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Cinema: Crítica – O Espião Inglês

A vida banal de Greville Wynne (Benedict Cumberbatch), um simples homem de negócios a viver em Londres, sofre uma reviravolta inesperada após ser interpelado por dois agentes secretos da CIA e do MI6, que o convidam para fazer parte de uma perigosa missão secreta em território russo.

Sob as ordens de Sua Majestade, o homem terá de viajar até Moscovo para assistir a uma reunião de negócios com vários membros do gabinete do governo de Nikita Khrushchev, incluindo Oleg Penkovsky, um coronel de alto escalão ao serviço do Estado soviético. Alarmado com os planos do líder do partido comunista de iniciar um confronto nuclear entre as maiores potências mundiais, Penkovsky decidiu entrar em contacto com o governo britânico como informante para mantê-los a par de todos os movimentos e decisões do presidente.

É assim que Wynne se torna, da noite para o dia, uma peça chave de uma rede de espionagem que se estende desde Washington até à capital da União Soviética. O seu trabalho enquanto consultor de vendas dá-lhe um nível privilegiado de acesso ao Ironbark, o código secreto pelo qual o coronel é identificado, sem levantar muitas suspeitas entre os membros do KGB que monitorizam cuidadosamente as instalações do governo. Como mensageiro, o protagonista garantirá que as informações confidenciais chegam aos Estados Unidos e aos seus aliados a tempo de evitar que uma guerra nuclear catastrófica ecloda.

Baseado em acontecimentos verídicos, O Espião Inglês é um thriller elegante e bem executado que efetivamente coloca o espectador nos principais conflitos políticos e sociais da década de 1960. Realizado com engenho por Dominic Cooke (Na Praia de Chesil), o filme destaca-se pelas sólidas interpretações e pela forma como capta o medo e a incerteza que se vivia em todo o mundo no período da chamada Guerra Fria, perante a permanente ameaça de que uma guerra com armas atómicas pudesse acabar com a humanidade.

O ator britânico Benedict Cumberbatch impressiona graças à sua interpretação envolvente e fisicamente exigente, cujo impacto é verdadeiramente de partir o coração. Merab Ninidze faz um ótimo trabalho como informante da União Soviética que decide colocar a sua vida e a da sua família em risco para colocar-se do lado certo da História. Jessie Buckley e Rachel Brosnahan complementam o elenco do filme, esta última num papel completamente diferente do que estamos habituados a vê-la na série de televisão A Maravilhosa Sra. Maisel.

Ainda que a realização seja bastante sóbria e o trabalho do elenco competente gere uma atmosfera de cortar à faca, não há nada suficientemente diferente ou fora do vulgar, seja a nível narrativo ou técnico, para que o filme se distinga de outras produções do mesmo género. Trata-se de uma experiência que, embora altamente satisfatória, carece de momentos memoráveis ou transcendentes. O Espião Inglês é um drama louvável e repleto de intrigas sobre dois homens corajosos que procuram mudar o mundo e o curso da história através de uma missão arriscada, mas nobre.

Nota Final: 7/10

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