo a salpicar o estilo steampunk na vasta paisagem branca de um mundo congelado. Porém, os gráficos e as cut scenes foram algo em que me pareceu observar uma clara melhoria.
O som segue a mesma lógica, a num nível muito alto, ainda assim algo ofuscado pela beleza dos gráficos.
Postas de pescada e um par de botas
Há duas formas de encarar a análise de Frostpunk 2: basear a classificação numa comparação direta entre o título anterior, ou analisar o título pelo seu próprio valor. Embora tenha decidido a segunda via e considere Frostpunk 2 como um bom jogo por si só, o sucesso do primeiro título deste universo teve um impacto demasiado grande para não deixar de referir que, numa comparação direta, livre e subjetiva dos dois, considero o Frostpunk original melhor.
Ainda assim, fãs do género colony survival e quem procura um jogo de estratégia cativante com potencial para lá se afundarem umas boas horas de vida, Frostpunk 2 é uma aposta segura.
+++
Gráficos, atmosfera, estilo e jogabilidade.
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Perda da identidade de Frostpunk, em que algumas decisões nos pesavam na alma, perda de empatia com os habitantes e a gestão das relações entre fações pode tornar-se aborrecida.
Classificação: 7,5/10
Frostpunk 2 está disponível no Steam por 44,99 €, o que lhe valeu menos meio ponto na classificação final e me força a aconselhar que esperem por uma promoção.
Para terminar, fica a dica indispensável: não está frio, não está orvalho, está é um briol do… trabalho? De certeza que é algo assim do género.
Trailer de Frostpunk 2:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!