Critica BD: Alix Senator volumes 10 e 11
Nos volumes 10 e 11 de Alix Senator, o lendário herói regressa à Gália e enfrenta o seu passado num cenário de esoterismo e tensão crescente.
A Floresta Carnívora
Roma, ano 11 a. C. o imperador Augusto é todo-poderoso. Alix tem mais de cinquenta anos e é senador. Alix regressa à Gália a convite do seu primo. Vanik, agora governador, quer reavivar o esplendor perdido de Alésia.
Não muito longe do antigo ópido, escondem-se estranhas criaturas. São os veteranos mutilados do exército amaldiçoado de Vercingetórix. As sombras torturadas do passado estendem-se sobre o presente. Apanhado na armadilha da floresta gaulesa e das suas criaturas, Alix terá de enfrentar o ódio e os ressentimentos.
Neste volume Alix aproveita o convite do primo para regressar à sua Gália natal e deixar por um tempo uma Roma que está de luto, triste e taciturna, muito longe do seu esplendor.
Vanik deseja criar em Alésia uma nova dinastia com a união dos dois povos no antigo ópido. No entanto, encontram-se na floresta, os ex-soldados do grande líder Vercingétorix após a sua derrota com os exércitos de César. Estes guerreiros irão fazer de tudo para manter este seu ultimo reduto e território, espalhando terror com as suas “peles de lobo”.
Valérie Mangin baseia-se na célebre batalha do último grande líder gaulês Vercingétorix para nos apresentar uma história bem conseguida de mistério e tensão carregada de esoterismo e suspense.
Démarez exibe-se mais uma vez com um desenho virtuoso e uma atmosfera acutilante mudando os cenários para uma floresta carregada de perigos e mistérios. Destaque também para as cores de Chagnaud e os seus verdes florestais incríveis.
O Escravo de Khorsabad
Regressando ao território do seu passado, Alix é raptado por um grande senhor parto. Para reacender a guerra com Roma, o governante precisa de ouro, na verdade, de muito ouro. Segundo acredita, Alix será a última pessoa a conhecer o esconderijo do tesouro perdido em Khorsabad, a cidade onde o gaulês foi escravizado no início das suas aventuras.
Alix, com a ajuda de um companheiro que se parece com Enak, mais jovem, consegue escapar. Forçado a refugiar-se nas ruínas de Khorsabad, tornar-se-á ele o último escravo da cidade amaldiçoada?
Neste álbum senti Mangin muito menos inspirada, e esperei por reviravoltas na trama que não me foram aparecendo. Volto a fazer uma comparação desta série com a de Murena devido à temática, e fica a léguas de distancia, mas é claro que é o meu gosto pessoal a falar.
Além de uma trama fraquinha, os diálogos são muito insípidos e os personagens carecem de imenso carisma. Salva-se o desenho de Démarez e a sua representação da cidade sempre com uma cenografia brilhante com o seu traço realista e perfecionista.
Não podendo esquecer que Alix Senator é uma continuação da série original de Jacques Martin “Alix”, e é preciso ter em conta que apesar destes volumes se poderem ler individualmente com aventuras mais ou menos fechadas, existe todo um enredo comum ao seu todo que faz da soma algo maior que a suas partes e que para os verdadeiros fãs trará uma maior imersão e coerência.
Valérie Mangin foi a argumentista escolhida para seguir este legado de Martin, mas apesar do jovem inocente e ingénuo Alix passar a ser um experiente e sábio senador de maior idade, a meu ver, o conceito não resultou muito bem, pois as tramas não se tornaram adultas o suficiente. E conhecendo a escrita de Mangin noutros trabalhos como por exemplo “Inhumain: Quintessence”, com Bajram, é fácil perceber que ela ficou bastante presa aos cânones da série original e a preservação desse património. O que é uma pena, porque com o desenho maravilhosos de Démarez, perfeito para conjugar um pouco de história da Roma Antiga com fantasia, oculto e aventura esotérica esperar-se-ia muito mais.
Definitivamente esta série apresenta a meu ver muitas lacunas, pois apesar de interessantes intrigas e mistérios, há uma clara falta de suspense com uma tensão para leitores mais maduros e culminares apoteóticos nas reviravoltas apresentadas nas diferentes aventuras que seguem sendo interessantes e até impressionantes visualmente, mas fracas no conteúdo.
A Gradiva tem editado Alix Senator de forma exemplar, a um ritmo excelente e o formato Franco-Belga clássico com capa dura e capas brilhantes servem a série na perfeição.
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.