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Cinema: Crítica – À Porta da Eternidade (2019)

Willem DaFoe demonstra-nos a complexidade psicológica de Vincent Van Gogh em À Porta da Eternidade. Estreou a 31 de janeiro nos cinemas.

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A complexidade estética de Van Gogh influencia artistas diariamente, criando-se uma obsessão nos fãs entre homenagear e desenvolver um estilo de imagem individual. À Porta da Eternidade é um filme que se foca essencialmente nessa ideologia. Willem DaFoe interpreta Vincent Van Gogh (1853-1890) e transporta-nos eficientemente para a complexidade psicológica deste pintor, cujo continha vários problemas psicológicos apesar da sua brilhante criatividade. Focado essencialmente na época em que viveu em Arles e Auversur – Oise, visualizamos esta procura introspetiva do artista, tanto na sua arte como nas várias relações que criou ao longo da sua vida.

Deste modo, o seu irmão é constantemente abordado devido a ser uma salvação monetária para com Van Gogh, no entanto, a grande amizade discutida é precisamente com Paul Gauguin, interpretado por Oscar Isaac. Esta relação é um dos grandes impulsos para que Van Gogh encontre a sua essência criativa, ficando altamente frustrado quando as coisas não decorrem como prevê. Temos como exemplo a história da orelha cortada que até aos dias de hoje continua a ter diferentes conspirações, no entanto, aqui é um dos pontos chaves (visível no poster) numa demonstração psicológica de Van Gogh da sua ligação a Gauguin e da capacidade de ator de Willem DaFoe, cujo está nomeado para o Óscar de Melhor Ator principal.

Ao ter um enredo focado num pintor seria de esperar um visual inovativo, inesperado e altamente bizarro e é exatamente isso que ocorre em À Porta da Eternidade. O uso do amarelo é constante e contribui para o lado natural da vida, mas também para a sensação de angústia de Van Gogh com a sua vida. A cinematografia é diferente do habitual, existindo um olhar completamente alternativo para com o quotidiano de modo a compreendermos na perfeição a visão do pintor. Numa cena, Gauguin refere que o seu amigo usa demasiada tinta e as pessoas nunca irão apreciar o seu trabalho. Por consequência, as imagens do filme são por vezes altamente desfocadas quando visualizamos na primeira pessoa. A tristeza e loucura da vida é assim um dos grandes impulsos criativos do pintor, cujo possuía problemas psicológicos elevadíssimos e para com os quais teve de ser reabilitado. Assim, o filme é capaz de demonstrar essencialmente as influências criativas do pintor quanto à natureza e locais isolados, bem como a obsessão quase psicopata em atingir a pintura imaginada.

Além disto, a loucura é contínua no uso de som que repete falas de indivíduos que passaram pela sua vida. Contudo, apesar de atingir uma fotografia perfeita e brilhante representação dos atores, o filme é prejudicado pela narrativa que é intencionalmente confusa, mas torna-se aborrecida em certos pontos. É claro que isto pode ser justificado por ser uma história focada na psicologia complexa do ator ou da própria vida do ser humano cuja nem sempre é interessante. No entanto, esta lentidão e destaque em momentos irrelevantes diminuem a qualidade de ligação com os segmentos que possuem um diálogo complexo a nível narrativo e de reflexão com o espetador.

Assim, À Porta da Eternidade peca pela sua narrativa aborrecida e exageradamente confusa, mas demonstra a fragilidade psicológica de Van Gogh com temas filosóficos e uma interpretação memorável de Willem DaFoe.

  • À Porta da Eternidade estreia a 31 de janeiro 2019 nos cinemas.

6/10

Tiago Ferreira

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