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Cinema: Crítica – L’Empire

Bruno Dumont é uma das referências do cinema francês, que desta vez chega com um dos filmes mais avant-garde da sua carreira, com L’Empire.

Acompanhamos a vida de Jony (Brandon Vlieghe), um discípulo de uma das forças invasoras da Terra e pai do Anticristo, liderado por Belzébuth (Fabrice Luchini). Do outro lado está Jane (Anamaria Vartolomei), cuja invasão da Terra depende na derrota de Jony e das suas tropas, com ajuda de Rudy (Julien Manier), um aliado à causa. Tudo isto se passa na pitoresca cidade de Côte d’Opale, em França.

Desde inicio que rapidamente percebemos que estamos perante uma espécie de paródia europeia de Guerra das Estrelas; mais que não seja pelo uso de uma espada de luz, diferente o suficiente para evitar todo o tipo de problemas de direitos de autor, mas reconhecível o suficiente para estarmos todos na mesma página. A guerra do bom contra o mal é acompanhada com um humor seco, tipicamente francês, e que assume todas as suas decisões narrativas, por mais loucas, sexistas e racistas que possam ser: tudo vale. No meio, estamos nós humanos, completamente abstraídos de praticamente tudo o que estes seres alienígenas estão a fazer no nosso quintal.

É um filme divertido, e ainda que o orçamento não seja equivalente aos milhões de um blockbuster, Dumont faz muito com o que tem à mão, nem que seja improvisar algo só porque lhe soa engraçado na cabeça. Este último acaba por ser uma faca de dois gumes, podendo estar aberto um debate sobre se o realizador terá chegado ao seu limite na ousadia, deixando que a sua reputação chegue ao lado criativo, e cruzando algum tipo de linha imaginária, para além do que é considerado aceitável. É uma polarização que irá dividir espectadores, entre os fãs mais dedicados ao realizador, e os outros que verão L’Empire como uma sátira preguiçosa a algo muito amando pelo mundo.

É de valor destacar a continuação de Anamaria Vartolomei como uma das actrizes mais prolíficas do cinema francês, que após O Acontecimento de 2021, e que mais recentemente tem tido atenção com o filme Maria, estamos definitivamente perante uma actriz memorável e destemida a aceitar papéis fora da caixa.

Assim, L’Empire é mais uma obra com o selo de Bruno Dumont, que contém tudo aquilo que podemos contar do cineasta francês, ousando gozar com um dos conceitos mais rentáveis do mundo, e rir-se na cara, não só dos ditos Jedi e Sith, como de todos nós que viveríamos neste mundo de fantasia estrelar.

Nota: 7/10

Este filme foi visto durante a 21ª edição do IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema.

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