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Cinema: Crítica – Lady Bird: A Hora de Voar

Estreia no dia 8 de Março: Lady Bird, mas o Central Comics já o viu. O Desespero de ir estudar para longe, a vontade de ser bem sucedida, e tudo o resto que se mete no caminho.

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Lady BirdNeste filme conhecemos o mundo de acordo com Lady Bird McPherson (Saoirse Ronan), uma rapariga a acabar o secundário e a descobrir que a vida não é um mar de rosas. A Instabilidade financeira, as candidaturas à faculdade, os empregos de verão e os Namorados, tudo está contra Lady Bird.

É um “coming-of-age” como tantos outros, distingue-se pela fotografia e algumas circunstancias. Os actores mostram-se bons e compostos, tal qual o filme, mas esta mensagem já se ouviu tanta vez…

Existe uma inserção espacial bem sucedida, a equipa sabe como mostrar Sacramento, mas a inserção temporal é completamente irrelevante e nunca salta à vista. Somos assombrados por 2002 e 2003 única e exclusivamente pelos atentados ao world trade center, algo que Lady Bird calcula ser a razão pela qual os pais não a querem a estudar em Nova Iorque, ignorando assim todos os problemas financeiros e a absurda distância, mas nos Estados Unidos pode-se justificar ao falar de tradição, vida no polo universitário, e aquela verosimilhança à vida adulta. Ainda assim entre 2002 e 2018 nada mudava no filme… salvo talvez os telemóveis.

Lady BirdA minha principal queixa é o final do filme, não entrando em spoilers, senti-o abrupto, e sem qualquer pertinência face à história que vimos até esse ponto, uma conclusão instável.
Lady Bird pode ter aprendido uma lição… ou não.
É cedida uma enorme força à fé de Lady Bird e insinua-se que é por tornar-se boa Cristã que Lady Bird cresce… só que logo na segunda cena do filme vemos Lady Bird a investir o seu tempo na religião. Ela não muda nesta sua faceta, mantém-se igualmente crente, daí achar que o final estraga bastante um filme outrora bem conseguido. Não foram as palavras, atitudes ou ações, mas o que o filme usou para as justificar.

Mas com a fragilidade do final posta de parte, temos um plantel de atores que se mostram fantásticos tal qual os seus personagens, a passarem conflitos pertinentes e a falarem como gente a sério, não vemos no argumento palavras com floreados nem gestos exagerados, vemos pessoas que vai na volta existiram de alguma forma na vida de quem compôs a longa-metragem.

A banda sonora pouco ou nada faz, a fotografia compensa, dando os tons indicados a este Oeste Americano, bem acompanhada pela cenografia.

Lady BirdCom tudo isto assente vou tirar um parágrafo para abordar o elefante… O Filme tem um sub-enredo que aparece e desaparece sem explicação. Pode-se alegar que “na vida nem tudo é explicado”, mas honestamente é um argumento frágil. Na vida não há mutantes nem zombies, nos filmes há… sinto que nestas 3 cenas, que note-se em nada afetaram a história da protagonista, perdemos tempo sem andar nem desandar. Não aprendemos nada, nem ganhamos nada, passamos o filme a perguntar-nos se este momento ressurge e saímos da sala de cinema a pensar porque raios estas cenas ficaram no filme… Spin-off? Homenagem? Esqueceram-se de tirar? Obrigações contratuais? Frustrante…

Clichés flagrantes acompanhados de falas realistas, personagens minimamente tri-dimensionais e uma protagonista um pouco… mimada talvez? Birrenta? Não me levem a mal, é fácil gostar da Lady Bird, mas o seu objetivo é entrar numa faculdade, quando se compara a outros personagens no mesmo filme, e nos apercebemos do quanto ela se foca nos seus problemas e quanto ela ignora os dos outros, a forma como ela pinta os outros… enfim, Lady Bird não precisava de ser perfeita, mas quanto mais se analisa o filme mais se percebe o quão terrível esta rapariga consegue ser.

Acabo por assumir que no que toca a Óscares há concorrência de peso, não me sobra muita fé para Lady Bird mas talvez me surpreenda. Tal como The Post, este serve para apelar ao júri, não necessariamente ao público internacional.

6/10

-Henrique V.Correia


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