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Cinema: Crítica – Guerra Civil

Alex Garland tem sido um nome que desperta a atenção de muitas pessoas amantes do cinema. Conhecido pelos seus argumentos colaborativos com Danny Boyle, como 28 Dias Depois e Missão Solar, foi a transição para a realização, com Ex Machina, que realmente definiu o cineasta como um dos criativos mais importantes da actualidade, passando também pela televisão com o brilhante Devs. Os seus filmes aparentam ter todos um enquadramento de crítica social, de algum modo deixando-nos questionar sobre a nossa realidade e aquilo que poderia ser num cenário a caminhar para o extremo. O seu mais recente filme, Guerra Civil, leva-nos mais uma vez a ponderar aquilo que vivemos actualmente e o quão próximos a realidade e a ficção está.

O filme acompanha Lee Smith (Kirsten Dunst) e Joel (Wagner Moura), dois jornalistas de guerra a cobrir a guerra civil norte-americana, num futuro não muito distante do nosso, com o país dividido em facções. Com o país literalmente de pernas para o ar, os jornalistas conhecem Jessie (Cailee Spaeny), uma jovem aspirante de fotografia, que acaba por os acompanhar na sua viagem atribulada por um Estados Unidos quebrado, ao lado de Sammy (Stephen McKinley Henderson), um jornalista veterano do The New York Times.

Este futuro distópico apresenta-nos um mundo liderado pela violência de uma guerra de crenças, pela independência dos estados com prioridades distintas, e que reflectem em muito daquilo que ouvimos e lemos diariamente na imprensa, amplificado dez vezes mais grave. A insurreição de 6 de Janeiro foi apenas uma amostra de uma possibilidade muito maior, e Garland não se acanha um único segundo em demonstrar o potencial de uma premonição. Acima de tudo, este é um filme que vai para além da guerra, nunca definindo quem são os bons e os maus neste cenário, focando a narrativa na equipa de jornalistas de guerra que acompanham os derrames de sangue em consequência das decisões políticas sob um presidente dos Estados Unidos nunca nomeado (Nick Offerman).

Frequentemente assustador, Garland consegue instalar um medo racional em menos de duas horas, oferecendo uma variedade de situações plausíveis de como a guerra civil poderia ser abordada, e com todas as personagens que fazem parte deste mundo quebrado, em ambos extremos do espectro de crença política. Felizmente, o elenco transmite de forma intensa toda a experiência que passa, com Dunst a ser o grande destaque da obra; enquanto Spaeny prova novamente que é uma estrela em ascensão. De igual forma, este filme aproveita tudo o que o formato IMAX tem para oferecer, seja a nível visual, seja sonoro, com toda a violência em grande esplendor.

Assim, Guerra Civil mostra-nos uma alternativa muito sombria de o que a vida poderá ser, num ano em que as eleições norte-americanas estão, no mínimo, tremidas. Alex Garland anunciou que este será, pelo menos por agora, o último filme na cadeira de realizador, focando nos argumentos; algo que é capaz de ser boa ideia, por este consegue idealizar conceitos em papel melhor que qualquer momento da sua realização.

Nota Final: 7/10

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