Filmes portugueses em estreia no primeiro semestre de 2023
O primeiro mês de 2023 já levou às salas de cinema produções nacionais, como A Noiva, de Sérgio Tréfaut, Frágil, de Pedro Henriques, Guerra, de José Oliveira e Marta Ramos, Amadeo, de Vicente Alves do Ó, e o documentário A Arte da Memória, de Rodrigo Areias.
Descubra, agora, alguns dos filmes portugueses com estreia neste primeiro semestre de 2023.
Diogo Varela Silva convida o espectador a conhecer o agitador do movimento artístico moçambicano no documentário João Ayres, Pintor Independente. Depois de ter estreado no DocLisboa, chega aos cinemas a 9 de fevereiro.
Como entretanto anunciado, Ice Merchants – o primeiro filme português nomeado a Óscar – chega aos cinemas nacionais a 16 de fevereiro.
A curta-metragem de João Gonzalez é um dos 5 nomeados para o Óscar de Melhor Curta-Metragem de Animação, cujos vencedores serão conhecidos na cerimónia a decorrer a 12 de março.
Este é um intrigante filme de animação que explora a relação entre um pai e um filho, num exercício de consolidação de um estilo único e singular, que faz de João Gonzalez uma das grandes promessas da animação mundial.
Depois da estreia na 40ª edição do Festival Cinematográfico Internacional del Uruguay, o documentário Morada, realizado por Eva Ângelo, estreia nas salas de cinema portuguesas no dia 16 de fevereiro.
O filme documental parte de conversas com um grupo de mulheres cinéfilas, entre os 70 e os 90 anos e dos seus testemunhos numa etnografia em diálogo com a observação dos lugares do cinema na cidade do Porto onde estas mulheres foram e são espectadoras.
A 2 de março chega aos cinemas A Arte de Morrer Longe, uma comédia romântica realizada e escrita por Júlio Alves, com o argumento a inspirar-se no romance escrito por Mário de Carvalho.
Arnaldo e Bárbara estão em pleno processo de separação conjugal. O motivo desta separação talvez nem o próprio casal o saiba e, na verdade, não interessa. Seria um divórcio fácil se não fosse a existência de uma tartaruga, de que ninguém quer saber. Nas tentativas de se verem livres do animal, entre peripécias e mal entendidos, a separação vai sendo adiada. Quando Arnaldo e Bárbara decidem finalmente que destino dar à tartaruga, percebem que já não há razão para se desfazerem dela. Mas é tarde demais. A tartaruga segue o seu caminho.
Pedro Lacerda e Ana Moreira interpretam Arnaldo e Bárbara, respectivamente. O filme conta ainda no elenco comJoão Lagarto, Miguel Nunes, Custódia Galego e Luísa Cruz.
A Arte de Morrer Longe é a primeira longa-metragem de ficção de Júlio Alves, depois de ter feito várias curtas e trabalhos documentais, assim como mais de 170 filmes publicitários.
A curta-metragem A Fachada foi o seu primeiro filme, em que participaram Eunice Muñoz, Isabel Ruth, Márcia Breia, Glicínia Quartin, João D’Ávila, Canto e Castro, Rogério Samora e João Grosso. O realizador regressa agora ao universo literário de Mário de Carvalho, mais de 20 anos depois de ter adaptado o conto “Era uma vez um alferes” para a curta-metragem Alferes.
A estreia do filme aconteceu no 17º Festival IndieLisboa, onde A Arte de Morrer Longe esteve em competição.
Para 2 de março também está anunciada a estreia de Quem Matou Laura Paula?, uma paródia às histórias de investigação de crimes misteriosos. Aliás o título remete imediatamante para o clássico Twin Peaks: Os Últimos Sete Dias de Laura Palmer.
Esta é a investigação sobre a morte da freira Laura Paula, do Sagrado Convento do Queijo Flamengo, que apareceu misteriosamente no fundo de uma ravina, com um cabo de cebolas enrolado no pescoço. O senhor Tó Manel, um reformado agente da PSP, é chamado para investigar muita gente suspeita e onde existe muita confusão à mistura. A investigação encontra a família aristocrata falida do Douro, os parolos da Quinta da Casa Velha, o Castelo do Reino da Penys Silvânia, o desesperado por sexo e claro, o Sagrado Convento de Queijo Flamengo, onde tudo acontece.
Carlos Morais, que todos os anos organiza um espetáculo de humor em Vila Real, lançou o desafio de fazer o filme e juntou um grupo de 50 pessoas amadoras para o cinema.
O elenco de Quem Matou Laura Paula? conta com nomes como António Fortuna, Ana Amaral, Carlos Sousa, Eduardo Mesquita e Carlos Areias, o único actor profissional neste filme.
Inspirado pela história da série Twin Peaks, Carlos Morais escreveu o guião e interpreta várias personagens. Quem Matou Laura Paula? foi realizado por João Capela, com a rodagem a ter acontecido em localidades de Trás-os-Montes, Alto Douro e Beira Alta.
Em 1972, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, publicaram o livro “Novas Cartas Portuguesas”. O livro foi imediatamente banido pela polícia política e as escritoras foram julgadas por atentado à moral. O seu caso tornou-se a Primeira Ação Feminista Internacional.
Agora, chega aos cinemas o documentário O Que Podem As Palavras, um retrato íntimo, na primeira pessoa, das extraordinárias “Três Marias”. Realizado por Luísa Marinho e Luísa Sequeira, O Que Podem As Palavras conta com animação e ilustrações de Sama. A estreia mundial foi no DocLisboa, onde o filme venceu o Audience Award para Melhor Filme Português. Estreia a 8 de março.
Depois de Alice ou São Jorge, a 16 de março chega aos cinemas o novo filme de Marco Martins: Great Yarmouth: Provisional Figures.
O filme revela a contínua chegada de imigrantes portugueses, à procura de trabalho na vila costeira de Great Yarmouth em Norfolk no Reino Unido, três meses antes do Brexit acontecer.
O filme nasceu do encontro entre uma peça de teatro, que partia quase exclusivamente dos testemunhos individuais dos trabalhadores das fábricas e dos habitantes nativos de Great
Yarmouth (eles próprios actores no espectáculo e muitos deles participantes do filme) e um argumento de ficção escrito a partir daquilo que não podia ser mostrado em palco ou a que o realizador nunca teria acesso.
Tânia (a Mãe dos Portugueses), antiga trabalhadora das fábricas, está agora casada com um inglês e lidera uma rede de contratação de mão-de-obra barata vinda de Portugal para trabalhar nas fábricas de peru da região. Numa região com uma das taxas mais altas de desemprego do Reino Unido (onde o voto Leave teve mais de 70%), Tânia vive da exploração dos emigrantes que instala nos decadentes hotéis da marginal (pertencentes ao pai do seu marido) na esperança de um dia vir a adquirir cidadania inglesa e deixar o negócio de alojamento dos imigrantes, transformando os hotéis do seu marido em residências paracidadãos seniores.
O filme é protagonizado por Beatriz Batarda, Kris Hitchen, Robert Elliot, Romeu Runa, Nuno Lopes, Rita Cabaço, Hugo Bentes e a população de Great Yarmouth.
Figuras Provisórias (ou em inglês Provisional Figures) é a denominação dada em estudos estatísticos a todos os imigrantes numa situação indefinida ou provisória presentemente a trabalhar no Reino Unido.
Nayola, a primeira longa-metragem de animação do realizador e produtor José Miguel Ribeiro, chega aos cinemas portugueses a 13 de abril.
Com argumento de Virgílio Almeida, a partir de uma peça de teatro de José Eduardo Agualusa e Mia Couto, a narrativa decorre entre 1995 e 2011, entre o final da guerra civil de Angola e os primeiros anos de paz no país.
Três gerações de mulheres: Lelena (a avó), Nayola (a filha) e Luana (a neta) flageladas pela guerra civil. A imaginação de uma órfã reinventa a mãe como heroína nas folhas de um diário onde despontam, encadeiam e se desfazem memórias e máscaras, utopias e crueldades, realidade e magia. Um amor suspenso, uma busca temerária num cenário bélico, um remorso dilacerante, uma viagem iniciática. No final, um reencontro trágico em tempo de paz, num país em metamorfose, grávido de esperança.
O filme conta com as vozes de Elisângela Rita, Catarina André, Vitória Adelino Dias Soares, Marinela Furtado Veloso e Feliciana Délcia Guia.
Nayola é destinado a um público adulto, sendo uma combinação de 70% em animação e 30% em imagem real.
Estreou em junho do ano passado Festival de Annecy e recebeu o prémio do público como melhor filme de ficção internacional na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Sombras Brancas, uma produção David & Golias baseada no livro “De profundis, valsa lenta”, do escritor José Cardoso Pires, chega às salas de cinema a 20 de Abril de 2023.
Realizado por Fernando Vendrell, o filme conta com Rui Morisson e Natália Luiza nos papéis principais e com as participações de Ana Lopes, Rafael Gomes, Maria João Bastos, Soraia Chaves, Gonçalo Waddington e, o actor que partiu recentemente deixando-nos com esta última participação no cinema, Rogério Samora.
Aos 71 anos, José Cardoso Pires sofreu um acidente vascular cerebral, perdendo a capacidade de se relacionar com o mundo e de reconhecer ou sequer articular palavras. Lugares, situações e personagens passaram a fundir-se numa mistura entre a vida real, a ficção e a sua memória, num mundo luminoso e quase sem sombras.
João Arrais, Anabela Moreira, André Cabral e Leonor Silveira regressam ao grande ecrã em Nação Valente, um filme que invoca os fantasmas do passado colonial angolano.
A história começa em 1974, apenas um ano antes da independência do país após séculos de domínio português. Portugueses e seus descendentes estão a fugir do país enquanto os revolucionários angolanos reclamam gradualmente a sua terra de volta. Uma rapariga mumuíla descobre o amor e o perigo quando o seu caminho se cruza com o de um militar português. Por outro lado, um grupo de soldados, completamente isolados do mundo exterior, cumpre cegamente as ordens brutais do seu comandante, em nome do serviço à Pátria.
Nação Valente é a segunda longa-metragem do realizador luso-angolano Carlos Conceição, que estreou no Festival Internacional de Cinema de Locarno 2022, onde recebeu o Prémio Europa Cinemas, atribuído ao melhor filme europeu, e o Prémio do Júri Jovem. Desde então o filme tem sido exibido em inúmeros festivais internacionais.
Estreia nas salas de cinema portuguesas a 20 de abril.
Já Nada Sei é o mais recente filme de Luís Diogo (Pecado Fatal) e chaga aos cinemas a 27 de abril, depois de ter conquistado o Prémio Melhor Filme Estrangeiro no Alameda Film Festival na Califórnia.
O filme conta a história de Ricardo e Ana, escolhidos para um documentário sobre casais. Durante 15 dias a equipa do documentário regista depoimentos do casal, de amigos, familiares e colegas. O problema é que Ricardo se quer separar há já algum tempo, mas não tem coragem de o fazer. Este documentário obriga-o a refletir sobre a relação.
Duarte Miguel, Ana Aleixo Lopes e Sucie Filipe interpretam os papéis principais. O elenco conta ainda com Eric da Silva, Carolina Pavão, Rui Oliveira, Miguel Meira, Fábio A. Costa, Carlos Moreira, Valdemar Santos, Soraia Sousa e as participações especiais de Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira. O filme foi produzido por António Costa Valente e Luís Diogo.
A 4 de maio está previsto chegar aos cinemas a animação Os Demónios do Meu Avô, de Nuno Beato.
Estreado no festival francês de Annecy, a longa-metragem Os Demónios do Meu Avô conta a história de uma mulher que ruma à aldeia do avô para se reencontrar com o passado familiar.
A história, escrita por Possidónio Cachapa e Cristina Pinheiro a partir de uma ideia de Nuno Beato, decorre numa aldeia imaginária em Vale do Sarronco, povoada de humanos, animais e seres fantásticos inspirados no universo da ceramista Rosa Ramalho.
O filme resulta de uma coprodução com França e Espanha, estando actualmente nomeado na categoria de Melhor Filme de Animação dos prémios espanhóis de cinema Goya.
A 11 de maio estreiam os dois novos filmes de João Canijo, Mal Viver e Viver Mal.
Mal Viver é a história de uma família de várias mulheres de diferentes gerações, que arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e o rancor, que a chegada inesperada de uma neta vem abalar, no tempo de um fim de semana.
Em paralelo, em Viver Mal três grupos de hóspedes do hotel – um casal à beira da separação; uma mãe que encoraja o casamento da filha, para poder manter uma relação clandestina com o seu marido; outra mãe que impede a filha de ser feliz, ao projectar-se nela e assim anular a sua vida – são o espelho, o negativo, do primeiro filme.
Os filmes reúnem no elenco nomes como: Anabela Moreira, Rita Blanco, Madalena Almeida, Cleia Almeida e Vera Barreto (Mal Viver); e Nuno Lopes e Filipa Areosa, Leonor Silveira, Rafael Morais, Lia Carvalho, Beatriz Batarda, Leonor Vasconcelos e Carolina Amaral (Viver Mal).
A estreia mundial dos filmes acontecerá no Festival Internacional de Cinema de Berlim, onde serão projectados na Competição Encounters. É inédito o mesmo realizador apresentar dois filmes nas principais competições do festival.
O filme performativo Super Natural fala e escuta, interfere e procura quem está à sua frente. A sua vontade é a de sair da tela para ver e escutar quem o olha, mas também para ser cheirado e visto para lá do que se vê. Nisto é como a voz ou a razão, a estética ou a culinária humana, ou seja, é um modo de sair da prisão das contingências “naturais” focando a atenção na atividade da própria experiência. É a saída do corpo, de todos os corpos, sobretudo do próprio. É como um super-poder e neste movimento, concentra-se na imagem, uma existência sensível com a qual se pretende falar.
Com argumento de Jorge Jácome, André E. Teodósio e José Maria Vieira Mendes, Super Natural é um objecto artístico protagonizado pelos intérpretes da companhia Dançando com a Diferença, actuando em espaços naturais e urbanos exuberantes na ilha da Madeira.
Jorge Jácome explicou, em entrevista à imprensa portuguesa, que o filme começou por ser um projeto de um espetáculo de palco do Teatro Praga com a associação madeirense de arte inclusiva Dançando com a Diferença, para se estrear em 2020, não tivesse acontecido uma pandemia.
Super Natural foi distinguida com o Prémio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci) e venceu o prémio da crítica do 72.º Festival de Cinema de Berlim, entre outras distinções. Super Natural chega aos cinemas 1 de junho.
Depois do mais recente filme de Susana Nobre, Cidade Rabat, ter estreado na 73ª edição do Festival de Cinema de Berlim, a 22 de junho chega aos cinemas portugueses.
Cidade Rabat conta a história de Helena, interpretada pela atriz Raquel Castro, uma mulher de 40 anos que acaba de perder a sua mãe. O luto de Helena, na relação por vezes vertiginosa com o seu quotidiano, ganha um significado e valor inesperados.
Helena tem quarenta anos e uma filha com doze anos chamada Maria com quem vive, em semanas alternadas com o pai. Helena trabalha como produtora de cinema e sente-se reprimida pelo quotidiano burocrático das suas funções. Após a morte da sua mãe, Helena é atingida por um sentimento de orfandade enegrecido pelo ambiente de morbidade que a envolveu nos últimos tempos. Esse olhar tocado pelas misérias e tristezas do mundo, na equidistância em que se encontra entre o princípio e o fim da vida, provocam em Helena o despertar de uma segunda adolescência.
O elenco de Cidade Rabat inclui ainda Paula Bárcia, Paula Só, Sara de Castro e Laura Afonso.
No calendário de estreias para o segundo semestre de 2023, estão reservadas as datas de 3 de agosto e de 14 de dezembro para a estreia de dois títulos portugueses. São filmes com capacidade de prenderem a atenção da generalidade dos espectadores! Com curiosidade?
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.