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Cinema: MOTELx 2018 – Resumo do 4º Dia (Parte II)

A continuação do quarto dia do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa incluiu um musical com zombies, um hospício assombrado e tecnologia futurista:

Anna and The Apocalypse, Reino Unido, 2017

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Sempre foi difícil misturar dois géneros distintos entre si, sobretudo algo como Terror e Musical. Sempre que foi feito, teve reacções mistas, mas muitos criaram um certo culto à volta deles, para melhor ou pior.

O escocês John McPhail trouxe ao mundo Anna and The Apocalypse, juntamente com um argumento dos seus amigos Alan McDonald e o falecido Ryan McHenry, que escreveu e realizou Zombie Musical, inspirando a longa-metragem.

Anna (Ella Hunt) é uma estudante do liceu que quer sair da monotonia e viajar até à Australia antes de ir para a faculdade. Mas dias antes do Natal, uma epidemia lançada pelo Mundo tornou toda a gente em zombies e assim começa a luta pela sobrevivência.

Agarrando num conceito já mais do que visto, McPhail traz uma nova vida ao sub-género ao misturar um musical, tornando assim num filme genuinamente divertido de se ver e cantar.

Com músicas originais, toda a narrativa de Anna e os seus amigos veem-se numa situação complicada – afinal há zombies por todo o lado prontos para os comer – mas há uma certa levidade quando vemos cabeças a saltar de corpos, e sangue por todo o lado que nos deixa apreciar todo o esplendor deste musical natalício.

Com piadas nos tempo certos, sangue e tripas por todo o lado e uma capacidade de pôr um sorriso na cara, Anna and The Apocalypse junta dois dos géneros mais apetecíveis e sai com um resultado final que certamente irá criar uma tradição de Natal para futuras gerações.

Nota Final: 9/10

Gonjiam: Haunted Asylum, Coreia do Sul, 2018

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O género de found footage, popularizado pelo Blair Witch ao virar do milénio, causou uma reviravolta no cinema de baixo orçamento. Desde então que das várias tentativas em recriar algo de qualidade nunca foram bem atingidas, mas em 2018 creio que posso dizer que Beom-sik Jeong acertou no alvo com este Gonjiam: Haunted Mansion.

Passado no tempo presente, onde a fama dos YouTubers já tem um peso considerável, um grupo de jovens dum canal chamado Horror Times decide ir visitar o asilo em busca de 1 milhão de visualizações da transmissão em directo.

O uso de câmaras GoPro e câmaras semi-profissionais dão um aspecto de genuinidade durante todo o filme, sendo que são utilizadas com vários ângulos, desde do foco às caras individuais, câmara de vigilância e outros.

É nesse registo que Gonjiam: Haunted Asylum mostra que com um bocadinho de imaginação e bons timings, o medo pode parecer muito real e de facto há diversos momentos em que sentimos aterrorizados inesperadamente. Aliás, há momentos em que o desespero é verdadeiramente real.

Enquanto que vamos torcendo pelas várias personagens no ecrã, seguindo cada um aos pares e individualmente, vamos também sentindo parte desta aventura onde o pressentimento que tudo irá acabar mal é inerente.

Outro aspecto muito positivo é o filme não recorrer a gimmicks para fazer a sua história, sobretudo do lado do gore, que mal aparece no filme. Há no entanto, outras cenas em que o desespero é verdadeiramente real e sente-se na pele.

Assim, Gonjiam: Haunted Mansion é um dos grandes filmes de terror a sair da Coreia do Sul, sendo ele o melhor episódio de sempre de Caçadores de Fantasmas, isto claro, se eles alguma vez tivessem encontrado algo.

Nota Final: 9/10

Upgrade, Estados Unidos da América, 2018

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Leigh Whannell. É um nome largamente associado à criação da saga Saw, que em 2004 mudou o género de terror moderno para novas alturas com os vários jogos de Jigsaw. Até hoje, só realizou dois filmes: o terceiro capítulo de Insidious e este Upgrade. Para todos os efeitos, este projecto de sci-fi é a verdadeira estreia de Whannell como realizador, um projecto que também escreveu.

Este conto de vingança vê Grey Trace (Logan Marshall-Green), um homem “à moda antiga” num mundo futurista, que vê a sua mulher, Asha, morta num assassinato. Grey é deixado tetraplégico, sem funções motoras, mas existe uma salvação. Pela mão dum magnata científico, Eron Keen (Harrison Gilbertson), criador dum chip revolucionário chamado STEM, Grey é capaz de voltar a andar, mas acima de tudo, vingar-se de quem matou a sua mulher.

Grey é céptico quando o STEM começa a falar com ele (pela voz de Simon Maiden), interagindo com alguns dos melhores diálogos entre homem e máquina, criando assim uma dinâmica natural entre ambos. Afinal, é o STEM que permite que Grey seja melhor que como era antes do acidente fatal.

Do outro lado, o compromisso entre ambos também dão azo a cenas onde a moralidade é questionável, sobretudo nesta missão vingativa em que os corpos vão caindo um a um.

A cidade, apesar de futurista, é muito semelhante à actual fora alguns detalhes importantes como carros que se conduzem sozinhos ou drones de vigilância. Esse aspecto dá uma proximidade com o estado actual do mundo em que vivemos hoje.

Tudo isto contribui positivamente para o mundo de Upgrade, sejam as personagens secundárias que põem em questão a nova vida de Grey, ou Eron que tem um interesse próprio em o mundo não saber aquilo que fez. São estes os momentos de conflito que dão ao filme mais do que apenas uma narrativa tradicional, às quais se juntam algumas cenas de lutas muito bem coreografadas e violência extrema, como se poderia esperar.

A ideia da tecnologia biológica ou como quem diz, melhoramentos, não é nova na cultura-pop, como é o exemplo dos jogos Deus Ex que abordam o tema de forma vasta. Mas é em Upgrade que vemos um caso hipotético em acção, tornando-se assim numa obra que pode muito bem ser o Robocop dos dias de hoje.

Nota Final: 8/10

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