Cinema: MOTELx 2018 – Curtas Internacionais (Parte II)
Depois de introduzidas as primeiras 5 curtas internacionais selecionadas para exibição no MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. eis que destacamos mais 5 curtas que não podem perder!
Hairwolf, de Mariama Diallo
O terror e os seus sub-géneros dão uma liberdade um bocadinho maior versus outros géneros de abordarem ou parodiarem certos temas actuais duma forma casual mas com uma mensagem séria. É aqui que entra Marima Diallo com Hairwolf.
Quando uma rapariga negra regressa ao salão de cabeleireiro da sua amiga, estas defendem-se dum novo perigo: mulheres brancas, com o objectivo de sugar a alma da cultura negra.
Os chamamentos constantes para fazerem rastas é um dos sintomas iniciais, enquanto que descobrem mais detalhes de como estas raparigas funcionam.
Há um tom sério na paródia em como a apropriação da cultura negra é uma constante, que vão desde da forma que se exibem nas redes sociais, a outros estereótipos da típica white girl.
A história é também parodiada do outro lado, com uma vítima a agir de forma diferente.
Quando a comédia bate nos tempos certos, o tema é levado com uma seriedade adequada mas com muito espaço para fazer pouco da sociedade em que vivemos.
Nota Final: 9/10
[ad#artigo]
Helsinki Mansplaining Massacre, de Ilja Rautsi
Todos sabemos que o conceito de mansplaining pode enfurecer qualquer mulher, mas é levado aqui a um caso extremo quando uma mulher decide lutar contra todas as tentativas e fere os egos frágeis dos homens.
No entanto, a narrativa não corre de forma tão fluída quanto se gostaria, optando então por uma abordagem mais europeia.
Mesmo não correndo tão bem ao inicio, mais perto do fim somos brindados com algumas piadas e muito gore.
Um rapaz é deixado sozinho em casa, à espera da mãe, enquanto uma ameaça antinatural devasta o mundo. É esta a história de Homesick, escrita e realizada por Samuel Goodwin.
Enquanto que o mais novo dedica-se à sua rotina diária, como limpar os móveis, aquecer a comida no microondas ou brincar com o seu robô favorito, há realmente uma história a ser contada através da solidão deste rapaz, algo que Goodwin faz e muito bem, ao deixar o espectador criar um laço com ele.
Há que admirar também a sua preparação para lidar com qualquer problema que surja, já que a qualquer momento podem entrar em sua casa.
Nota Final: 7/10
I Am The Doorway, de Simon Pearce
Inspirada no conto de Stephen King, este filme realizado por Simon Pearce conta a história de Arthur, um astronauta que foi na primeira missão espacial a orbitar o planeta Pluto.
Artur entretanto regressa à terra um homem mudado mentalmente, mas também fisicamente, ao ponto deste pensar que a mutação é um portal para uma invasão alienígena.
Enquanto que a realização é uma mistura de Stanley Kubrick e Christopher Nolan, a narrativa confronta a moralidade dum homem quebrado, com uma abordagem sem dramatização.
Nisto, a história de Arthur deixa-nos nas pontas dos pés à medida que vamos descobrindo as consequências da sua viagem no espaço e que afinal aquilo que desconhecemos talvez não seja tão amigável.
Nota Final: 9/10
It’s Tight, But It Hardly Chokes (Aprieta pero raramente ahoga), de David P. Sañudo
Daniel, como muitos de nós, é um jovem à procura dum emprego. Neste caso, tem uma oportunidade de tomar conta dum cão muito especial: Siegfried
Mas este cão é muito agressivo e se Daniel não seguir as instruções específicas, as consequências poderão ser fatais, pelo que o seu dono, Cosme, explica tudo em como proceder para fazer o seu trabalho de forma correcta e em segurança.
O absurdo da entrevista chega a pontos altos, mas o que vai tendo muita piada, rapidamente torna-se num caso sério dum psicopata que toma os nossos sentidos por assalto.
É utilizando o mínimo de recursos que a realização de David P. Sañudo traz um filme que deixa chocar até ao último momento. Pode ser que agora a juventude fique com medo de ir a entrevistas de emprego…
Nota Final: 8.5/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.