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Crítica: Ao Ritmo de Washington Heights

É já sabido que Lin-Manuel Miranda anda de braço dado com Hamilton, o musical que em tempos mais recentes provocou uma nova onda de interesse relativa a este género artístico. Contudo, está na hora de conhecer aquele que em 2005 foi o seu primeiro musical: Ao Ritmo de Washington Heights (In the Heights).

Luzes acendem em Washington Heights. Usnavi, descendente de pais dominicanos, é dono de uma “bodega” ou loja de conveniência. Todos o conhecem, todos passam pelo seu estabelecimento para beber o primeiro café da manhã. Papel desempenhado por um brilhante e cativante Anthony Ramos (olhares mais atento tê-lo-ão visto no Assim Nasce uma Estrela de 2018), ele é o candeeiro que ilumina todas as pequenas histórias deste bairro e dá voz aos seus protagonistas.

De tão completo, é difícil resumir a riqueza que Ao Ritmo de Washington Heights tem para oferecer. Com um estilo contemporâneo que alia hip-hop e ritmos latinos, certamente o mais fácil será dizer que é um musical original que muitos não estarão à espera de ver. No entanto, há uma palavra que surge instintivamente: especial. Porque mais do que um filme, é uma experiência. Trata-se de uma celebração e de um grito de vida. Washington Heights é um bairro Nova Iorquino com uma comunidade maioritariamente latina unida pelo amor pelas suas origens, a música e a dança. É um retrato de pessoas que lutam para alcançar o seu “sueñito”, lidando com todas as barreiras sociais, políticas e financeiras num contexto americano.


Estreante nos musicais, o realizador John M. Chu conseguiu captar o melhor do bairro e das pessoas que lhe dão vida; conseguiu encontrar o detalhe até dentro das cenas mais abundantes. Parece surreal, mas é possível cheirar o café, cheirar o suor, e sentir fisicamente a energia que enche as ruas.

O argumento de Qhiara Alegría Hudes e as músicas de Lin-Manuel Miranda expressam certeiramente a emoção e as vontades de cada um; vontades essas que reflectem tantas outras que mesmo não tendo voz, não perdem a boa disposição, a paciência e a fé. É contagiante e facilmente nos sentimos em família com todos. O que não é difícil quando se está perante um leque de actores que demonstra uma entrega total ao projecto.

Ao Ritmo de Washington Heights tem um elenco que mistura jovens talentos com nomes já conhecidos no cinema, na televisão e na Broadway, mostrando mais uma vez a beleza técnica e artística de um musical. Ainda vamos ouvir falar mais de Anthony Ramos, Melissa Barrera, Leslie Grace, Corey Hawkins e Gregory Diaz IV. Foi uma surpresa ver Stephanie Beatriz num registo bem diferente da detective Rosa Diaz de Brooklyn 99. Jimmy Smits e Daphne Rubin-Vega distribuem a experiência e a importância que as suas figuras parentais têm ao guiar as motivações das gerações mais novas; e, finalmente, com uma belíssima interpretação, a fantástica Olga Merediz, que transporta do palco para o grande ecrã a sua Abuela Claudia.


A adaptação do musical In the Heights chega ao grande ecrã para elevar a fasquia para a saga de filmes musicais que se avizinham. Pela qualidade e pela pertinência do tema que ainda se mantém actual, assistimos ao começo de 9mais uma etapa dos musicais no cinema. Não esqueçamos que este é o ano em que ainda vamos vislumbrar a adaptação de West Side Story de Steven Spielberg e a adaptação de musicais como Dear Evan Hansen, Everybody’s Talking About Jamie e Tick, Tick… BOOM!, sendo este último a estreia de Lin-Manuel Miranda na realização.

Já com quatro prémios Tony, incluindo o de melhor musical, é caso para dizer que está oficialmente aberta a época de prémios do cinema.

Classificação final: 9/10

 

 

 

 

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