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Cinema: Crítica – The Substance

Depois de estrear Vendeta em 2017, Coralie Fargeat chega ao MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa com o body horror The Substance.

Foi em 2017 que Coralie Fargeat se apresentou ao mundo com uma das cineastas contemporâneas mais ousadas da Europa, com Vendeta – ao lado de Julia Ducournau. O seu mais recente filme, The Substance, vê a realizadora enveredar pelo body horror por uma visão feminista, que certamente será memorável.

Conhecemos Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma mulher cujo estrelato num programa de televisão de exercícios aeróbicos está em declínio, à medida que fica mais velha. A produtora, acaba por lhe forçar a uma reforma antecipada, até que esta descobre uma empresa que oferece a possibilidade de criar uma nova versão de si, mais nova e mais bonita, através de um programa medicinal ortodoxo chamado The Substance. Após tomar, nasce Sue (Margaret Qualley), cuja existência tem que ser trocada ao fim de sete dias, sem excepção. Mas acontece que Sue nem sempre joga pela regras, ao ver que a sua popularidade gritante se torna numa prioridade inegável, causando na partilha da vida com Elisabeth.

O que poderia ter saído directamente de um argumento do pai ou filho Cronenberg, existe o que é potencialmente a nova vida do que o body horror tem tanto necessitado nesta era moderna do cinema de género, e Fargeat arrisca tudo para colocar o seu nome, e o seu talento, à frente. Ao longo de quase duas horas e meia, a realizadora leva-nos numa viagem feminista que aborda um enorme leque de temáticas sensíveis, desde misoginia, a dismorfia corporal, e claro, às medicinas experimentais que prometem resultados imediatos; tudo amplificado para causar choque e horror.

De facto, o mais chocante é mesmo a visceralidade das agulhas, do sangue e gore que é nos apresentado, causando tantos arrepios como absoluto nojo, quase de uma forma sadística. É uma realidade que Fargeat atira para os nossos olhos e força-nos a reflectir, com uma violência física e psicológica como nenhum realizador o faz hoje.

Esta ousadia cinematográfica não seria capaz se não fosse pela colaboração com Moore e Qualley – a primeira é considerada uma das atrizes mais bonitas do mundo desde da sua aparição em Hollywood, e a segunda é vista como uma das mais interessantes actrizes da actualidade – que aqui encaixam numa relação puramente simbiótica e mesmerizante, numa obra que irá permanecer na mente muito depois de termos visto.

Assim, The Substance continua uma jornada emocionante da revitalização do body horror moderno, oferecendo uma perspectiva fresca e genuinamente impactante, deixando uma impressão muito permanente em quem vir. Estamos garantidamente perante mais um futuro clássico de culto, que sem dúvida será estudado nas próximas décadas.

Nota Final: 9/10

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