Crítica: Blacksad – A Silent Hell
Blacksad é sem dúvida uma das melhores BD’s de todos os tempos. Custa a crer que demorasse tanto tempo a chegar ao mercado americano. O dia chegou, e foi finalmente publicado o mais recente capítulo da história, Blacksad: A Silent Hell. A Europa dificilmente verá melhor BD noir nos próximos tempos. Tudo graças a dois gigantes: Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido.[fbshare]
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Juan Canales escreve sobre um universo sem precedentes, onde os personagens são animais antropomórficos, com Juanjo a conseguir ser o espelho da imaginação de Canales. A obra Blacksad prova que a europa ainda consegue ter melhores argumentos e arte que a BD norte americana, e mais, que a BD não é só uper-heróis. Tanto Canales como Guarnido conseguiram até agora resistir ao avanço dos gigantes americanos em contarem com os seus serviços, conseguindo manterem-se fiéis aos seus projectos. Isso já lhes valeu reconhecimento internacional, tal como os prémios mais conceituados da BD.
Ora os EUA acabaram por também eles não resistir. E se não é a DC ou Marvel a comprar os direitos de tradução e distribuição, a Dark Horse não ficou à espera de ver o que ia acontecer, e de rajada traduziu logo os três primeiros volumes da saga Blacksad, reunidos numa só revista, com o quarto volume a sair à parte por ser o mais recente.
A história e arte são avassaladores. Blacksad é o nome do nosso personagem principal, um gato preto, que com o seu parceiro, Weekly, uma doninha, desvendam mistérios, numa história noir, mas sem perder o sentido de humor. No mundo de Blacksad podemos contar com toda a variedade de animais: cabras, hipopótamos, galos, todos estes animais substituem o Homem, onde temos uma sociedade que se reflecte na sua forma animal.
Dependendo do animal que a personagem é, é-nos logo possível identificar o seu extracto social, tal como a integridade, ética e moral desse personagem. Uma excelente ideia de Canales, mas de que pouco ou nada serviria sem o talento de Guarnido. A arte de Blacksad, não tenho problemas nenhuns em dizê-lo, é das melhores do ramo. O estilo aguarela, colorido, sem esquecer os pormenores não é encontrado em mais lado nenhum. Não tenham dúvidas de que cada prancha de Blacksad é mesmo uma obra de arte.
Pela história sombria é difícil de descobrir quais as motivações dos personagens. É para nós uma viagem aos anos 50, e somos mesmo arrastados para o fundo da história. Neste volume acompanhamos Blacksad e Weekly pelo mundo do jazz, onde procuram um pianista desaparecido há alguns meses, que se julga estar perdido no mundo da droga.
Em Portugal, felizmente, os quatro volumes já foram publicados pela ASA. Na altura de lançamento já aqui se falou dela, agora deixo-vos aqui o desafio de lerem os quatro volumes da saga. Ainda no ano passado, nos Trofeus da Central Comics, Black Sad: O Silêncio, O Inferno conseguiu o terceiro lugar na categoria Melhor Publicação Estrangeira.
Classificação: 10/10
Miguel Gonçaves