Cyberpunk 2077: Sucesso ou fracasso?
Após o seu anúncio em 2012, Cyberpunk 2077, o sucessor mais recente numa linha de jogos situados no universo Cyberpunk, tem vindo a ser um dos títulos mais dececionantes na história dos videojogos.
Com o sucesso colossal de The Witcher 3, seria de esperar que o grande jogo seguinte da desenvolvedora CD Projekt Red se tornasse igualmente num sucesso, mas, após sucessivos adiamentos, foram necessários 8 anos para este finalmente ver a luz do dia. E que deceção foi.
Desde a sua inicial conceptualização, a desenvolvedora prometeu um mundo repleto de interatividade, onde inteligência artificial em tempo real levaria a que cada NPC tivesse a sua própria rotina e comportamentos, perseguições alucinantes pelas ruas de Night City, carros voadores, entre tantas outras coisas. E no final acabámos a ter NPCs que mais se assemelham a zombies a percorrer as ruas sem objetivos ou que repetem as mesmas ações vezes sem conta, uma única cena de perseguição com um guião definido e carros voadores nem vê-los. Uma das mecânicas mais esperadas e publicitadas pelos desenvolvedores seria a hipótese de podermos incorporar na nossa personagem implantes cibernéticos com diferentes funções e aspetos, mas acabámos por ter de nos resumir às opções disponíveis e não muito customizáveis que nos são oferecidas pelo jogo.
Promessas falhadas à parte, o ponto negativo seguinte foram os inúmeros glitches que o jogo tem, desde personagens e NPCs que aparecem e desaparecem, objetos que flutuam no ar sem aparente ligação com nada, falas e menus que bloqueiam de um momento para outro e ficam permanentemente fixos no écran, side-quests que dão erro ou causam o shutdown do jogo. São tantos que seriam necessárias várias páginas para os enumerar a todos. Desta feita, num jogo triple A, cujas características como gráficos de nova geração, excelentes visuais, boa banda sonora, diálogos complexos e com algumas mecânicas interessantes ficaram completamente ofuscadas pelo fraco desempenho e uma miríade de glitches que tornam o jogo por vezes impossível de jogar.
Em termos de narrativa, os inúmeros contratempos resultantes de um projeto tão ambicioso e longo, resultaram num jogo que, apesar de propor 3 vias diferentes de história e uma multitude de side-quests, acaba por a determinada altura se tornar algo linear, com poucas ou nenhumas decisões que se tornem importantes para o seu desenrolar.
A maior falha de todas, verificou-se no desejo de quererem lançar um jogo sem este estar devidamente acabado. A CD Projekt Red arriscou ao libertar Cyberpunk 2077 em dezembro de 2020, um ano por si só já difícil, criando assim uma expectativa que não se concretizou. O desenrolar do lançamento teve também os seus percalços e má publicidade, com inúmeras queixas e pedidos de reembolso por parte dos jogadores e até mesmo remoção do jogo na Playstation Store, culminando num pedido de desculpas público por parte do co-fundador da CD Projekt, Marcin Iwiński, na primeira metade de janeiro deste ano. No entretanto, foram sendo lançados vários updates para corrigirem erros, com novos glitches a aparecerem após alguns deles, e sempre sem um fim à vista para este problema.
Cyberpunk 2077 acaba assim por se juntar a tantos outros jogos como No Man’s Sky e Fallout 76 (este último curiosamente a um dígito de Cyberpunk 2077, coincidência?) que ficaram dependentes de updates e correções de erros posteriores, a fim de se tornarem jogáveis e mais próximos do objetivo inicial proposto.
Independentemente do seu aparente fracasso, no fim das contas, quase 3 meses volvidos desde o seu lançamento oficial, continuamos a falar deste jogo. E num dos últimos desenvolvimentos sobre a matéria, Elon Musk, num dos seus tweets sobre o novo modelo S da sua linha de carros elétricos, afirma que este consegue rodar The Witcher 3 e Cyberpunk 2077 com uma “estética incrível” no painel do carro. Tendo assim bastado esta simples afirmação por parte do CEO da Tesla para resultar num aumento do valor da acções da CD Projekt Red em 19%.
A isto junta-se ainda a mais recente patch que prometia corrigir uma grande de erros, inicialmente projetada para ser lançada no mês de fevereiro, a ser adiada por tempo indefinido.
Com tantos altos e baixos, no final de tudo isto, se Cyberpunk 2077 é um sucesso ou um fracasso, sinceramente só o tempo dirá.
Unboxing Snoopy, Charlie Brown & Friends – A Peanuts Collection
Desde criança que nutre um carinho pelo audiovisual, ao ficar a ver as séries e filmes estrangeiros com os adultos, mesmo depois das horas de deitar. Mais tarde, como jovem, descobriu um gosto especial pela cultura japonesa, indo de anime a Nintendo.