Cinema: Crítica – O Corvo
O que acontece quando refazem um clássico de culto para audiências modernas? Essa é a pergunta deixada no ar com o remake de O Corvo, protagonizado por Bill Skarsgård.
Quando O Corvo estreou em 1994, o filme já rodeado de tragédia, após a morte de Brandon Lee no set, este foi recebido de imediato como um filme de culto, tal como a obra da qual se baseia e, que por sua vez, também está ligada à tragédia pessoal do autor James O’Barr. É um filme, que durante 20 anos, permanece nos corações de toda uma geração, seja pelo estilo cinematográfico de Alex Proyas, seja pela incrível banda sonora, que conta com temas dos The Cure, Nine Inch Nails, The Jesus and Mary Chain, e muitos outros. Duas décadas depois, eis que chega ao grande ecrã o remake, realizado por Rupert Sanders.
Eric (Bill Skarsgård) é um rapaz que se encontra numa instituição mental, adaptando à sua rotina diária, e mantendo a sua saúde mental estável, este conhece Shelly (FKA twigs), uma rapariga em fuga, após testemunhar algo absolutamente diabólico. Estes acabam por se apaixonar e fugir juntos, começando uma nova vida, até que o passado de Shelly acaba por os apanhar aos dois. Movido pelo amor puro, Eric terá que se vingar perante aqueles lhes fizeram mal, acertando as contas entre o mundo dos vivos e dos mortos.
Durante quase duas horas, a narrativa desenrola-se a um ritmo apropriado, dando-nos tempo para nos relacionarmos com as personagens e as motivações das mesmas, enquanto constrói o universo negro que é tanto apreciado no material fonte. Mas há um sentimento constante que falta qualquer coisa, acabando tudo por descair em cenas de pura violência, uma vez estabelecido o ponto sem retorno. É um exercício interessante de captar exactamente quando isso acontece, e uma vez que pomos de parte qualquer lógica, torna-se muito mais fácil apreciar tudo o que O Corvo tem para oferecer.
Há um certo talento em fundir uma história de amor com uma história de vingança, a paixão é um motivador incrível para qualquer personagem, mesmo quando este é considerado um cliché narrativo. É por isso que é questionado o motivo pelo qual este remake existe. No fim de tudo, preza-se que felizmente não estamos perante de um remake ofensivo, tão longe do esperado que se torna obsceno; sendo mais uma actualização moderna para, sobretudo, novos públicos, mais próxima da geração Crepúsculo para a frente.
Com isto, O Corvo apresenta-nos apenas uma nova versão da clássica e adorada história, que não retira os misticismo do filme original, optando por apenas ser a sua respectiva versão moderna, respeitando o seu legado – mais do que as várias sequelas respeitaram na altura.
Nota Final: 6/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.