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Cinema: Crítica – Zona de Perigo (2022)

Zona de Perigo – uma cronologia do impacto do 11 de Setembro e da Guerra ao Terror em forma de filme de ação.

Um filme que surpreende a nível temático, mas que em outros aspectos (talvez mais importantes, já que se trata de um filme de ação) fica-se pelo competente. Não deixa de ser uma surpresa tendo em conta que é um filme lista B.

Nem tudo o que parece, é. E o que à primeira vista parecia ser um filme absolutamente, inegavelmente, genérico da segunda divisão de Hollywood, afinal não é assim tão devoto de significado e de qualidade. O filme parece até admitir que o espectador médio o subestima e que está com baixas expectativas, porque muitos dos defeitos iniciais do filme, todos eles característicos de filmes de ação menos bons. São no final desvendados como virtudes, que revelam a presença de uma inegável esperteza. É suficiente para fazer do filme algo muito bom, ou até mesmo excelente? Não, não é. Mas é o suficiente para não descartá-lo.

Zona de Perigo

O filme começa com as imagens de um ataque terrorista num hospital em Istambul, neste hospital estavam o filho e a mulher de Abby Trent, interpretada por Michelle Monaghan, agente da CIA, destacada numa base altamente secreta do tipo Black Site (que é o título original do filme), com o nome de código Citadel, que é a sede da Aliança dos 5 Olhos, um pacto militar constituído por países anglófonos (mais Israel). Black Sites, na vida real e no filme, são prisões clandestinas, onde os prisioneiros, muitos deles terroristas, não têm qualquer recurso legal e nem sequer foram acusados de qualquer crime. 

O filme só começa verdadeiramente, quando um dos terroristas mais procurados do mundo, Hatchet, é apanhado e trazido para a Citadel para interrogatório. Segundo a investigação de Abby, Hatchet esteve envolvido no ataque ao hospital que matou a sua família, e por isso, mais do que tudo, ela quer interrogá-lo. Mas quando Hatchet consegue escapar da cela onde estava a ser interrogado e liberta os outros prisioneiros, os soldados a que nós fomos apresentados na primeira parte do filme começam a morrer um a um, enquanto perseguem Hatchet na base labiríntica.

Zona de Perigo

Comecemos por aí, a tal perseguição, o suposto thriller, a suposta ação que é nos proporcionada devagarinho, em baixas quantidades, e que não nos faz ficar… thrilled. Essa é a maior falha do filme. Não aproveitar as tensões entre os personagens, o countdown, a utilização de clichês em demasia (o que torna o filme previsível), e não usar o décor labiríntico a seu favor (a realizadora, Sophia Banks, parece não ter aprendido nenhuma lição de Die Hard), são erros que retiram impacto ao filme.

A força do filme está ancorada num “plot twist” que também é um theme twist. Ora, inicialmente, o filme parece estar vinte anos atrasado, já que parece ser um filme genérico sobre a War on Terror, quando já ninguém quer saber. Mas isso é porque o filme vai-nos contando a história dessa guerra, à medida que vai contando a história do luto de Abby. O filme começa com um ataque terrorista, que faz Abby se sentir ainda mais motivada para combater o terrorismo. Numa das primeiras cenas dentro da Citadel, vemos os terroristas presos e um “interrogatório” de forma gloriosa. Depois, outra vitória, mais um terrorista (o mais importante de todos) preso. Urra! Mas agora a tortura não é mostrada como algo de bom. E, ups, o terrorista liberta-se e agora está dentro da base, a matar os membros da Aliança um a um. Até que Abby fica completamente sozinha, e descobre que afinal, [Alerta de Spoiler]

Hatchet também é uma espécie de agente americano. Abby segue em frente, inabalada pela traição do próprio governo, já que para ela a batalha continua, mas só que com um inimigo diferente.

O filme dependendo da pessoa, tem um significado diferente, mas com certeza é coerente para todos nós, independentemente da opinião de cada um sobre a Guerra ao Terror. O final não é ambíguo, a interpretação é que pode ser. Abby sabe perfeitamente o que fazer após descobrir “a verdade”, o filme termina com a pergunta: E nós?

3/4 – Estrelas

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