Crítica – Star Wars A Ascensão de Skywalker (Sem Spoilers)
Finalmente o dia chegou e já fui ver “Star Wars A Ascensão de Skywalker”! Será que este filme traz balanço à Força ou a deixa nas Trevas?
Dizer que gosto de Star Wars é o equivalente a dizer que o tempo está desagradável. Não é mentira nenhuma, mas ficamos pela superfície da coisa.
Era 1999, e eu ainda catraio fazia birra porque o meu irmão ia ver A Ameaça Fantasma e eu era ‘demasiado novo para ir’.
Sim, o filme com o Jar Jar Binks, recebi-o em VHS uns tempos depois, vi com os meus pais e perdi sono às custas do Darth Maul. Desde então a tradição mudou-se para as salas de cinema, e desde então tenho orgulho em dizer que não perdi um único filme da Saga.
Dizer que moldou a minha vida também é pouco, afinal de contas já coleciono merchandise e ando à pancada com sabres-de-luz desde que me lembro. Tenho plena noção que sou um fã da franquia e que a minha opinião vai ser afetada por esse fator, isto já não é só sobre cinema, é sobre uma aventura que marcou as vidas de tantos.
Entrei no cinema com medo, os leaks já voavam na internet e, após os últimos dois filmes, até a anedota mais incrédula parecia verdade.
Então e o filme, está bom?
Uma pergunta demasiado aberta. Os efeitos visuais (salvo raras excepções), o trabalho de fotografia, as interpretações (dentro do argumento complicado) e a banda sonora, todos estão competentes, mas mais não se espera duma produção de Hollywood.
O grande problema é o argumento. Após passar a primeira meia-hora a fazer o setup de toda uma nova história (que podia e devia ter sido preparada nos capítulos anteriores), temos uma história complicada, pateta, e fragmentada, mas que diverte e cativa.
Há momentos e detalhes que roçam o idiota, mas o filme exagera menos do que esperava. A nossa protagonista Rey continua a fazer tudo sozinha porque é claramente oriunda de Krypton, mas todo o resto do elenco mantêm-se consistente e divertido. É chato ter de louvar um filme desta franquia por “dar a todos algo para fazer”, mas é este o nível a que chegámos.
A falta de direção da narrativa é clara. Este não era o nono episódio que se preparava enquanto se escrevia O Despertar da Força, e isso sente-se e estranha-se pela longa-metragem fora. “Ah, afinal agora funciona assim” e “Ah, afinal X é Y” acabam por cansar o fã mais dedicado, e embora aprecie que este ataque narrativo nasceu do esforço por tornar este filme bom, também sinto que retroativamente desvaloriza imenso os dois episódios anteriores.
No entanto, com tudo isto em mente, saí da sala de sorriso na cara. A franquia não está “estragada”, embora acabe numa nota menos bonita em comparação à destruição da segunda Estrela da Morte. Vai-me ficar atravessado que agora, subitamente, 1001 situações, profecias, missões e circunstâncias perderam o seu valor, mas isso há de me passar.
Sinto apenas que haverá mais e melhores histórias na galáxia sem dúvida, e isso deixa-me feliz.
Embora A Ascensão de Skywalker puxe muito bem os cordelinhos às nossas emoções uma vez por outra, a verdade é que o filme deixa imenso a desejar e desvaloriza muito do trabalho que veio antes. Em retrospetiva, toda esta trilogia reflete imenso potencial mal-aproveitado.
Classificação: 6/10
-Henrique V.Correia
Amadora BD 2019: Entrevistas a Jorge Coelho e Escorpião Azul
Jovem dos 7 ofícios com uma paixão enorme por tudo o que lhe ocupe tempo.
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