Cinema: Crítica – Nope (2022)
Jordan Peele é um nome que choca o cinema de terror moderno. Com uma mistura única dentro do género, a inclusão de afro-surrealismo e crítica social faz com que seja um realizador com uma visão muito particular no mundo.
No seu mais recente filme, Nope, Peele dá mais um passo em frente da sua carreira, estabelecendo assim a sua posição criativa.
Em Nope, conhecemos OJ Haywood (Daniel Kaluuya), um treinador de cavalos de Hollywood, que se vê no meio da bizarria com uma série de eventos intrigantes que mudam a sua vida, a da sua irmã Emerald (Keke Palmer) e da família de outro rancho, ao verem algo a sobrevoar no meio das nuvens. OJ e Em decidem fazer tudo para tentar capturar imagens do fenómeno, em busca da fama e dinheiro, mas a que custo?
Fica difícil falar mais da premissa de Nope sem revelar os seus detalhes e as reviravoltas que fazem parte do imaginário de Peele, oferecendo-nos uma perspectiva diferente, onde ninguém está a salvo. A forma que a narrativa se desenrola e interliga deixa-nos à beira do assento e a sustentar a respiração durante as pouco mais de duas horas, onde os vários fios da meada acabam por se mostrarem relevantes para a grande imagem.
Este terceiro filme de Peele também acaba por ser relativamente diferente das duas entradas anteriores.
Em Foge, vimos um homem negro no seu pior pesadelo; em Nós, vimos o que escondia o outro lado do espelho. Em Nope, acabamos por ver as reações provavelmente comuns a um evento muito específico, e muito credível.
Qualquer pessoa na mesma situação responderia “Nope, nem pensar” sem hesitação, e é nessa ligação com o espectador que está o grande encanto do filme. Este também é o filme menos focado no comentário social e mais na loucura que a realidade poderá ser.
Naturalmente, o elenco está a um nível superior que muitas obras, com Kaluuya a trabalhar novamente com Peele, e Palmer a contribuir muito para toda a relação fraternal, ao mesmo tempo que a presença de Brandon Perea, Steven Yeun e o grande Keith David, elevam o filme a um estatuto de culto,
Peele já tinha mencionado anteriormente que o seu grande objectivo como cineasta é recapturar o sentimento que o mesmo teve em mais novo quando via filmes, e existem muitas influências óbvias que demonstram o seu esforço e talento criativo, nesta mescla de géneros, que certamente irá satisfazer todo o tipo de fãs de cinema.
Assim, Nope é visto com bons olhos, num filme muito curioso, que expande o universo cinematográfico vinda da mente de Jordan Peele que prova que está para ficar, sem receio de arriscar e criar o seu próprio trilho, inspirado por outros grandes mestres de género.
Nota Final: 8/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.