Cinema: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014) – Crítica
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Era uma vez um panorama cinematográfico em que as únicas adaptações ao grande ecrã da Marvel ora nunca viam a luz do dia, ora eram deixadas para morrer no infinito mercado de vídeo, ora eram sobre um pato tarado com o selo da Lucasfilm, ora tinham o Dolph Lundgren e o Louis Gossett Jr. nos papéis principais.[fbshare]
Até que, por magia, em 1998 uma pequena aposta revitalizou o género, a carreira de um asskicker pelo nome de Wesley Snipes e abriu definitivamente as portas para os grandes estúdios finalmente tentarem a sua sorte com a elite da Marvel, começando em 2000 com os X-Men, pela mão do realizador do Os Suspeitos do Costume – Bryan Singer.
Fast-forward até 2014 e chegamos a este Dias de um Futuro Esquecido, baseado na storyline do mesmo nome do lendário Chris Claremont, que marca também o regresso à cadeira do realizador para Bryan Singer, que depois de criar dois filmes que estabeleceram um novo patamar para adaptações de super-heróis deixou o franchise nas mãos de Brett Ratner (que faz tag team com Michael Bay para formar a equipa conhecida como “Os Dois Realizadores mais odiados em Hollywood”), tendo partindo para as terras de Metropolis.
2023. Robôs conhecidos como Sentinelas (um deles derrotou uns quantos T-1000) estão a exterminar o maior número de mutantes quanto possível e cabe aos X-Men, que graças aos poderes de Kitty Pryde (Ellen Page) conseguem enviar a consciência do único membro da equipa capaz de sobreviver a tal “viagem no tempo” – Wolverine (Hugh Jackman) até 1973 para impedir um certo evento que resultará na aprovação dos Sentinelas de Bolliver Trask (Peter Dinklage).
Mas, claramente, o maior mistério de todos aqui é a continuidade do franchise. Se depois do X-Men Origins: Wolverine (vai ser a última vez que escrevo este título) achámos que as coisas não podiam ficar mais complicadas, veio o semi-reboot X-Men: O Início fazer disto tudo um pretzel gigante. O Professor Charles (Patrick Stewart/ James McAvoy) com um botão on/off para as suas pernas; Emma Frost ao quadrado, um Sabretooth com amnésia e uma plástica no filme de 2000, uma Moira MacTaggart com idades e profissões totalmente diferentes e agora com Dias de um Futuro Esquecido, a transformação de Bolliver Trask de um Bill Duke que vimos no X-Men: O Confronto Final para um Peter Dinklage. E eu nem enumerei tudo o que aconteceu desde que AQUELE filme de 2009 decidiu aparecer (não que a chacina de personagens do OUTRO filme de 2006 tivesse ajudado).
Claro que se fecharmos os olhos a uma timeline que nem o Doc Brown conseguiria explicar nos seus melhores dias, podemos e temos que agradecer a Matthew Vaughn e a Bryan Singer por este one-two knockout punch que nos permite recuperar das valentes sovas que levámos em 2006/2009 (e eu até consigo dizer que tenho um minúsculo póster do Confronto Final) quando o franchise andava pelas ruas da amargura.
E se juntar o elenco do First Class com elenco original de Bryan Singer não é uma das melhores coisas de sempre, então não sei o que será.
Mesmo com a história a pedir que Halle Berry, Ian McKellen, Shawn Ashmore e Ellen Page dêem uns passos atrás (o filme pede desculpas a todos os fãs da Anna Paquin), ver Hugh Jackman a lidar com o Professor Charles de James McAvoy, o Magneto de Michael Fassbender e o Beast de Nicholas Hoult já fez o ano de 2014 valer a pena. E para aqueles que nunca esqueceram Rebecca Romjin, há mais Mystique Sexy Time com Jennifer Lawrence a regressar ao papel.
E não temos aqui só um excelente filme de viagens no tempo que se diverte à brava com o conceito, mas também um excelente filme de acção que tem duas das sequências mais divertidas em todo o género – uma envolve portais devido à Kitty Pryde e outra é em slow motion graças ao Quicksilver (Evan Peters).
Se tivesse de indicar um grande senão com o filme, seria o Presidente Richard Nixon (Mark Camacho). Não que se queira aqui um Anthony Hopkins ou um Frank Langella, mas até a cabeça do presidente no Futurama consegue ser mais realista que este Nixon.
Fechando as portas, é bom dizer, é bom ver e é bom ser um fã de X-Men outra vez – mesmo com o misterioso regresso de Patrick Stewart à série (ainda estive à espera que o Shat o fosse substituir por vingança) e com a timeline completamente espalhada por toda a parte.
Mas agora posso descansar que nada vai ser confuso como dantes, agora que o Taylor Kitsch e o Evan Peters vão voltar a ser o Gambit e o Quicksilver. Certo, Marvel? Podes ao menos dar-nos um crossover com o The Punisher e o Howard the Duck? Não? OK, pronto. Desisto.
Classificação: 4/5
Tiago Laranjo