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Cinema Português na Quinzena dos Cineastas em Cannes

Três filmes portugueses estreiam-se na Quinzena dos Cineastas em Cannes, o programa independente e não competitivo paralelo ao famoso festival francês.
A longa-metragem A Savana e a Montanha, de Paulo Carneiro, e as curtas-metragens Quando a Terra Foge, de Frederico Lobo, e O Jardim em Movimento, de Inês Lima, serão projectadas na Quinzena dos Cineastas em Cannes, que decorre de 15 a 23 de Maio, anunciou o seu director artístico, Julien Rejl.

A Savana e a Montanha
A Savana e a Montanha

A Savana e a Montanha
Trata-se da terceira longa metragem de Paulo Carneiro, realizador/produtor. O filme é um western integralmente rodado em Covas do Barroso, com o apoio da Câmara Municipal de Boticas e da ACAU (Agencia del Cine y Audiovisual del Uruguay). Os seus filmes anteriores estrearam comercialmente em Portugal e estiveram presentes em dezenas de festivais internacionais, sendo que esta selecção em Cannes vem, de novo, confirmar o talento deste cineasta ímpar no contexto português.

A Savana e a Montanha
A Savana e a Montanha


Há sete anos, a comunidade de Covas do Barroso, no Norte de Portugal, descobriu que a empresa britânica Savannah Resources planeava construir uma das maiores minas de lítio a céu aberto da Europa junto às suas casas.
Perante esta ameaça iminente, a comunidade decidiu organizar-se e expulsar a Savannah das suas terras. Após vários anos de conflito latente, o Governo português atribuiu uma declaração ambiental favorável ao projeto. Como resultado, a Savannah reiniciou as actividades de prospeção e a comunidade respondeu bloqueando o seu acesso à terra. A declaração ambiental reconheceu os impactos negativos para a população e para a Natureza causados pelo ruído, poeiras e vibrações das explosões e da actividade dos camiões, a destruição permanente das fontes de água subterrâneas e o desvio de cursos de água. O projeto é incompatível com o reconhecimento, pelas Nações Unidas, da região do Barroso como o único Sistema do Património Agrícola de Importância Mundial (SIPAM) em Portugal (e um dos poucos na Europa). A empresa Savannah afirma que estes impactos podem ser atenuados através de compensações monetárias, mas as populações locais dizem que nenhum dinheiro pode pagar a perda da sua qualidade de vida e a ameaça que o projeto representa para o seu futuro. A Savana e a Montanha inspira-se na recusa desta narrativa pelo povo de Covas do Barroso e na sua resistência contra um inimigo forte (mas não imbatível).
O elenco é composto por Aida Fernandes, Maria Fernandes, Daniel Fernandes, Inês e Rita Mó, Maria Conceição, Nelson Fernandes, Carlos Libo
A Savana e a Montanha é produzido pela BAM BAM Cinema, em Portugal, foi co-produzido pelo Uruguai, através da La Pobladora Cine de Alex Piperno, e é distribuído internacionalmente pela Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português e nacionalmente pela No Comboio.

Quando a Terra Foge
Com a curta-metragem Entre-Tempos, vencedora do Prémio Jovem Cineasta no Festival de Curtas Metragens de Vila do Conde, Frederico Lobo passou a trabalharem cinema, tendo realizado em 2008 a longa-metragem Bab Sebta (premiado no Fid Marseille, Doc Lisboa entre outros festivais), co-dirigido com Pedro Pinho e a curta-metragem Zone d’attente # 0. Em 2014 concluiu Revolução Industrial (estreada no festival Visions du Reel), uma nova longa-metragem, em co-realização com Tiago Hespanha. 

Quando a Terra Foge
Quando a Terra Foge

Na raia transmontana o início do Outono, com os dias cada vez mais curtos, marca o tempo de recolher as vacas deixadas a monte durante todo o Verão. No coração da montanha cruzam-se vários mundos. Entre o nevoeiro, num pleno labirinto do tempo, onde máquinas sondam as profundezas geológicas da montanha, um pastor vai em busca de uma vaca tresmalhada e a infância encontra o seu regresso. A Serra transforma-se, o ciclo continua.
Quando a Terra Foge
tem 30 minutos de duração e a curta-metragem foi filmada em película de 16mm. É uma produção da cooperativa de cinema Rua Escura CRL.

O Jardim em Movimento
Este é o terceiro filme de Inês Lima e o seu primeiro enquanto realizadora profissional.
Para além da realização, Inês Lima produziu e escreveu o filme. A primeira curta-metragem da realizadora, De Madrugada, foi apresentada no festival de San Sebastián, IndieLisboa, Curtas Vila do Conde, Rencontres Internationales Paris/Berlin, Reykjavik IFF, Nara IFF, Arkipel IFF, entre outros festivais internacionais, e ganhou prémios no Japão, Indonésia e Portugal. O seu segundo filme, A Casa do Norte, estreou no festival Curtas Vila do Conde em 2021 e recebeu uma menção honrosa no festival PortoFemme’22.
O Jardim em Movimento conta no elenco com Ana Luísa Martins, Margarida Paias e Ângelo de Castro. 

O Jardim em Movimento
O Jardim em Movimento

Duas guias botânicas conduzem um grupo de caminhantes pelo Parque Natural da Arrábida. Neste passeio entre várias espécies da fauna e flora, entendemos que este lugar particular está a sofrer uma mutação, não por causas naturais, mas pela mão humana.

A curta-metragem com 18 minutos de duração e é distribuída pela Agência da Curta-Metragem.

Grand Tour
Grand Tour


A celebração do cinema português na 77ª edição do Festival de Cannes inclui ainda Grand Tour, o novo filme de Miguel Gomes, que concorrerá à Palma de Ouro no festival que acontece entre 14 e 25 de Maio em França. (para ler aqui).



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