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Cinema: Crítica – Infinity Pool

Brandon Cronenberg, na sua curta filmografia e uma carreira de década e meia, define-se em fazer cinema que faz a diferença, que quer contribuir com algo único, que mais nenhum cineasta consegue fazer tão bem.

É uma carreira que ainda parece que está no início, mas olhando mais de perto, percebe que é um misto entre decisões deliberadas, e pura sorte naquilo que o mesmo quer fazer. A reputação de ser filho de quem é, também contribui para o misticismo perante as temáticas, mas Brandon desde logo que se demonstrou estar ao lado da sombra do seu, e não debaixo dela.

Quando Possessor foi lançado internacionalmente, o mundo fechou portas devido à pandemia, oferecendo uma segunda oportunidade para o cineasta abordar algo mais que queira fazer, trazendo-nos Infinity Pool.

Seguimos a vida de James Foster (Alexander Skarsgård), um escritor falhado, que se encontra num resort de luxo em Li Tolqa, com a sua mulher Em (Cleopatra Coleman). Por lá, James conhece uma das suas fãs, a belíssima Gabi Bauer (Mia Goth) e o seu marido Alban (Jalil Lespert). Numa noite de loucos, James acaba num acidente que muda drasticamente a sua vida, ao conhecer de perto a subcultura hedonista de La Tolqa, e a violência surreal que existe por lá.

Surreal é o nome do meio de todas as obras de Cronenberg, e Infinity Pool não muda absolutamente nada. Pelo contrário, assume ainda mais esse papel, com um filme que não deixa ninguém indiferente, à medida que vamos descobrindo as particularidades de La Tolqa e aquilo que fazem.

Por outro lado, as novas amizades de James também afectam esta surrealidade, demonstrando serem pessoas fundamentalistas perante um certo estilo de vida de loucos. Estes são os ingredientes perfeitos para uma obra que nos agarra pelos ombros, e nos senta, de olhos bem abertos para a tela, e absorver tudo aquilo que está a acontecer.

Se as ideias de Cronenberg, inspiradas por férias menos interessantes que cineasta viveu, criam a base narrativa do filme, é o elenco perfeito que faz acontecer a restante magia do cinema, com Skarsgård e Goth a terem o maior e mais impactante destaque na obra, encarnando as suas personagens a limites extremos, tudo em função de manter em linha a fantástica narrativa que interpretam.

Assim, Infinity Pool, efectivamente fecha o que esperamos ser a primeira de muitas trios perfeitos do cinema moderno, com Brandon Cronenberg a apresentar não só um dos seus filmes mais loucos, como este ser o mais cómico; juntando a perfeição da sua originalidade narrativa a um elenco que traz ao cima as personalidades mais alucinantes, culminando num filme inesquecível.

Nota Final: 9/10

Este filme foi visto no MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa.

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