Cinema: Crítica – M3GAN (2023)
Durante muitos anos, os filmes de terror que eram atirados para o inicio do ano, eram considerados como os filmes que os estúdios queriam despachar para os ecrãs rapidamente, e que muitas vezes eram de qualidade duvidosa, passando perfeitamente de despercebidos.
Mas em 2023, o panorama é muito diferente. Num ano em que podemos oficialmente dizer que estamos num regime normal desde do primeiro dia de calendário e os serviços de streaming que muito imploram pela nossa atenção, todos os meses do ano são bons para se lançar filmes potencialmente rentáveis e que mantêm o espectador feliz. M3GAN é exactamente isso que vem oferecer, às boas novas do ano no cinema.
Depois de perder os seus pais num acidente, Cady (Violet McGraw) vai viver com a sua tia Gemma (Allison Williams), que trabalha numa das maiores empresas de brinquedos do mundo. Esta faz uma descoberta, quando percebe que uma das suas invenções, M3GAN, tem ajudado Cady durante o seu tempo de luto, e prova que poderá ser uma aposta rentável, tornando-a na melhor boneca de sempre. Acontece que M3GAN tem outros planos para a sua existência.
O que poderia ter sido apenas mais um filme sobre bonecas assassinas, algo que ele tem muito, o facto de M3GAN integrar a tecnologia de forma intuitiva e natural no processo, acaba por dar um outro gosto ao filme. Sim, praticamente tudo o que acontece neste filme já foi recriado por outros bonecos com vontades homicidas, mas quase todos eram por motivos sobrenaturais. Tendo em conta que a inteligência artificial tem estado no centro de debate durante as últimas semanas, M3GAN é uma demonstração de um futuro possível e assustador.
Para um filme que poderia sair dos eixos e arriscar algo de novo, este acaba por jogar muito bem com a sua variação de o que é seguro, optando por explorar outros elementos, entre a violência quase extrema e gráfica q.b., com doses de comédia negra para acentuar a gravidade da invenção do futuro, com o terror que a boneca espalha na sua jornada. Por outro lado, o efeito caótico é contido para se desenrolar de forma gradual, à medida que vamos conhecendo como M3GAN funciona e das suas intenções.
No fim, M3GAN é o equivalente de Chucky, o Boneco Diabólico para a tal Gen-Z, podendo o filme facilmente ser considerado um clássico do terror daqui a 30-40 anos, quando a inteligência artificial já fizer parte do dia-a-dia e houver carros voadores. Até lá, é apenas um filme que garante uma dose de risos e alguns pequenos sustos na sala de cinema, e outros tantos quando percebermos que isto não será ficção científica durante muito tempo.
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.