Cinema: Crítica – Spiral: O Novo Capítulo de Saw
Como o título sugere, Spiral: O Novo Capítulo de Saw, o primeiro filme na saga de terror desde Jigsaw: O Legado de Saw e nono de toda a franquia, opta por uma abordagem ligeiramente diferente.
Embora quase todos os filmes anteriores envolvessem um ou dois agentes no encalço de Jigsaw, aqui temos um filme policial em primeiro lugar, sendo que o terror macabro fica para segundo plano.
O protagonista (e produtor) da película é Chris Rock, que faz de Zeke Banks, um detetive que, anos antes dos eventos deste filme, testemunhou contra um agente que alvejou uma testemunha, ganhando a reputação de ser um bufo e tornando-o indesejado num departamento repleto de polícias corruptos. Quando um novo Jigsaw começa a matar esses mesmos polícias de uma forma incrivelmente doentia, Zeke vê-se envolto num caso do qual preferia ficar afastado.
Após oito filmes, a fórmula Saw precisava urgentemente de uma reformulação e Rock faz um ótimo trabalho ao sair da sua zona de conforto. Embora Spiral esteja estruturado de forma diferente dos seus antecessores, mantém a essência graças ao regresso do realizador veterano da saga Darren Lynn Bousman (Saw II, III e IV), sendo que existe uma continudade visual a ligar Spiral ao passado do franchise.
No entanto, esquecendo estas semelhanças estéticas, pouco mais permite estabelecer uma ligação entre Spiral e os Saw do antigamente. É verdade que as principais características marcantes estão todas aqui, as armadilhas, o imitador com a máscara do porco e as vítimas que tomam decisões que traçam o seu destino. Não obstante, poderia tratar-se da obra de qualquer serial killer obcecado com polícias corruptos. A película nunca oferece uma razão convincente para que o assassino assuma o legado de Jigsaw. Em retrospetiva, um reboot com uma nova personagem teria feito muito mais sentido, embora provavelmente fosse bem menos rentável, o que terá motivado esta decisão.
Muitas cenas são elevadas consideravelmente devido à presença de Samuel L. Jackson como pai de Zeke e antigo comandante da Polícia, trazendo o seu forte carisma e as suas características one-liners que servem de contraponto à seriedade e tom geral do filme. O único problema é que Jackson tem muito pouco tempo de ecrã e o desperdício do seu talento prejudica as expectativas que a presença de um ator tão carismático cria nos espectadores.
Spiral: O Novo Capítulo de Saw traz de volta ao ecrã as elaboradas armadilhas mortíferas tão queridas dos fãs mais acérrimos, sendo um filme que, embora tente reinventar um pouco a saga com um renovado leque de atores e uma abordagem mais séria (um pouco à semelhança de Sete Pecados Mortais), acaba por se revelar frustrante ao dar maior ênfase aos agentes da polícia e menos ao assassino e às suas motivações retorcidas que, a par das mortes e torturas sangrentas e visceralmente explícitas, eram o principal chamariz dos melhores filmes Saw.
Nota Final: 5/10
Apaixonado desde sempre pela Sétima Arte e com um entusiasmo pelo gaming, que virou profissão.