Crítica: Idolized #1
A Aspen é uma editora de BD relativamente recente no mercado americano, tendo a conta que foi fundada em 2003. Desde aí tem subindo pequenos degraus no lançamento de BD’s, tendo como principio a não publicação de BD de super-heróis. [fbshare]
Ainda assim, apesar de não publicar directamente BD de super-heróis, já foram muitas as parcerias entre Aspen e DC e Marvel. A empresa de Michael Turner conseguiu reunir grandes argumentistas e artistas, e a Aspen começou a ser requisitada primeiro pela DC para Super-Homem e Flash (principalmente para desenho de capas) e depois para a Marvel, onde fez as variantes de Wolverine, X-Men e Civil War.
Mas se a Aspen não publicava BD de super-heróis, não demorou muito a ter de se aventurar no género, e é aqui que aparece Idolized. Um risco grande, já que o género saturado no mercado, mas a Aspen colocou nas mãos de David Schwartz e Micah Gunnell a missão de diferenciar esta história de super-heróis de todas as outras. Schwartz começou por trabalhar para a Image Comics na BD Meltdown, a sua grande obra, passando agora quase a tempo inteiro na Aspen. Já Gunnell está na Aspen desde sempre, tendo participado nas capas das parcerias com a DC e Marvel.
A história de Idolized é realmente cativante. Estamos num mundo onde ser um super-herói é a coisa mais normal do mundo, e quem não tem poderes pertence a uma minoria. Esta série conta-nos a história de Leslie (ou Joule, quando encarna a super-heroína), uma rapariga com capacidade de controlar energia eléctrica que vê os seus pais morrerem aos 7 anos, no meio de uma batalha entre super-heróis. Procurando treinar todos os dias desde então, e sendo consumida pela culpa de não ter conseguido salvar a família, Leslie tem como único objectivo a vingança. E a maneira de conseguir tal coisa é juntar-se aos The Powered Protectors, os Vingadores ou Liga da Justiça lá do sítio, que combatem os grandes vilões daquele mundo. Por sua vez, a maneira mais rápida de se juntar aos Protectors é ganhar o Superhero Idol, a versão dos Ídolos para super-heróis.
As primeiras páginas (clica para ampliar):
E é à volta disto que o primeiro volume de Idolized anda à volta. É Leslie a contar ao júri do programa porque quer ser a vencedora de Superhero Idol, cujo prémio é um lugar junto dos Protectors, onde conta a história da sua infância, ou falta dela. A partir daqui só podemos imaginar algo parecido com os Jogos da Fome, onde os super-heróis escolhidos vão ter de desempenhar tarefas e ganhar batalhas se querem ficar no primeiro lugar e sobreviver mais um dia.
Para uma primeira BD do género na Aspen a coisa não está nada mal. Ainda assim nota-se que Schwartz e Gunnell não estão no mesmo patamar. O argumento, diálogos e entrosamento entre presente e flashbacks estão muito superiores aos desenhos de Gunnell. Não que os desenhos sejam maus, mas parecem por vezes destinados a um público mais jovem, demasiado jovem. Há demasiado brilho, conseguimos, através das feições, saber quem é o mau e o bom, os personagens são estereótipos reconhecidos por qualquer pessoa. Não há surpresa quanto a isso. Não fosse isso, e Gunnell tinha feito um belo trabalho, já que em termos de cenários, efeitos e demais, dificilmente poderia ser feito melhor trabalho. E se estão a pensar “bem, se calhar a BD é mesmo para um público mais jovem” desenganem-se. A linguagem e argumento escritos por Schwartz estão longe de ser para esse público.
Os desenhos deixam alguma coisa a perder, estando excessivamente infantis e acabando por prejudicar uma melhor nota à BD.
7.5/10
Miguel Gonçalves