Cinema: Crítica – O Urso do Pó Branco (2023)
Há acontecimentos no mundo que parecem demasiado absurdos para serem verdade. Uma dela é a história de Pablo Eskobear, um urso pardo que morreu de uma overdose de cocaína em 1985, tendo o pobre animal encontrado sacos cheios de droga, atiradas por traficantes de droga de um avião. É uma história que é triste na vida real, mas ouro para Hollywood, com Elizabeth Banks a realizar e adaptar de forma livre aquilo que aconteceu, em O Urso do Pó Branco.
Pegando na mesma premissa base, um urso pardo está a aterrorizar as pessoas que duma floresta, desta vez no estado de Georgia. Enquanto isso, os traficantes de droga locais, Daveed (O’Shea Jackson Jr.), Syd Dentwood (Ray Liotta, num dos seus últimos filmes antes do seu falecimento) e Eddie Dentwood (Alden Ehrenreich) ; juntamente com Sari (Keri Russell), uma mãe desesperada em busca da filha, que fugiu de casa para pintar a natureza, estes vêem-se entre a vida e a morte de um urso completamente alterado e famito de pó branco.
Enquanto que na vida real não há evidência que o urso tenha morto ou ferido alguém devido ao consumo excessivo de cocaína, a versão do filme, feita inteiramente num CGI maioritariamente realista, não deixa ninguém impedir a sua jornada. É uma aventura impressionante, que nos cativa com a sua absurdez, e leva-nos numa viagem hilariante e com muita boa disposição.
Há muito para apreciar em O Urso do Pó Branco, desde das várias personagens, cada uma com um motivo de estar nesta situação, como também há uma abordagem bastante empática à motivação assassina deste urso inocente, apanhado no meio de uma das maiores trips da sua vida. Mesmo havendo uma linha narrativa base, são frequentes os momentos isolados que parecem skits cómicos que envolvam um urso drogado, ou qualquer uma das outras personagens, podendo o filme ser visto como uma espécie de colectânea, de alguma forma.
Entre o caos e a comédia está um filme capaz de entreter de forma eficiente, sem ir muito para além da confusão que causa na sua jornada, entre o pobre urso, e as suas vítimas potencialmente mortais. É certo que para alguns, esta exploração de um acontecimento infeliz de um animal inocente poderá aparentar ser de mau gosto, mas Banks aqui faz questão em demonstrar o urso também como uma vítima da estupidez de terceiros, focando assim na intenções das restantes personagens apanhadas no meio disto tudo.
Assim, O Urso do Pó Branco é uma obra que remete para os gloriosos filmes dos anos 80, onde tudo pode acontecer, com uma premissa absurda e piadas que reflectem o ridículo de uma situação real para aqueles que se encontram no meio da floresta, à espera de serem apanhados pelo urso.
Nota Final: 8/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.