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Crítica (BD): Os Meus Heróis Foram Sempre Drogados

Li este livro sem sequer ter lido a sinopse ou o texto de contracapa. Só os nomes de Ed Brubaker e Sean Phillips são chamariz suficiente para experimentar. Mas será que é mais um tiro certeiro desta famosa dupla?

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Publicado originalmente num formato romance gráfico de 80 páginas, nos EUA – algo não muito normal nos comics americanos, nomeadamente da Image – Os Meus Heróis Foram Sempre Drogados conta a história de Ellie, uma toxicodependente forçada a internar-se numa clínica de reabilitação, mas obcecada em romantizar o vício. Para isso contribui o facto dos seus artistas favoritos terem sido todos viciados e que muitas das suas grandes obras foram feitas sobre o efeito de estupefacientes.

Com este ponto de partida poderíamos esperar uma história pesada, sobre a decadência de alguém iludido erroneamente sobre o mundo do abuso de substâncias, mas não é isto que acontece. Ellie não acha nada de errado naquilo que faz, e fá-lo por gosto. Mantém sempre o seu bom aspecto, e nunca nos é apresentado nada de muito gráfico .

Na clínica conhece Skip, que tem planos para o futuro (e que passam por se reabilitar e avançar na sua vida), e por quem ela se apaixona. O provável acontece, Ellie desencaminha Skip e ambos fogem e começam uma vida de crime e vício juntos. Soa muito cliché?

Apesar da leveza de como é contada, a história acaba por me incomodar um pouco. A personalidade de Ellie é-me irritante, e não consigo simpatizar com ela. O livro custa a arrancar. Parece um longo e algo penoso prefácio para uma longa série. Aliás, quando finalmente há uma reviravolta no argumento e algo interessante acontece, o livro termina.

Provavelmente será preciso mais do que uma leitura para poder perceber toda a mensagem que Brubaker quer transmitir, mas sinceramente não tenho gosto nem paciência para tal.

Apesar de admitir que tenha diálogos bem construídos e uma arte competente (engrandecida pelas aguarelas coloridas de Jacob Phillips), este é um estilo de leitura que não aprecio. Mas o facto é que este álbum ganhou o Eisner de Melhor Romance Gráfico de 2019, por isso, quem sou eu para julgar?

A edição portuguesa conta com uma muito boa tradução, poucas gralhas e uma legendagem satisfatória. Neste livro, a G.Floy optou pelo papel mate também já usado (e muito bem) em A Leoa, e no (não bem conseguido) Cemitério dos Esquecidos. Ou seja, tem uma boa textura, mas é demasiado duro o que torna difícil de abrir o livro

Argumento: Ed Brubaker
Arte: Sean Phillips
Editor: G. Floy Studio Portugal
Argumento: 5
Arte: 8
Legendagem: 7
Encadernação: 6
Veredito Final: 6

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