Cinema: Crítica – Doutor Sono
Em 1980, Kubrick realizou o clássico “The Shining” que se trata de um dos melhores filmes de torror de sempre e com algumas das mais icónicas citações. Passado 39 anos, Mike Flanagan realiza a sequela, “Doctor Sleep”, ou como conhecemos em Portugal, “Doutor Sono”. Mas, será “Doutor Sono” a sequela merecida?
Primeiramente, devemos ter em conta que ambos os filmes são baseados em obras literárias de Stephen King, aquele que deve ser considerado o mestre do terror e que, desde 1974 tem vindo a aterrorizar gerações de leitores.
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Nesta sequela de “The Shining” seguimos Danny Torrance (interpretado por Ewan McGregor), a criança do primeiro filme, como um adulto que ainda se encontra traumatizado pelos eventos ocorridos no Overlook Hotel. Aliás, até podemos dizer que ele está assombrado pelo hotel já que, ao mostrarem-nos a ligação entre a obra anterior e esta, voltamos a ver o Danny na infância a confrontar os seus medos. No entanto, ao longo da sua vida adulta refugiou-se no álcool e só quando decide mudar-se para Frazier, uma pequena cidade em New Hampshire, é que decide combater contra o seu problema. É também, nessa altura que começa a falar telepaticamente com Abra (Kyliegh Curran) que também tem o “brilho” e que é mais forte que o de Danny. Mas, é nessa altura que novas forças do mal, comandadas por Rose the Hat, maravilhosamente protagonizada por Rebecca Fergunson, começam a surgir.
Em termos de construção da história, o filme não é perfeito. Infelizmente, mesmo tentando dar um contexto do Hotel e das assombrações que Danny vive para justificar o seu alcoolismo e, até certo momento fazendo-o bem, a partir do momento em que conhecemos Abra e os vilões do verdadeiro nó, é aí que começam os problemas de ritmo, que anda de um lado para o outro a uma velocidade vertiginosa para tentar adaptar a história de uma forma mais completa mas, ao mesmo tempo acabando por falhar pormenores importantes que os espectadores que leram a obra irão achar bastante importantes.
Por outro lado, tenho de admitir que todas as referências à obra anterior estão no ponto. Voltar a ver todos os fantasmas que assombraram o pequeno Danny foi algo de delicioso, especialmente a senhora do quarto 237, que serve de certa maneira como uma conexão entre Abra e Danny. Além disso, olhar para o hotel e conseguir ver em que sítios se passaram cenas marcantes do filme de 1980, é simplesmente brilhante. Existe um plano, que é possível ver no trailer, em que Danny olha pela mesma porta partida por onde a personagem de Jack Nicholson olhou e, no contexto do filme, é algo arrepiante de se ver. Outro ponto positivo que remete para “The Shining” é a questão de irem buscar, através de flashbacks, momentos passados aterrorizantes.
Para terminar, é necessário fazer referência à atmosfera que o filme nos faz viver através da sua banda sonora. Principalmente os momentos de alta tensão que são brindados com sons altos orquestrais e que irão deixar qualquer um arrepiado.
Resta concluir que, “Doutor Sono” não deve ser de longe comparado a “The Shining”, especialmente porque se trata algo impossível de fazer. No entanto, é uma sequela a ter em conta e que, para quem quer saber o que aconteceu ao pequeno Danny, tem aqui a sua oportunidade. E, tendo em conta o panorama do terror actual, com filmes como “IT”, “Hereditário” e “Midsommar”, este “Doutor Sono” é um filme que se junta a este grupo, como daquelas obras mais recentess de destaque, não como um filme assustador que não o é, mas como um filme que vai agarrar o espectador à cadeira até ao ultimo momento.
Nota Final: 7/10
Doutor Sono estreou no dia 31 de outubro nas salas de cinema portuguesas
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.