Entrevista a Vanda Rodrigues (editora da Arte de Autor)
A convite do Central Comics, a editora da Arte de Autor, Vanda Rodrigues, aceitou responder a algumas perguntas sobre o passado, presente e futuro deste projecto.
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Central Comics: Quando surgiu a Arte de Autor e quais eram os seus objectivos primários?
Vanda Rodrigues: A Arte de Autor surgiu numas férias em Bilbao em resposta a um desafio lançado por um casal de amigos. O objectivo era o de editar BD franco-belga, que faz parte da nossa vida.
CC: Quando começaram já tinham o objectivo de ir buscar séries que tinham sido anteriormente começadas por outras editoras, como por exemplo Bouncer?
VR: O objectivo era editar franco-belga, pois em 2015 praticamente não se editava. Completar séries foi uma consequência das séries incompletas dos nossos livros de BD, que foram sucessos nacionais e que gostamos de ler em português.
CC: Temos visto muitas republicações ao longo das décadas, ora em colecções com jornais, ora de forma autónoma. Ainda há público para mais uma reedição de Corto Maltese, por exemplo?
VR: O público existe, o poder de compra é controlado, pelo que apostamos em séries que são bestsellers, das quais gostamos e que já tendo sido editadas por várias editoras têm qualidade e formatos diversos.
Consideramos que a nossa oferta/ formato são “merecedores prestigiantes” das séries que estamos a reeditar. Ex: o CORTO MALTESE são co-edições europeias, impressos pela própria CASTERMAN permitindo colecções completas de excelente qualidade.
CC: Neste momento há uma grande lacuna em Portugal ao não ser publicado banda desenhada franco-belga contemporânea que não seja de autores há muito consagrados, como os vossos exemplos Caravaggio do Manara
ou Duke, do Hermann. Porque é que isso acontece? Achas que o risco de vendas baixas é demasiado grande para que nenhum editor português queria arriscar?
VR: A banda desenhada franco-belga no nosso país tem, por tradição, um público dentro da minha faixa etária. Existem muitas falhas na edição de autores que conhecemos, e foi esse o nosso foco inicial. O público mais jovem tendencialmente aprecia Comics, Manga e Autores Portugueses.
Apostámos por exemplo no livro da “Julie Maroh – O Azul é uma cor quente”, um bestseller europeu e que por cá tem vendas modestas, e nas adaptações dos romances da Agatha Christhie. Iremos continuar a editar novos autores, sempre que acharmos que se adapta ao nosso mercado.
CC: Já perderam alguma série que gostariam de publicar, para uma editora concorrente?
VR: Sim, séries e livros, nada demais e até é estimulante, pois obriga a estarmos atentos à oferta e aos nossos concorrentes.
CC: O que podemos esperar da Arte de Autor para o resto de 2019 e 2020? Há novas séries na calha?
VR: Temos agora a nova série “Verões Felizes” – Zidrou e Jordi Lafebre (álbuns duplos). Outras estão a ser negociadas, pelo que oportunamente divulgaremos.
CC: Têm como objectivo alguma vez publicar autores portugueses?
VR: Embora já tenhamos tentado editar 2 autores portugueses, não é esse o nosso objectivo de momento. A edição de autores portugueses está a ser muito bem feita por outras editoras, pelo que não vamos alterar os nossos objectivos.
CC: O que é que ainda falta fazer na editora, em todos os sentidos?
VR: A BD atravessa um certa estagnação, ameaçada pelos novos medias e uma editora precisa de se adaptar a esta realidade. O que falta (sempre) fazer, até porque é um processo evolutivo, é uma presença digital mais marcante de modo a “envolvermos” os leitores, por isso estamos a melhorar o site, mas todos os dias temos outras “prioridades” que nos amarram às coisas pequenas do dia-a-dia.
CC: Uma pergunta do meu gosto pessoal agora. Haverá hipótese de lançarem a série Incal como deve de ser? Com todas as prequelas, sequelas e o spinoff Metabarões?
VR: Resposta pessoal: pois, pois….a questão é simples – o investimento não terá retorno dada a dimensão da obra, mas podes encontrar em https://www.humano.com/work/41
Agradecemos o tempo dispensado e muitas felicidades para o futuro.
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.
Infelizmente, ao que, parece…apostas mais “arriscadas” em BD parece-me que apenas podem ser feitas em colecções do tipo “Novelas Gráficas” do Público+Levoir.
Eu bem tenho umas quantas colecções coxas. Umas porque na altura não consegui comprar, outras porque os editores interromperam a publicação.