Cinema: Crítica – Ricki e os Flash (2015)
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Imaginem a “The Entertainer” do Scott Joplin a tocar, ou com um nome mais bonito, o tema de The Sting.
Não, não é esse Sting. Não, também não é esse. O filme, estou a falar do filme!
Ok? Aqui vai então…
The Players:
Diablo Cody – Lemont, Illinois. Argumentista, 37.
Para muitos a palavra “Diablo” não poderia ser a mais adequada enquanto outros a consideram uma das vozes mais originais do cinema americano desde 2007 quando se estreou com Juno ( ou como eu o gosto de chamar…Aquele em que preciso de um dicionário para perceber o diálogo).
Jonathan Demme – Baldwin, New York. Realizador, 71.
Graduado por excelência da escola Roger Corman, o seu nome esteve associado a vários women-in-prison films como The Hot Box e Caged Heat (a sua estreia na realização), nos anos 70.
Destacou-se nos anos 80 com comédias como Melvin and Howard e Something Wild e entrou para o Mt. Rushmore dos anos 90 com The Silence of the Lambs e Philadelphia.
Meryl Streep – Summit, New Jersey. Actriz, 66.
Não existe muito para dizer aqui, mas se significar alguma coisa, é a actriz com mais nomeações na Academia com um record de 19, com 3 delas no bolso.
Por curiosidade, a nomeação de 1999 foi por Music of the Heart – um raro registo para Wes Craven (sim, isto foi uma desculpa para escrever aqui o seu nome).
Reúne-se aqui com Demme depois do seu remake de The Manchurian Candidate.
The Set-Up:
Ricki Randazzo (Streep) abandonou a sua família na esperança de concretizar os seus sonhos através da música.
Agora, anos mais tarde, e a balançar um trabalho num supermercado e um gig musical com a sua banda de covers num bar californiano, Ricki é convidada a voltar para o Indiana pelo ex-marido (Kevin Kline) para ajudar a sua filha Julie (Mamie Gummer) após uma tentativa de suícidio…
The Tale:
Esta é uma daquelas críticas (vamos utilizar se calhar metade do termo) em que practicamente já está tudo dito quando se escreve um nome em particular. Sei que pode parecer um cop out e sei que já o escrevi antes, mas se Diablo Cody vos penetra o cérebro de forma positiva então sejam bem-vindos a mais uma viagem!
Se o efeito for o de um Michael Ironside a rebentar-vos (recebi como sugestão automática “rebentar avós”, já agora) os neurónios num pesadelo Cronenbergiano então esqueçam e passem para o próximo.
Não podemos negar que Cody tem uma escrita singular e reconhecível à distância, tal e qual como argumentistas tão diferentes como Shane Black e David Mamet, independentemente do como cada um a qualifique e embora não num estilo tão abrasivo como em Juno, o diálogo aqui pode levar a eventuais eyerolls e o ocasional “Oh, c’mon!” mental – em especial numa cena em família num (adivinharam!) restaurante.
O que também não posso negar é que fiquei entretido por Ricki, pelos seus problemas, pelo resto da família e que me diverti com um belo conjunto de cenas (o elemento em comum em muitas delas é Kevin Kline).
E, sim, Meryl Streep carrega uma boa percentagem do filme com uma perfomance que merece muitos dos adjectivos que Meryl Streep costuma receber quando decide deixar de ser Meryl Streep para ser uma outra personagem qualquer que não Meryl Streep. Mas sabem, é apenas um outro dia na vida de Meryl Streep. Só para que não se esqueçam, o nome dela é Meryl Streep.
E claro que ela tem uma excelente química com Kevin Kline! Quero dizer, não se lembram do Sophie’s Choice? Aquele filme em que Streep é uma mãe e que tem de fazer uma decisão difícil. Como assim, “Qual deles?”.
Rick Springfield continua o seu comeback após ter sido Mickey Rourke na segunda temporada de True Detective, como Greg, o actual namorado de Ricki e guitarrista dos Flash, conseguindo roubar um grande momento a Streep numa pequena grande cena. Mesmo assim, sempre preferi o Dick Shelbyville e ele sim, merece ainda mais o seu comeback.
Entre a inevitabilidade e a previsibilidade está o final do filme – para o qual não precisamos de um par de binóculos para ver onde e como é que acaba (até ao mais pequeno detalhe como os créditos finais). Bom ou mau? Vocês decidam…
The Finale:
Um último desabafo. Eu sei que os Ricki e os Flash são suposto serem uma banda de covers de bar, mas não poderia ter sido escolhida uma lista muito mais interessante e heavy? Eles chegam a tocar Pink, por amor de Dio! Acho que já percebemos o porquê de estarem num bar e não a esgotarem Madison Square Garden.
Ricki e os Flash não vai ser o filme favorito do ano de muita gente, e certamente não é dos melhores de Jonathan Demme (digam o que disserem, eu gostei do Marky Mark a ser o Cary Grant) ou de Diablo Cody – mas é uma agradável companhia durante quase duas horas, com um elenco a funcionar e alguns bons momentos. Mas não, não quero ouvir os Greatest Hits.