Crítica BD – Umbigo do Mundo 2
Umbigo do Mundo 2, Regresso a Senabria, de Penim Loureiro e Carlos Silva, é a nova adição pela editora A seita a este anunciado tríptico.
Este segundo volume começa no exato momento em que o primeiro volume terminou. Alma foi raptada e caberá aos seus amigos tentar resgatá-la. Contudo, a nossa protagonista também tem os seus argumentos para uma luta e não será presa fácil para os poderosos nos Estratos Superiores que a aprisionam. No cerne de toda esta luta está um oráculo que prevê o futuro e, como pano de fundo, temos uma guerra separada por um grande muro intransponível.
Uma Europa dividida entre Norte e Sul, devastada pelas alterações climáticas, doenças e desigualdade. Um cenário rico em pormenores para os leitores mais atentos e paralelismos com os nossos tempos.
Nesta nova entrada, a linha do enredo é mais clara, na estreia desta obra havia demasiados acontecimentos confusos na narrativa em simultâneo. Portanto, em comparação, Umbigo do Mundo 2 é mais fácil de acompanhar, numa aventura de resgate, carregada de momentos de ação, que torna as coisas mais lineares.
Assim sendo, é mais fácil para o leitor ficar imerso nos temas, viajando por aeronaves futuristas, androides, um vírus que dizimou (quase) todas as mulheres do mundo, conflitos militares, questões políticas latentes e um misterioso oráculo. Adiciona-se a isto uma equipa constituída por um soldado que se aconselha através das opiniões de mortos, com quem costuma ter diálogos, um outro soldado, mais jovem, que desertou do exército estatal e que alega ser filho de Alma, um divertido androide, um homem que é o programador do próprio oráculo e um mabeco como animal doméstico.
Relativamente às ilustrações de Penim Loureiro, temos uma estética visual moderna, com personalidade própria, com o seu traço fino, limpo e refrescante.
Em suma, o segundo volume de Umbigo do Mundo consegue ser melhor que o anterior, procurando unir algumas das pontas soltas do primeiro livro, mantendo um fascinante universo de ficção científica em expansão.
Penim Loureiro, é professor no Instituto Politécnico de Lisboa e ilustrador com uma construção que sempre cruzou a arquitetura com a banda desenhada, publicou a primeira BD em 1979. Premiado com o Troféu Central Comics para o Melhor Desenho em 2016, foi o autor convidado para desenvolver um projeto em parceria com a Vista Alegre que une a BD e a porcelana.
Carlos Silva, é escritor de ficção científica e fantasia com contos publicados em Portugal, Espanha e Brasil. O seu romance Anjos ganhou o Prémio Divergência em 2015. É coautor da biografia em banda-desenhada de Rafael Bordalo Pinheiro, editada pelo museu dedicado a este artista, que ganhou o prémio de Melhor Publicação Independente dos Troféus Central Comics 2020.
Autor: Carlos Silva
Ilustração: Penim Loureiro
Género: Banda Desenhada, Ficção Científica
Editora: A Seita
Argumento: 8
Arte: 8
Legendagem: 7
Veredito final: 8
Atriz e professora. Da marginalidade à pureza gosto de sentir tudo. Alcanço o clímax na escrita. Sacio-me com a catarse no teatro. Adiciona-se uma consola, um lightsaber, eye makeup quanto baste e estou pronta a servir.*De fundo ouve-se Fix of Rock’n’Roll, de The Legendary Tigerman*