Crítica: Mars Attaks #1
Sucessos cinematográficos à parte, quer queiramos quer não, Mars Attacks de Tim Burton de 1996, ocupou o imaginário de muitos de nós. A IDW decidiu dar uma nova vida à série, com uma aposta tão grande que a primeira revista vem com nada mais nada menos que 50 capas diferentes.[fbshare]
John Layman foi o homem encarregue do guião de Mars Attacks. Esta não é a primeira vez que lhe é entregue uma marca licenciada. Lembro que Layman foi o responsável por trazer Xena – A Princesa Guerreira para as pranchas. Ora uma das coisas essenciais de um primeiro número é prender o maior número de leitores possíveis, e aqui Layman podia ter feito melhor. Layman investe demasiado no porquê de um ataque dos marcianos à terra, quando tudo poderia caber em quatro pranchas.
Mas esta falha é perdoável com momentos completamente surreais, como a venda, por dois saloios, de um marciano que cai na terra a um circo. Assim, este primeiro número conta-nos a história de Zar que em 1961 despenha-se na Terra com outros três companheiros numa missão de reconhecimento rotineira. Zar acaba preso por dois saloios que o vendem a um circo, mas consegue ser resgatado pelos seus três companheiros, ainda que isso custe a vida a todos os três. Zar a partir daqui conta os dias para a vingança, que chega 50 anos depois. Aqui já ele lidera a frota marciana para conquistar a Terra, como General Zar.
As primeiras páginas (clica para ampliar):
Ainda assim o homem deste número é John McCrea. Este norte irlandês já pintou tudo o que havia para pintar, mas em Mars Attack consegue superar o trabalho do guionista. Primeiro porque desenhou 50 capas diferentes, mantendo aquele look e estilo dos anos 60, levando-nos para os anos gloriosos da banda-desenhada. E segundo porque já no interior da revista consegue um trabalho irrepreensível, num grande equilíbrio entre desenho moderno, o retratar de uma sociedade americana nos anos 60, tendo ainda de levar em conta aquilo que Tim Burton fez no filme. Dificilmente Layman encontraria alguém parceiro para passar para o papel as suas pranchas surreais e irónicas.
Mars Attacks peca pelas limitações de um material licenciado, que tira alguma liberdade a quem quer trabalhar, mas que não pode depois fugir, pois existem linhas que têm de ser respeitadas. Dentro do que foi possível fazer, Mars Attaks está bom, mas precisa de mais fôlego e furor nos próximos números.
Nota: 7/10
Miguel Gonçalves
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.